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023/06/26
I
Ó povo, desde as origens massacrado
No corpo e íntimo da tua essência,
Não entendo como ‘inda tens persistência
Com a alma e o corpo estropiado.
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Ó povo desde as origens massacrado
Cavalo de todo o poder, por excelência,
Reprimido no direito à desistência
Do dever à resistência usurpado.
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Ó triste povo, nasceste escravizado
Das margens do Eufrates até o Sudão,
Do Egeu até o mundo romanizado.
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Nas viagens das Américas ao Japão
Vês que em todos impérios és usado
Só como produtor, ou carne p’ra canhão.
II
Como será possível não ser solidário
Com o dolorido povo ucraniano
Quando um poder invisível, arbitrário
Irrompeu por suas casas, vento insano.
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Poder, esse, que se acha proprietário
De quantas riquezas há até o tutano
Da Terra. Povo, sobre elas sedentário,
Que passas sempre como colateral dano.
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Cobiçado na luta imperialista
Monopolista, uns usam a ilusão,
Outros querem-no pelo poder belicista,
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Mas no fundo têm a mesma intenção.
Manipulam-no porque ‘inda acredita
«Morrer pela Pátria, viver sem razão.»
Zé Onofre