4 – Sobre … A demissão de António Costa
Sobre a demissão do sr. primeiro ministro nada tenho a considerar, porque não tenho informação sobre os motivos que o levaram a tomar uma atitude tão radical, apesar de ter visto e ouvido vários noticiários, dos vários canais televisivos. Também li algumas linhas em blogues. Nem uns, nem outros me elucidaram objectiva e claramente, por uma razão muito simples – vinham carregadas de juízes de valor.
Que os autores de blogues o façam, não me espanta. Estes não têm um estatuto que os obriguem um código deontológico a cumprir porque não são jornalistas. Não se pede a estes que noticiem, porque os blogueiros, na sua grande maioria, escrevem opiniões sobre acontecimentos. Quem as lê pode, ou não, estar de acordo. Contudo, é direito de cada autor de um blogue divulgar livremente a sua visão do sucedido.
Já um jornalista, por muito que lhes doa e custe, não podem emitir a sua opinião devido à sua obrigação com o público – noticiar e informar claramente. Não é isso que se observa no dia-a-dia dos noticiários.
Num noticiário o jornalista de serviço anuncia o que já toda a gente sabe – O primeiro-ministro demitiu-se – agradeci muito ao sr. Jornalista, mas isso já eu sabia por o ter ouvido na esquina de uma rua.
Agora o porquê?
Nada x Nada.
Depois desta não notícia, vira-se para a direita, ou para a esquerda, e pergunta aos “comentadores” de serviço – E agora o que se segue?
Que dizem os doutos comentadores.
Não fazem o que deveriam fazer - era esclarecer o que determina a Constituição da República Portuguesa.
- O sr. Presidente da República ouve os partidos parlamentares.
- O sr. Presidente de seguida convoca o Conselho de Estado e ouve os Conselheiros.
- Ouvidos os partidos, os conselheiros de Estado, o sr. Presidente da República retira-se e reflecte sobre a decisão a tomar, que são duas possíveis
. Indica um novo primeiro-ministro dentro do quadro da presente Assembleia da República.
. Dissolve o Parlamento, convoca novas eleições legislativas para eleição de novos deputados.
Parêntesis – neste ponto ficaria muito bem aos senhores jornalistas e comentadores informarem o Exmº. Público, que nas eleições Legislativas os eleitores elegem deputados e nunca um primeiro-ministro. Que os dirigentes do PS e do PSD, embora estejam a enganar conscientemente os eleitores, o façam só mostram a seriedade com que tratam os eleitores durante a Campanha. Ora os senhores jornalista, enquanto jornalistas, têm o dever de informar e sublinhar, todas as vezes que falem sobre eleições legislativas, que o que está em causa é conquistar uma maioria de Deputados e não o lugar de Primeiro-ministro. Aliás se tivessem memória lembrariam o que se passou com o Governo minoritário do PS. Enquanto o PS, segundo partido mais votado, conseguiu uma maioria de Deputados que viabilizou que formasse Governo. Já o PSD, partido mais votado, não conseguiu convencer a maioria dos deputados a que o Sr. Passos Coelho formasse Governo. Tudo isto dentro do estritamente normalizado pela nossa Constituição. – Fim de parêntesis.
Esta deveria ser, na minha opinião, a conduta dos jornalistas e comentadores.
Não gosto, há quem goste, que os senhores comentadores, sempre os mesmos, venham para as pantalhas da televisão, ou para as folhas da imprensa escrita, ou aos microfones da rádio, exporem o que pensam e porque o pensam assim.
Não gosto de adivinhos – que é isso que eles são – que tentam ver o que vai na cabeça de sua Exª. o Sr. Presidente da República. Certamente leem os “voos das aves”, “as entranhas de animais sacrificados”, “as borras do café”, as folhas que ficam na chávena do chá”, ou quem sabe o “Oráculo de Delfos” que somente eles, “os Sacerdotes do Futuro”, conseguem interpretar.
Zé Onofre