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Notas à Margem

Notas à Margem

30
Jan24

Dia de hoje - 96

zé onofre

              96 – “Os “cinquentas”?

 

024/01/30

 

Acerca dos "cinquentas" e de amadurecimento, apenas me interrogo, sem sabedoria e com realismo triste, sobre o que me aconteceu.

Por que quelhos ou caminhos, por que ruas ou avenidas e praças, por que rios ou praias, por que montes ou encostas, em que paisagem deixei de ser "poeta" (não das palavras que não sou nem nunca fui) da ação?

Em que curva da vida perdi a capacidade de agir para sonhar futuros melhores?

Em que reta do que vivi perdi o poder de acreditar qo futuro que se sonha nasce fazendo-se?

Não sei se foi a idade que apagou o fogo que em mim crepitava, ou se foi olhar o conformismo a nascer cada vez mais jovem.

Aos "cinquentas" vê-se mais longe?

Aos "cinquentas" tem-se um conhecimento mais amplo?

Talvez . . .

Contudo gostava que nos "cinquentas" continuasse a arder o "fogo" que queria fazer o "futuro já hoje".

Agora pergunto-me se serei ao menos capaz de conservar uma brasa que incendeie aquele "fogo" em outros?

  Zé Onofre

26
Jan24

Comentário - 332

zé onofre

                   332  

 023/12/15

 Sobre «O Livro-Flor de Natal» por Mafalda Carmona, 15 DEZ23, no blogue cotoviaecompanhia.blogs.sapo.pt/

Há mistérios nos livros,

Em todos os livros.

 

Há livros que nos espreitam da Estante,

Como se dissessem

"Estou aqui".

Têm tanta vontade de contar,

O que têm para dizer

Que são capazes de cometer Suicídio,

Caindo-nos aos pés.

 

Há, porém, um livro,

Que é um portal para o Infinito,

Ou talvez mais além.

 

Abre-se uma página

Estão lá todas as palavras do mundo.

As existentes e as imaginadas,

A das línguas vivas,

Das línguas falecidas,

Ou que todos os dias morrem,

As das línguas que estão por nascer.

 

Há um livro,

Talvez de uma só página.

 

Há um livro.

Há sempre um livro

Virgem de palavras,

Prenhe de tudo.

 Zé Onofre

23
Jan24

Dia de hoje - 95

zé onofre

 

95

 

024/01/23

 

Nenhuma noite é tão longa,

Que não haja uma aurora

Para a acordar.

 

Nenhuma escuridão é tão densa’

Que não haja um pirilampo

Que lhe dê dimensão.

 

Nenhuma pedra é tão dura,

Que não haja água mole

Que a fure.

 

Nenhuma pedra é tão agreste,

Que não esconda um cristal

Que o torne suave.

 

Nenhuma encosta é tão íngreme,

Que não tenha um palmo plano

Que lhe desminta a inclinação

 

Nenhuma penedia é tão lisa e vertical

Que não tenha uma raiz

Onde nos ajude a subir.

 

Nenhum rio é tão fundo,

Que não tenha um penedo

Que permita pôr o nariz de fora.

 

Nada é tão eternamente eterno,

Que não tenha um calcanhar de Aquiles

Que lhe abrevie o tempo.

 

Haverá alguma coisa neste mundo,

Que não transporte em si

A sua contradição?

 

Camões – todo o mundo é composto de mudança,

Mas que mesmo essa mudança

Mudava no seu mudar.

  Zé Onofre

22
Jan24

Dia de hoje - 94

zé onofre

 

               94

 

024/01/22

 

"Pede-se a uma criança. Desenhe uma flor! Dá-se-lhe papel e lápis. A criança vai sentar-se no outro canto da sala onde não há mais ninguém. Passado algum tempo o papel está cheio de linhas. Umas numa direcção, outras noutras; umas mais carregadas, outras mais leves; umas mais fáceis, outras mais custosas. A criança quis tanta força em certas linhas que o papel quase que não resistiu. Outras eram tão delicadas que apenas o peso do lápis já era demais. Depois a criança vem mostrar essas linhas às pessoas: Uma flor! As pessoas não acham parecidas estas linhas com as de uma flor! Contudo, a palavra flor andou por dentro da criança, da cabeça para o coração e do coração para a cabeça, à procura das linhas com que se faz uma flor, e a criança pôs no papel algumas dessas linhas, ou todas. Talvez as tivesse posto fora dos seus lugares, mas, são aquelas as linhas com que Deus faz uma flor!"

                                                 Almada Negreiros

 

Um dia destes ouvi na Antena 2 (ou Antena 1) um programa sobre Escola e a IA (inteligência artificial). Diziam, os entendidos, que a IA era uma grande ajuda para "ensinar" aos alunos “conceitos".

Então, pensei comigo - é isto que se pretende da Escola? Parece-me que estão a confundir alunos com a IA, isto é, despeja-se-lhes no disco rígido (cérebro) uma série de conceitos e eles saberão na "ponta do chip" responder a qualquer pergunta que se lhes faça.

É uma maravilha fazer alunos Robô para bem servir a economia de $uce$$o.

Como ando e andei, e já agora andarei, enganado - pensava que a Escola era para formar Homens para serem - racionais, emotivos, solidários, criadores, inventores, Homens capazes de voar nas asas da Liberdade e da Utopia – isto é, Humanos.

Agora, ao reler este belo poema, eu chamo-lhe poema, de Almada Negreiros reconfirmo quão atrasada, com ademanes de progressista, está a Escola e cada vez mais se parece com uma Fábrica de Fazer Robôs que quando já não servirem se deitam fora.

Eu estou com Almada Negreiros – a criança já sabe que “são aquelas as linhas com que Deus faz uma flor!"

Um “Robô” desenharia logo a flor com todas as linhas no seu lugar, mas nunca terá o prazer de “aprender /descobrir” como se desenha uma flor.

 Zé Onofre

18
Jan24

Comentário 331

zé onofre

                   331 

 

 023/12/12

 

Sobre «O meu conto de Natal», Isabel Silva em 023/12/11, no blog https://imsilva.blogs.sapo.pt

 

Há sempre um caminho,

Para suster os nossos passos

Que passantes

Passam decisivos,

Ou titubeantes.

 

Poderemos não saber

Para onde iremos,

Procuraremos 

Sem saber o quê

Porém algo haverá.

 

Numa paragem algures

Estará o que desejaríamos.

Se for o que ansiosamente

Andáramos a ansiar,

Respiraremos serenamente.

 

Poderá acontecer

Que nessa pausa

Esperada, inesperada,

Poderá não estar

O fruto que tanto esperáramos.

 

Novos passos se iniciarão,

Novas passadas por caminhos

Conhecidos ou desconhecidos,

Ou que as nossas passadas

Traçarão rumo ao futuro.

 

Um dia finalmente,

Com maior ou menor dificuldade,

Saltará diante de nós,

O objeto desejado

Com a dimensão da felicidade.

 

Felicidade,

Porque teremos conseguido,

Ou satisfação

Por nunca havermos desistido

Por qualquer razão.

  Zé Onofre

14
Jan24

Comentários - 330

zé onofre

                   330 

 

023/12/03

 

Sobre “hoje”, Di em  https://1mulher.blogs.sapo.pt/, 023/12/03

 

Poesia sobre azul

Que o vento,

Esse poeta inquieto,

Escreve,

Apaga,

Reescreve,

Explana,

Concentra,

Esfarrapa.

 

Poesia

Do momento que passa

Coerente

Com o momento do vento

Subtil intérprete

Do instante.

 

Com vagar escreve

E apenas levemente modifica

O que ainda agora

Escreveu.

 

Com passos apressados

Inicia

Apaga

Palavras tão escangalhadas

Como os seus pés,

Inquietos corredores.

 

Quando

Num assomo se enfurece

Mistura as palavras dos dicionários,

Faz malabarismos com os alfabetos,

Misturando na sua escrita

Pó e dor,

Sangue que de veias abertas,

Em corrente se escoa,

Que apenas corpos

De olhos vítreos,

Caídos na areia,

Sabem interpretar.

 

E a nós,

que nada entendemos

Sobre o que vemos

Do deserto pintado

A vermelho de sangue,  

Espelhado no céu,

Resta-nos calar a pena

E deixarmos ao vento

Escrever a história.

   Zé Onofre

11
Jan24

Dia de hoje - 92

zé onofre

92 – A partir de. . .

 

A partir de hoje

É a contar de um

Em um

A seguir mais um

E mais um ainda . . .

 

Um dia, talvez,

Se conte mês,

A mês

Seguido doutro mês

E de mais mês, ainda . . .

 

Há de vir, quem sabe,

Um agora

Que se conte de hora

A hora,

Seguida de outra hora

E outra hora ainda.

 

Já quase sem olhar em frente,

Conta-se um minuto,

E um minuto ainda

Para daí a um segundo

Ser mais um segundo

Do adeus para sempre.

  Zé Onofreh

11
Jan24

Dia de hoje 93

zé onofre

              93

 

024/01/11

 

Pergunto ao vento que passa,

Por que é que passa

Sem nada ter para contar.

Será que de vagar passa

E não consegue sussurrar?

 

Pergunto ao vento que passa

Por que é passa

Sem nada ter para contar.

Será que de pressa passa

E não consegue falar?

 

Pergunto ao vento que passa,

Por que é que se passa de vagar,

Ou se no passar tem pressa,

Nada tem para contar.

 

Pergunto, então, a mim mesmo,

Depois de tanto vem a ir e a vir,

Se é o vento sem segredos,

Ou se eu não os consigo ouvir.

  Zé Onofre

11
Jan24

Dia de hoje - 92

zé onofre

92 – A partir de. . .

 

A partir de hoje

É a contar de um

Em um

A seguir mais um

E mais um ainda . . .

 

Um dia, talvez,

Se conte mês,

A mês

Seguido doutro mês

E de mais mês, ainda . . .

 

Há de vir, quem sabe,

Um agora

Que se conte de hora

A hora,

Seguida de outra hora

E outra hora ainda.

 

Já quase sem olhar em frente,

Conta-se um minuto,

E um minuto ainda

Para daí a um segundo

Ser mais um segundo

Do adeus para sempre.

  Zé Onofre

10
Jan24

Comentários - 329

zé onofre

 

                  329 

 

023/11/16

 

Sobre, Silêncio sem Nome, Sandra, 15.11.23  em  https://cronicassilabasasolta.blogs.sapo.pt/


Já me tinha perguntado

Por que cantos e esquinas

Por que ruas, vielas,

Praças ou avenidas

Se teria encontrado.

 

Pelo que agora nos sugere

Recolheu-se ao silêncio,

Um longo silêncio noturno

Por entre o silêncio sideral,

Pelos caminhos de galáxias,

Longínquas, que fazem sonhar.

 

Voltou a este cantinho,

Cantinho de um mundo virtual,

Onde continuamos a rodar

Enquanto deslizava pelo infinito

À velocidade da luz do sonho.

Enquanto por aqui envelhecíamos.

 

Regressa a Ítaca

Mais jovem.

Será que ainda recorda

As palavras emaranhadas

Que por aqui vamos deixando

Ou serão elas "Matusalém"?

  Zé Onofre

                 329 

 

023/11/16

 

Sobre, Silêncio sem Nome, Sandra, 15.11.23  em  https://cronicassilabasasolta.blogs.sapo.pt/

 


Já me tinha perguntado

Por que cantos e esquinas

Por que ruas, vielas,

Praças ou avenidas

Se teria encontrado.

 

Pelo que agora nos sugere

Recolheu-se ao silêncio,

Um longo silêncio noturno

Por entre o silêncio sideral,

Pelos caminhos de galáxias,

Longínquas, que fazem sonhar.

 

Voltou a este cantinho,

Cantinho de um mundo virtual,

Onde continuamos a rodar

Enquanto deslizava pelo infinito

À velocidade da luz do sonho.

Enquanto por aqui envelhecíamos.

 

Regressa a Ítaca

Mais jovem.

Será que ainda recorda

As palavras emaranhadas

Que por aqui vamos deixando

Ou serão elas "Matusalém"?

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