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Notas à Margem

Notas à Margem

27
Fev24

Canto triste - XXV

zé onofre

                            Canção XXV

 

024/02/26

Ó gentes minhas companheiras, 

Que das serras fazeis queijo,

Que da terra amassada fazeis pão,

Que lavrais peixes nos mares,

Que da matéria bruta criais beleza,

Que em todos balcões servis vida,

Que o caos organizais em números,

Pensemos baixinho, com sinceridade

Como ficamos tão sem força assim

Para não levarmos a luta até ao fim.

 

Ó gentes, minhas companheiras,

Que sacrificáveis o descanso,

Depois de um dia de labuta,

E em negras noites de sussurros

Com força nos braços, brilho no olhar

Desbravávamos novos caminhos

À procura de um futuro sem classes.

Pensemos baixinho, com sinceridade

Como ficamos tão sem força assim

Para não levarmos a luta até ao fim.

 

Digamos companheiras, digamos,

Aos ventos que sopram dos montes,

Do queijo que em vossas mãos nascem,

Das mãos que da terra arrancam pão,

Do coro das máquinas que vossos dedos regem,

Dos números a contar sob a vossa mestria,

Dos peixes embalados nos vossos berços, 

Digamos baixinho, com sinceridade

Como ficamos tão sem forças assim

Para não levarmos a luta até ao fim.

 

Ouçamos no vento, ouçamos com atenção

O que um diz na solidão do monte,

O que outro prega na rabeta do arado,

O que alguém resmunga junto à máquina,

O espanto da realidade na máquina de calcular,

O gemer dos dias nos barcos a baloiçar,

Ouçamos baixinho, gritemos com verdade

Que ficarmos tão sem forças assim

Desonra a quem nos trouxe perto do fim.

   Zé Onofre

24
Fev24

Que viva Spartakus 44

zé onofre

 

                 44 - Resistência de novo

 

024/02/23

 

Companheiro, atenção a estes sons negros

Que zumbem sobre as nossas cabeças.

Companheiros, este som é o alerta

Para que o Capital ouça a nossa voz.

 

Saiam das fábricas, deixem os campos,

As secretarias, os supermercados,

Tirem as areias com que vos cegam,

Libertai-vos dos exploradores e seus sicários.

 

Companheiros, agora é o tempo da ação,

De minar o inimigo com tudo que tivermos.

É agora o momento certo para combater,

Antes que assuma a forma de fascismo.

 

Somente nós, destruiremos as barras

Desta prisão, em que iludidos estamos

Como se em liberdade vivêssemos,

Onde o insaciável Imperialismo nos quer.

 

Chegou a hora de cortar com a mentira

Deste falso paraíso que nos envenena.

E unidos iremos até à vitória final,

Ou acabaremos como anhos no matadouro.

 

Companheiros se for necessário regressar

Ao tempo dos sussurros e das sombras,

Então regressemos. Um dia voltaremos

Para fazermos a nossa hora acontecer.

 

Companheiros, não tenhamos medo

De marchar com força e determinação.

Honremos Spartacus, e todos quantos

Lutaram contra os Senhores do Mundo.

 

Companheiro, atenção a estes sons negros

Que zumbem sobre as nossas cabeças.

Companheiros, este som é o alarme

Para que o capital ouça a nossa voz

  Zé Onofre

21
Fev24

Comentários - 335

zé onofre

                   335 

 

024/02/08

 

Sobre “Petrificado”, de Fátima Ribeiro, no dia 07/FEV24, em https://sussurrosdaminhaalma.blogs.sapo.pt/

 

Eu e tu

Tu e ele

Ele e ela.

Eu e tu,

Nós.

Tu e ele,

Vós.

Ele e ela,

Elas e eles

Figuras monolíticas,

Se de longe observadas.

O tempo,

Esse fazedor de verdades,

Com o escopro do tempo,

Ora aragem quente,

ou fria,

batendo fraco,

Nem precisa de usar os vendavais,

Põe a nu

De quantas fragilidades somos feitos.

 

Apesar do desmoronar das fragilidades,

Dispersas pela vida,

Caídas e abandonadas,

Resta incólume

A fraca força que as unia,

Que a tudo resiste,

Que na sua fraqueza

Reúne de novo os cacos.

 Zé Onofre

16
Fev24

Que viva spartacus - 43

zé onofre

                   43

 

024/02/15

 

Não nos conformemos.

 

Não te conformes.

 

Quando passas meses na fila do desemprego,

Revolta-te.

Quando te vês obrigado a emigrar,

Revolta-te.

Quando o salário não chega para viveres,

Revolta-te.

Quando és intimidado a dar horas a mais,

Revolta-te.

Quando és intimidado a trabalhar no descanso,

Revolta-te.

Quando não há creches para os teus filhos,

Revolta-te.

Quando não há pré-escolar para os teus filhos,

Revolta-te.

Quando faltam professores na escola dos teus filhos,

Revolta-te.

Quando não tens médico de família,

Revolta-te.

Quando não tens tempo para o lazer,

Revolta-te.

Quando te falta habitação,

Revolta-te.

Quando te roubam os balcões bancários,

Revolta-te.

Quando o banco te rouba o dinheiro em taxas,

Revolta-te.

Quando o banco pratica juros inexplicáveis,

Revolta-te.

Quando os Correios não cumprem,

Revolta-te.

Quando te cortam o subsídio de doença,

Revolta-te.

Quando te cortam o subsídio de desemprego.

Quando te aumentam a idade de reforma,

Revolta-te.

Quando há planos para baixar a reforma,

Revolta-te.

Quando te revoltares,

Não te revoltes sozinho.

Revoltemo-nos todos juntos.

Todos juntos temos mais força.

Todos juntos faremos o mundo avançar.

   Zé Onofre

13
Fev24

Comentários -

zé onofre

 

                334 

 

024/01/12

 

Sobre Despidas, 1 Foto, 1 Texto, imsilva, Jan 12, 2024 em https://imsilva.blogs.sapo.pt/

 

De mãos nuas aqui chegamos,

As mãos nuas daqui levaremos.

Não importa o que daqui levamos,

Apenas tem valor o que aqui fizemos.

 

Triste daquele que só dos ramos

Da sua árvore fez os seus remos,

Para que, depois da partida, os anos,

O isentem da mortalidade que temos.

 

Apenas alcançará a imortalidade,

Quem se esquece de onde vem.

Que lutará apenas com verdade,

 

Com esforço e a certeza que tem

Que, o que faz, o faz com lealdade

Para construir o futuro que aí vem.

  Zé Onofre

12
Fev24

Que viva Spartacus - 42

zé onofre

              42

 

024/02/12

 

Ave, Spartacus,

Farol dos escravos,

Luz, bússola, a caminho da liberdade.

Nós teus descendentes,

Continuamos, embora trabalhadores pagos,

Escravos dos novos senhores

Nesta Terra super explorada.

Spartacus, libertador de escravos,

Teus passos

Precisamos de seguir.

Andamos tão alienados,

Pela cantiga tão doce

Dos filhos dos teus senhores,

Que tudo fazem para esconderem

Que somos teus descendentes.

De escravos a servos da gleba,

De servos da gleba a assalariados,

Na verdade, escravos.

Escravos,

Que perderam o rumo da Revolução

Que nos levará à Liberdade.  

    Zé Onofre

08
Fev24

Cantos tristes - XXIV

zé onofre

Canção XXIV

 

024/02/08

 

Jovem em teu peito sinto a revolta

E ausência de forças para lutar.

Jovem, em tua boca sinto palavras

De rebeldia que dizes sem expressar.

 

Jovem, de teus olhos desprendem-se raios

E não encontras alvos para acertar,

Em teus braços há músculos esperando

Uma faísca que os faça retesar

 

Se houver algum muro que a impeça

Não penses deixa estar

Que se tu o desejares tanto

Não vai há ver muro que para a parar.

 

Mira-te no exemplo dos teus maiores,

Escuta-os dizendo como alcançar,

Fica sabendo que há sempre um rio

De forças prontas a que te podes juntar

 

Aprende como construir o futuro

Apertando a outra mão à tua mão

Sereis uma corrente de lav’em chama

Que jorra de um adormecido vulcão.

 

Se houver algum muro que a impeça

Não penses deixa estar

Que se tu o desejares tanto

Não vai há ver muro que para a parar.

 Zé Onofre

06
Fev24

Das Eras Parte VI - 38

zé onofre

38

024/02/063

 

Li num blogue, já não consigo referir o seu autor e qual o blog, o seguinte texto

 

«Isto é uma macacada

É República putrefata

É polvo enraivecido

É o Estado apodrecido.»

 

Com estas palavras como mote escrevi,

 

Isto é mais do que macacada,

É a selva profunda capitalista

Nua, crua, de cara desmascarada

Que revela o seu caráter egoísta.

 

É mais do que República putrefacta,

vai além da fedorenta putrefação.

É a democracia burguesa, tão cantada,

A atingir a sua verdadeira dimensão.

 

É muito mais do que um polvo enraivecido,

É um mar de octópodes a acordarem,

De um falso sono adormecido,

Para com os tentáculos tudo levarem.

 

É muito mais do que o Estado apodrecido,

É o Estado capitalista que está a florir,

Bem regada por um, ou outro, governo

Que apenas existe para o bem servir.

   Zé Onofre

03
Fev24

Comentários - 333

zé onofre

                   333  

024/01/12

 Sobre Fogo-fátuo, Lígia Laginha, 12.01.24 em https://casadodesassossego.blogs.sapo.pt/

O rio correndo bravo, feroz,

Ou espraiando-se mansamente,

Todos sabemos que largará na foz

Tudo o que o tornou diferente.

 

O Nilo, o grande Nilo, que todos nós

Aprendemos a olhar respeitosamente,

Desde que Heródoto lhe deu uma voz,

Dizemos que esteve e estará para sempre.

 

Respeitámo-lo, não pelo longo fio de água

Que desde os fundos de África se inicia,

Para no mar, em lágrimas, deixar sua mágoa.

 

O Nilo faz-se respeitado pela magia,

Pelo esforço gigante com que atua

Para fazer do deserto terra que cria.

 Zé Onofre

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