13 – Sobre os …
2024/11/13
Incêndios
Doença ou Sintoma?
Agora que o céu se apresenta cinzento, apenas devido às nuvens e que as labaredas que se avistam nos altos das serras e dos montes são do sol nascente, ou do poente, escreverei serenamente sobre os fogos florestais.
Não sou especialista – arquiteto paisagista, engenheiro florestal, ou sequer técnico de combate aos incêndios. Apresento a minha opinião de cidadão que vê, ouve e lê e a partir daí tiro conclusões.
Para as fundamentar estudei o desenvolvimento da geografia humana e económica desta praia minúscula nas bordas da Península Ibérica.
- Um primeiro período que vai da autodeterminação do Condado Portucalense à crise dinástica de 1383/85.
O progresso assentou na procura do equilíbrio entre as várias actividades – rurais, artesanais e comerciais – quando o Comércio começou a sobrepor-se às outras atividades, os governantes tomaram medidas para harmonizar a produção com o comércio - «D. Afonso III iria determinar […] que os mercadores estrangeiros levassem igual valor de mercadorias nacionais ao das que traziam para vender no reino.» (in, História de Portugal Medievo, economia e sociedade, pág. 165, Maria Helena Ferro Tavares, Universidade Aberta, Lisboa, 1992).
Todo o progresso económico assentou na harmonização das várias atividades e por necessidade no desenvolvimento do ensino. D. Dinis, na agricultura - secar pântanos e plantar florestas de proteção dos solos contra o avanço das areias – pinhal de Leiria; criação de feiras por todo o país; criação da marinha de guerra para proteção da costa, e dos marítimos, das actividades corsárias. – No ensino criação dos Estudos gerais. D. Fernando - Lei das Sesmarias que obrigava ao cultivo dos terrenos incultos com a penalização destes serem expropriados; criação do seguro marítimo, obrigatório para naus superiores a uma determinada tonelagem – Companhia das naus;
Estas politicas fizeram com que neste período houvesse uma evolução harmónica da produção – agrícola, artesanal e comercial - e ocupação equilibrada do território.
- O segundo período inicia-se com o fim da crise dinástica – Vitória da Burguesia e dos segundos filhos da nobreza, até aos dias de hoje. É caracterizado por avanços e alguns recuos na supremacia do desenvolvimento económico assente no Comércio Marítimo – até aos dias de hoje.
- O novo poder – Dinastia de Avis e D. Nuno Álvares Pereira – originado na vitória sobre a velha nobreza – fiel à sucessão legítima de D. Fernando, D. Beatriz/D. João I de Castela - tem o seu suporte nas Elites Burguesas e dos Filhos Segundos da Nobreza. A luta dinástica/revolução burguesa destruiu as lavouras, as actividades artesanais. Muda de mãos os vínculos de propriedade e concentram-se ainda em menos e novas mãos - Fernão Lopes, na crónica de D. João I, elabora a teoria da Sétima Idade: «na quall se levamtou um mundo novo, e nova geeraçom de gemtes; porque filhos dhomeẽs de tam baixa comdiçom que nom compre de dizer, per seu boom serviço e trabalho, neste tempo forom feitos cavalleiros, chamamdosse logo de novas linhageẽns e apellidos. Outros se apegarom aas amtiigas fidallguias, de que já nom era memória, de guisa que per dignidades e honrras e offiçios do rreino em que os este Senhor seemdo Meestre, e depois que foi Rei, pos, montarom tanto ao deamte, que seus decendentes oje em dia se chamam doões, e som theudos em gram comta. (CDJ, I, c. CLXIII)». O poder emergente teve que satisfazer a sua nova clientela e encontrou a solução fora das fronteiras - conquista de Praças Comerciais no norte de África.
Ao optarem por esta via, é verdade que resolveu de imediato a ambição das novas elites governantes, também iniciou um caminho de despovoamento, de estagnação da exploração e técnicas agrícola, cujos senhorios se tornaram cada vez mais ausentes, e atrasou a evolução do artesanato, com excepção das artes ligadas à marinhagem.
- A colonização das ilhas atlânticas, da exploração da Costa de África - o comércio do Ouro da Mina e de escravos – acelerou o despovoamento que se agudiza com a ligação da Europa com a Índia por via marítima, pela tentação das riquezas que vêm do Oriente até aos nossos portos com Lisboa à cabeça.
«Como eu vi correr pardaus/ por Cabeceiras de Basto, / crescerem cercas e o gasto, / vi, por caminhos tão maus, / tal trilho e tamanho rasto.
Logo os meus olhos ergui, / à casa antiga e à torre, / e disse comigo assi: / «Se Deus não nos val aqui, / perigoso imigo corre!»
Não me temo de Castela, / donde ainda guerra não soa; / mas temo-me de Lisboa, / que, ao cheiro desta canela, /o Reino nos despovoa.
E que algum embique e caia /(afora vá mau agouro!) / Falar por aquela praia / da grandeza de Cambaia/ Narsinga das torres d’ouro»
(carta 10 - a António Pereira sr. de Basto)
«Agora, por que vos conte / quanto vi, tudo é mudado; / quando me acolhi ao monte / por meus vizinhos defronte / vi lobos no povoado.»
(carta 11 – a seu irmão Mem de Sá)
[Sá de Miranda in – Textos literários Século XVI -, Maria Ema Tarracha Ferreira, Beatriz Mendes Paula, 2ª edição, Editorial Aster, Lisboa. Carta 10, pág. 352. Carta 11, pág.362]
Do Oriente vieram mercadorias valiosas que se acumularam nos armazéns do porto de Lisboa, onde permaneciam o tempo necessário para seguirem para a Flandres, de onde as naus que as levavam voltavam com o que não produzíamos para as trocas comerciais. O que sobejou foi gasto em obras de Prestígio e em embaixadas Luxuosas entre as quais a corte Papal.
- Com a queda do comércio com o Oriente, seria de esperar que desenvolvessem a sua própria Terra. Não. Com o que sobrava do Oriente iniciam uma aventura no Atlântico Sul, que continuará e reforçará o despovoamento e atraso na produção interna. O Brasil tem fome de mão-de-obra e ferramentas, que Portugal não podia oferecer. O norte da Europa, numa fase pré-industrial, produzia os produtos industriais necessários e África a mão de obra, ainda por cima escrava. Iniciou-se o comércio triangular entre o Brasil, África e a Flandres, intermediado pelos portugueses. O norte da Europa fornece tecidos e ferramentas, a costa de África escravos, o Brasil açúcar e os portugueses o transporte e na passagem por Lisboa deixam alguns trocos e levam mais colonos.
- Numa quarta fase, no tempo de D. Pedro II, tentou-se uma política de desenvolvimento industrial, principalmente no têxtil e consequentemente no desenvolvimento nas actividades produtivas a ela associadas o que permitiu fixar alguma população. Certamente estava a resultar porque os “velhos aliados” se sentiram atingidos para nos proporem um acordo comercial – o tratado de Methuen – cobravam uma taxa benéfica na compra dos nossos vinhos, e os portugueses abdicavam da produção de tecidos finos. Mais uma vez um atraso no desenvolvimento económico do País, e mais despovoamento.
- Também, no tempo de D. Pedro II, houve a descoberta das primeiras riquezas minerais na Colónia Sul-atlântica. Este facto conjugado com o tratado “dos vinhos e dos panos, começou a corrida aos minerais preciosos do Brasil. No clímax da exploração mineira parece que o ouro jorrava do solo, mais milhares de portugueses, aspirantes a milionários, embarcaram para o Brasil.
O “quinto do ouro” que a Coroa – D. João V - segue o caminho dos Países Baixos tal como as especiarias da Índia e o açúcar do Brasil. O que sobrou também foi gasto em obras e embaixadas sumptuosas, numa mentalidade novo-rica e de ostentação se desperdiça o desenvolvimento do Reino. Com o fim de “os quintos do Brasil”, Portugal está mais despovoado, sem agricultura - exceptuando o vinho - sem artesanato e sem comércio marítimo digno de nota.
- Numa quinta fase aparece um génio entre a mediocridade desta Terriola a que se chama país. O 3º conde da Ericeira, o nosso génio, aposta no que verdadeiramente cria a riqueza das nações – produção agrícola, livre dos métodos medievo-senhoriais, artesanato que se pré-industrialize, pastorícia que produza matérias primas para os têxteis e aumente a produção de queijo, a exploração mineira que alimente uma futura indústria metalúrgica. Pretendeu que Portugal alimentasse o mercado interno, reduzindo a importação, e que os excedentes contrabalançassem as importações.
Tudo conjugado faria redistribuiria equilibradamente a população pelo Território. Pombal, continuaria esta política regulou o comércio com as colónias, protegeu o melhor da produção agrícola– o vinho do Alto Douro, encetou a reforma do ensino retirando o ensino universitário das mãos dos Jesuítas e da escolástica; proporcionou instrução à aristocracia, que a tornasse útil e a libertasse da mentalidade medieval que considerava desonra qualquer ofício.
Estas medidas criaram atritos não só com a aristocracia, mas também com o Clero que se sentiu atacado quer nas propriedades quer no domínio espiritual sobre as mentalidades.
- Estas reformas, pouco consolidadas, são atacadas pelos seus adversários que encontram eco na nova rainha D. Maria I.
É o tempo da viradeira, seguida dos movimentos revolucionários Liberais que abalam a Europa.
De um lado a França Revolucionária que, com Napoleão expandiu o Liberalismo; do outro os impérios britânico, alemão, austro-húngaro e russo. Portugal foi arrastado para este furacão pela fidelidade à sua velha “aliada”.
O alinhamento com a Inglaterra levou à invasão napoleónica, à fuga da Coroa para o Brasil e com ela um contingente enorme de portugueses.
A guerra trouxe os nossos velhos “amigos” que a troco da sua ajuda, necessária porque não lhes fechamos os portos, nos obrigam a abrir os portos brasileiros e transformou-nos num protectorado.
- Foi nesta situação, de uma nação despovoada e devastada pela guerra, sem estruturas económicas, militarmente ocupada que se deu a Revolução Liberal de 1820.
Rebentou a guerra civil entre liberais e absolutistas seguida de conflitos entre as facções liberais. É uma nação exaurida que depõe as armas e aceita a Regeneração.
Esperou-se que esta revolução, que fez uma reforma da propriedade que mudou mais uma vez de mãos, alterasse os métodos de exploração agrícola.
«D. Luiz […]. Fiel aos hábitos aristocráticos dos seus maiores.» (pág.13). «[…] Os jovens descendentes […] passavam o tempo cavalgando e caçando nas imediações,» (pág. 17) «Há nada mais triste do que aquelles campos invadidos pelas ortigas » (pág.26) «n’aquelles tempos, as classes privilegiadas podiam entregar-se sem receio a uma vida de incúria e de dissipação, porque os privilégios velavam por ellas e remediavam-lhes os desvarios.» (pág. 36).
[Os Fidalgos da Casa Mourisca, Júlio Dinis, Artes gráficas, Porto, sd].
- A regeneração trouxe para a política o sistema eleitoral assente no “caciquismo” - «É inevitável. Os dois primeiros traçados tinham certas durezas. O primeiro era uma luva lançada a uma influência eleitoral, poderosíssima: o brasileiro Seabra. […]. Estou adivinhando que meus filhos votariam por que antes se arrostasse com os despeitos desse influente.» (pág. 174) «E não haverá outro meio? […]. Acaso há só esses dois lugares para dirigir a estrada? […]. Havia um outro traçado, mas esse ia destruir completamente os campos do brejo. Então esse, esse! São bens nossos!» (pág. 175)
[A morgadinha dos canaviais, Júlio Dinis, Livraria Civilização, Porto, 1935]
Chegou, então ao governo Fontes Pereira de Melo que encontrou este país. - «Em Portugal a emigração não é, como em toda a parte, a trasbordação de uma população que sobra; mas a fuga de uma população que sofre. […] a miséria que que instiga a procurar em outras terras o pão que falta na nossa» (pág. 234). «Mas onde pode a plebe ganhar o pão? A grande indústria, a dos tabacos, dá 250 réis de salário a um operário com família. As indústrias fabris são poucas, periclitantes, com interrupções constantes de trabalho. A indústria mineira está abandonada à exploração de companhias estrangeiras. A agricultura vive de rotina – empobrecendo a terra e empobrecimento do homem. […] O trabalhador dos campos vive na miséria, come sardinhas e ervas do campo;» (pág. 236)
[Uma campanha alegre – Eça de Queirós, Livros do Brasil, Lisboa, sd].
O sr. Fontes Pereira de Melo observou a Inglaterra, a França, a Alemanha e os EUAN e o que lhe encheu os olhos foi uma coluna de fumo que se deslocava pelas pradarias - os comboios.
Concluiu que aqueles países eram prósperos, economicamente falando, devido à Linha Férrea e não percebeu que aquelas nações tinham vias férreas devido à prosperidade. E como inverteu a realidade trouxe, então, o Caminho de Ferro para Portugal.
Que é que havia em Portugal para escoar? A única mercadoria de valor era a população faminta, segundo Eça de Queirós. O comboio só lhe veio facilitar o meio de chegar mais rapidamente às cidades portuárias onde apanharia os navios para o Novo mundo – Brasil e EUAN.
Esta corrente emigratória apenas será interrompida pela primeira guerra.
- A República apenas acabou com a monarquia e com os velhos caturras aristocratas, de resto continuou com os velhos tiques do Liberalismo. Continuou o caciquismo, o absentismo dos proprietários rurais, uma indústria pouco desenvolvida e dependente da emigração. Piorou com a entrada na primeira Guerra Mundial que se substituiu ao Brasil no retirar os jovens rurais e operários da sua Casa.
Segue-se a Ditadura Militar e o Estado Novo que, ao que se vinha fazendo, acrescentou uma das indústrias mais poluentes que havia – a produção da pasta de papel – que exigiu uma enorme quantidade de fibra vegetal.
Por esse motivo descobriram, que as serras estavam abandonadas e improdutivas. A ordem era para florestar as serras em força e já, como se fosse uma guerra. E pelo que sabemos foi.
«A gente boa sumia-se na emigração. O que sobejava era o rebotalho. Pudera, tanto o lavradorzinho da arada como o cabaneiro viviam frigidos com tributos, com tributos mais escravos que os negros. […]. Os de Lisboa querem-na coberta de pinhal … […]. A serra era de nossos pais e avós, dos nossos rebanhos, dos lobos que no-los comiam, do vento galego que afiava lá pelos descampados as suas navalhas de barba. (pág.21). nos próximos dez a quinze anos, os moradores terão de andar com a cabra e a ovelha à corda, porque se caem em deixá-las fugir para o bastio, multa te valha. […]. Daqui a vinte anos termina a quarentena. É a vida de uma geração. […]. É o renovamento demográfico de uma localidade. […]. Este longo período equivale a sete vezes sete anos de vacas magras. (pág. 41). É a serra que dá o leite e a lã, pois que ali se apascenta o nosso vivo.» (pág.43)
[. Quando os lobos uivam, Aquilino Ribeiro, Círculo de Leitores, 2010]
A urgência era florestar com plantas fibrosas e de crescimento rápido que se adaptassem às condições do solo. Que não ficasse um mm2 por aproveitar. Florestou-se com resinosas, sem planificação, sem cuidar de precauções contra incêndios e despovoamento. O progresso confundiu-se com rendimento económico imediato, apenas com os olhos fitos no máximo rendimento, o resto era apenas um obstáculo.
Um solo, aparentemente improdutivo, segurava a população que restava, alimentava o gado e o pouco solo arável, fornecia lenha, produzia leite e lã, que fazia funcionar os teares.
Estes factores de harmonia, entre geografia física e humana, foram desprezados e agudizaram a sua destruição. Mais umas centenas de pessoas desesperadas abandonaram o interior a caminho das areias atlânticas, sem intenção de regresso - “Adeus, ó terra/adeus linda serra/de neve a brilhar/Adeus, aldeia/ que eu levo na ideia/não mais cá voltar” [no filme Maria Papoila, dos anos 30/40].
Durante a segunda guerra a corrida ao volfrâmio fixou alguns serranos nas aldeias. Com o seu fim e com o inicio de uma nova industrialização, embora lenta, instalada nas praias, faz de Portugal um escorrega inclinado para o mar.
A guerra colonial abriu novos horizontes aos jovens que se “recusaram” a regressar à pobreza ancestral e ficam pelas Lisboas e outros litorais ou então seguem, na sua maioria, para as franças, alemanhas e outros destinos europeus.
A escassez da mão de obra camponesa é notória. Os senhorios absentistas para evitarem que as suas terras sejam votadas à improdutividade, não modernizam, limitam-se a fazer contratos um pouco mais benéficos que, se agradam aos camponeses mais antigos, não seduzem de qualquer modo a juventude. E, conforme a população rural envelhece, os campos ficam abandonados.
Com a entrada na CEE – actual UE – os governantes venderam o pouco que restava da agricultura às políticas da PAC e convenceram os proprietários que os seus solos apenas são próprios para florestação. Muitos campos agrícolas começam a ser eucaliptizados.
Entretanto o manto florestal começa a atingir a sua saturação. É um volume de matéria altamente inflamável sem cuidados, abandonada aos desígnios do tempo.
Quando as primeiras matas começaram a arder ao longo da Linha do Vouga a culpa foi do comboio que faz chispas nos carris e semeia faúlhas ao vento. A linha do Vouga é condenada, porém os incêndios continuaram e aumentaram de ano para ano.
Novos culpados são procurados, os incendiários, os interesses económicos, as condições climatéricas. Estudam-se modos de combater os incêndios. Intensificam-se os meios terrestres, inova-se com meios aéreos, o certo é que nada trava as chamas entre a primavera e o outono.
Fazem-se estudos, mil planos, todos eles com os seus méritos, mas sempre com a tónica no combate e não na prevenção e mesmo quando são preventivos não colocam o dedo na verdadeira ferida.
Resumindo
- No primeiro momento, da Independência do Condado Portucalense à crise dinástica de 1383/85, o progresso económico do jovem país assentou num desenvolvimento harmónico da produção - agrícola, pastoril, artesanal, mineira – de modo que sustentasse o comércio marítimo com o exterior, não criando desequilíbrios e promovendo um povoamento e desenvolvimento harmonioso do território e das actividades económicas que levam à necessidade de apostar na instrução e à criação dos Estudos Gerais.
- No segundo momento, depois da Crise dinástica de 1383-1385, o progresso económico assenta na vertente externa de conquista e das viagens marítimas e no comércio com novos povos encontrados e na colonização de terras despovoadas ou escassamente povoada, por povos considerados inferiores.
O litoral e as riquezas de além-mar atraíram a população que tanta falta fizeram para um povoamento equilibrado do Território.
A aposta em empresas falsamente progressistas, que apenas almejavam o enriquecimento imediato, uma industrialização localizada numa faixa de pouco mais de cinquenta quilómetros do mar, muitas vezes assentes em premissas falsas que levaram a fazer do interior uma gigantesca tocha.
Tudo isto empurrou a população para o mar e para além-fronteiras.
Em conclusão
Os fogos florestais não são uma doença – muito menos uma fatalidade – são o sintoma de um país cronicamente doente que sofre da macrocefalia do litoral, desde a dinastia de Avis.
A solução não será, portanto, combater os sintomas, mas combater a doença.
Esse combate passa pela inversão do que até agora se tem feito e se considerou “progresso económico”, para uma política que valorize todo o Território e o bem-estar de toda a População.
Zé Onofre