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Notas à Margem

Notas à Margem

27
Dez24

Sobre ... 14

zé onofre

14Sobre …

 

2024/12/27

 

A – IA – a  propósito de - parar para pensar: "o que significa ser humano?" - joana rita sousa, em https://joanarssousa.blogs.sapo.pt/

Deve haver uns oitenta anos que um escritor, Pierre Boulle, escreveu "O planeta dos Macacos". Dele fizeram-se vários filmes.

Parece que ninguém deu a atenção devida à "profecia" que há tantos anos foi escrita.

Também, mais ou menos por essa altura, iniciou-se o movimento contra o consumismo - do usa e deita fora - outra "profecia" a que não se deu os devidos créditos.

Parece que estou a misturar duas questões independentes, mas é apenas aparentemente, porque eles estão bem intricados.

1º Se pensarmos bem, o que percorre toda a actividade humana é o endeusamento do lucro e este tomado como objectivo último a alcançar pelo "Homem”, é o que está na base da IA, que tal como no Planeta, nos há de reduzir à nossa animalidade.

2º Quando nos idos de sessenta/setenta do séc. XX se iniciava a "luta" contra o "usar e deita fora" iniciava-se o movimento pela preservação da Natureza e da Humanidade, base genética da ecologia prevendo os problemas climatológicos que hoje a "tantos diz" afligir.

3º O autor de "O Planeta dos Macacos", alertou para o facto de delegar as funções intelectuais "nos macacos = robôs(IA)" se estava a animalizar o Homem. Na base desta transferência estava "o bem-estar" do Homem.

4º Ora o "usa-deita fora" - consumo sem sentido, entrelaça-se com a IA neste consumo desregrado de energia - «De acordo com a Agência Internacional de Energia, os data centers, que suportam a infraestrutura de IA, já representam aproximadamente 1 a 2% do consumo global de eletricidade, totalizando cerca de 400 terawatts-hora por ano, o equivalente ao consumo energético de todo o Reino Unido, para colocar isso em perspectiva, o Brasil, um país com uma população bem maior, consome aproximadamente 580 terawatts-hora de eletricidade por ano.» (ver o artigo completo que aqui cito em "Ícone da Web globaltargetso.comhttps://www.targetso.com › energia-na-ia»).

5º - os que "tantos se dizem aflitos" com as consequências climatológicas do consumo excessivo de energia, são os grandes defensores da IA juntamente com quem se está nas tintas para os efeitos climatológicos.

6º - Se, pelo menos os "climatologistas", vissem o desperdício de energia da IA e que esta acelerará o fim desta era geológica, em que vivemos desde a última Glaciação, e alertassem para o seu efeito nefasto no consumo de recursos energéticos e na aceleração da redução do homem a uma mera engrenagem do sistema Computacional, era muito bom.

7º - Porém, quer os "climatologistas", quer os "anticlimatologistas" têm um objectivo que os une intrinsecamente - o endeusamento do lucro e este tomado como objectivo último a alcançar pelo "Homem".

Para concluir a questão da IA não se põe como saber usá-la na Escola, ou seja, onde for, mas interrogarmo-nos a quem serve, e como, a desumanização que a IA irá provocar?

   Zé Onofre

22
Dez24

A propósito de

zé onofre

                  355  

 024/12/21

A propósito de - Uma carta às montanhas: a beleza das formações rochosas, em https://rawtraveller.blogs.sapo.pt/

 

De verdes me vestiu a Primavera,

Com seus dedos de sol a acordar.

Contudo, alguém, sem saber como era

Cobriu-me de verde sem acabar.

 

De frutos saborosos me encheu

O sol de Verão no seu caminhar.

Agora que o verde me cobre como um véu

Apenas raios loiros de fogos a alastrar.

 

De branco e águas correntes cantantes,

O Inverno com amor e ternura me oferecia.

A neve e a água caem como dantes

Porém, nem uma nem outra é como soía.

   Zé Onofre

18
Dez24

De regresso aos tempos das sombras e dos sussurros - 4

zé onofre

              4

 

024/12/18

 

Há mistérios,

Na experiência mental de Schrödinger,

Que são muito mais sérios

Do que a Schrödinger poderia parecer.

 

Quando tive a oportunidade de ouvir,

O enunciado de tal mental experiência,

Fez-me sentir,

Tal como o gato na caixa fechado,

Ora pleno de inteligência,

Ora com uma completa indigência

Mental, como nunca se havia achado.

 

Nesta altura, porém,

Peço desculpa aos Físicos excelentíssimos,

Por não terem,

Apesar do seu discurso claríssimo,

Convencido da verdade que ela contém.

 

Quem a verdade me demonstrou,

Com uma certeza nunca dita,

Foi quem no Mundo ousou

Classificar os bons e os maus da fita.

 

Fecharam nu caixa bem lacrada

Pessoas, armas e munições.

Elas ali bem encarceradas

Tanto são Santos como Vilões.

 

A ´´ultima demonstração,

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Quem é que o diria,

Fizeram-na numa inventada nação,

A que sucessivos colonizadores,

Acabaram por chamar Síria.

 

Foi uma demonstração tão cabal  

Que ontem, a gente da caixa-ovo,

Era vilã, selvagem, quiçá canibal

Para hoje ser libertadora do Povo.

 

Para o demonstrarem

Não necessitaram de abrir um postigo,

Bastou-lhes orientarem

A caixa para o seu objectivo.

   Zé Onofre

 

 

 

 

 

 

 

 

 

10
Dez24

Dia de hoje 2024 - 22

zé onofre

22 – Natal de Novo

 

024/12/10

 

Mãe, conte-me algo de novo

Que se diga sobre o Natal,

Que ainda não tenha sido dito,

Ainda não tenha sido escrito,

Ainda não tenha sido cantado.

 

Mãe, conte-me algo de novo

Que se diga sobre o Natal,

Não mãe,

Logo no primeiro Natal

Os anjos cantaram

Paz aos Homens por ele amados,

Depois mudaram a letra

Para um verso mais abrangente,

Paz aos Homens de Boa Vontade,

E, ultimamente, alguém louco

Pôs na boca dos anjos

Boa Vontade aos Homens

Para fazerem a Paz.

 

Mãe, conte-me algo de novo

Que se diga sobre o Natal,

Não, essa não.

Já alguém escreveu

Sobre os salões luxuosos,

Decorados de luz e cores,

De mesas a transbordar

Das melhores iguarias,

Enquanto fora

Uma descalça,

E esfarrapada menina,

Falecia na rua gelada

À luz de uma fogueira de fósforos.

 

Mãe, conte-me algo de novo

Que se diga sobre o Natal,

Oh, essa,

Já alguém escreveu

Que uma mulher trabalhadora,

Chegada a sua hora,

Pariu sob a borda de um campo.

Aconchegada a criança,

Pegou na enxada

E, como se nada fosse,

Foi à labuta do dia a dia.

 

Mãe, conte-me algo de novo

Que se diga sobre o Natal,

Sim, mãe,

Também já alguém escreveu

Sobre a mulher

Que deu à luz numa garagem

Suja de óleo

E que num berço improvisado,

De pneus e desperdícios

À luz duns faróis,

De um automóvel a desfazer-se

Deu à luz um menino,

E a que ninguém chamou

Salvador do Mundo.

 

Mãe, conte-me algo de novo

Que se diga sobre o Natal,

Dizer isso,

Já foi tantas vezes repetido,

Que já todos sabem

Que os vendilhões do Templo

Transformaram o Natal

Num imenso megamercado Universal.

 

Mãe, conte-me algo de novo

Que se diga sobre o Natal,

Mãe, isso é de todos os anos.

Os sem abrigo coitados,

Sob as pontes,

Os portais das casas,

Nos prédios em ruínas,

Que o são todo o ano,

Mas que só no Natal,

As gentes caridosas

E os governantes hipócritas e relapsos

Se lembram que existem.

 

Mãe, conte-me algo de novo

Que se diga sobre o Natal,

Toda a gente já sabe, mãe,

Há muitos anos que foi escrito,

Dito,

Cantado,

Que o Natal

É quando um Homem quiser

E que é Natal em todo o Mundo

Sempre que nasce um menino.

 

Mãe, conte-me algo de novo

Que se diga sobre o Natal,

Ah,

Queres que diga

Que no Natal,

Que em cada Natal que está por vir

Se cumpra,

O que desde o primeiro Natal,

Ficou por cumprir?

Mãe, mas isso já não foi dito?

Está bem, mãe,

Nunca é de mais repetir.

       Zé Onofre

03
Dez24

Dia de hoje IV 2024 - 20

zé onofre

20 – Morrendo

 

024/12/01

 

Mais uma tristeza,

Mais uma folha descolorida

Perdi neste outono.

 

A mais antiga árvore,

Que com amor semeamos,

– Gruta-CCL chamada – 

Já quase cinquentenária,

Num chão de pouco lavrado,

Está a morrer.

 

Morte lenta,

Doença crónica,

Devoradora do sonho.

Seiva que envelhece

Mesmo nas raízes

Que o primeiro alento lhe deu.

 

Foi,

E é ainda,

Pensava eu,

Uma árvore generosa,

Que gratuitamente dava frutos

Alimentados com alegria,

Embora embranquecida,

Do velho húmus

–Sonhos de futuro.

 

Pura ilusão

Ilusão de quem se ilude,

De quem não quer ver

O que à sua volta se ia passando,

 

 

Que anunciava o ia acontecer.

 

Aceito o cansaço,

De quase cinquenta anos

Remando contra a maré.

A suster esta árvore

No deserto que se tornou

O solo em abril lavrado.

 

Aceito que esmoreça a alegria

Que desmaie o sonho,

Que a vontade de lutar esteja exaurida.

Agora que esta folha caia,

Porque não se sente valorizado,

Valorização que nunca foi regateada

À sua entrega,

Ao seu mérito.

 

Que foque essa “valorização”

Na morte “do ser amador de uma causa”,

Para ser mais um profissional,

É triste, muito triste.

 

Apesar do desgosto

De mais um pouco de mim que se vai

E do sonho que mais um pouco que mingua,

Do sonho que já minguado está,

Resistirei,

Não sei “se ainda e sempre”

À mercantilização

Do amador.

    Zé Onofre

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