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025/02/23
A ameaça russa
“António Costa alertava no Financial Times que a “a Rússia deve ser encarada como ameaça global”, para acrescentar que a Europa deve negociar uma nova arquitetura de segurança que encare Moscovo como “uma ameaça não apenas para a Ucrânia”, escreve o Público no dia 18 do corrente.” In https://blogs.sapo.pt/ , blogue apropositodetudo, Manuel AR
Desde já quero dizer que não sou politólogo, não passo de um cidadão comum atento ao que aconteceu e acontece à minha volta. “Leio” os factos não como acontecimentos isolados no tempo, mas como o culminar de um processo que se vinha desenrolando e que continuará o seu caminho.
Não sou daqueles que olha para a história e diz que império Bizantino terminou com a Queda de Constantinopla no dia 29 de maio de 453 em que finda a Idade Média e se inicia à Idade Moderna.
Para quem vê na tomada de Constantinopla o fim da Idade Média no dia 24 de fevereiro de 2022 a Rússia invadiu a Ucrânia, ponto.
Desde que me conheço ouço falar na ameaça Soviética, comunismo, e desde a implosão da União Soviética na ameaça Russa.
O curioso é que o «medo» aos russos não é um fenómeno só de agora, mas que percorre toda a História da Europa.
Para não pensarem que falo porque sou alinhado com A, B, ou C, apoio as minhas afirmações em factos históricos que passarei a citar.
I – Do livro “A idade média no ocidente =dos bárbaros ao renascimento = Balard, Michel et alteri. – 1ª edição. – Publicações Dom Quixote, Lisboa, 1994.“
- A palavra Europa muda então de sentido. […] este termo cumula-se de uma conotação política e religiosa […] Catulfo qualifica Carlos Magno de «chefe do reino da Europa […] Este conceito da Europa respeita a todos os povos cristãos latinos e romanos.” – pág. 74
- “Como doravante é proibido reduzir um cristão à escravatura, a única alternativa é uma verdadeira «caça ao homem» entre os Eslavos” – pág.92
- “Povos situados em geral para além do Elba e do quadrilátero da Boémia” – pág. 72
- “Dinamarqueses e varegues (suecos) penetram por seu lado no coração do mundo Eslavo” – pág. 228
- “Henrique Leão, depois de ter fundado uma nova Lubeque em 1158, luta contra os Obodritas, organiza as marcas de leste e a Pomerânia. À medida que as conquistas avançam, recorre-se a colonos para ocuparem os territórios aos eslavos” – pág. 237
- “No final do séc. XIII a Lituânia ainda resiste à expansão germânica e à conversão […].” – pág. 238
II – no livro “O mundo moderno”, Corvisier, André. – Edições Ática, Lisboa, 1976
- “Ivã III (1462-1505) […] realizou a unificação territorial da Rússia, repeliu os Lituanos.” – pág. 107
- “A Rússia é separada da Europa Ocidental pelos polacos, lituanos, alemães (Cavaleiros Teutónicos, Cavaleiros Porta-Gládios, hanseáticos) que a consideram bárbara.” – pág. 107
- “Sigismundo, o rei da Polónia, aproveitou a oportunidade para tentar pôr o seu filho Ladislau no trono dos czares.” – pág. 168
- “pela paz de Stolbovo (1617), os russos abandonavam aos suecos o acesso ao golfo da Finlândia. A paz com a Polónia foi rompida em 1632. Os russos batidos tiveram de renunciar a Smolensk.” - pág. 172
- “A Polónia apoiava-se nos Cossacos […] revoltaram-se e colocaram-se sob a suserania dos czares, o exército russo aproveitou a oportunidade para retomar Smolensk. – pág. 172
- A paz […] de Andrussovo outorgava Smolensk e Kiev à Rússia.” – pág. 172
- “Carlos XII […] cometeu a imprudência de marchar contra Moscovo passando pela Ucrânia.” – pág. 310
- “Pelos tratados de Estocolmo (1719) […] a Rússia obtinha a Livónia, a Estónia, a Íngria, uma parte da Carélia e Viborg.” – pág- 310
III – do livro “A formação da Rússia moderna”, Kochan, Lionel .-Editora Ulisseia, Lisboa, sd
- “A nova Moscóvia do sec. XVII era já um Estado organizado […] Havia organização da população segundo os interesses do Estado.” – pág. 83
- “As cidades principais a ocidente, como Novgorod, Smolensk, continuavam ainda na posse dos suecos e polacos, respectivamente.” – pág. 94
- Depois de uma luta irregular, que incluiu um ataque a Pskov, terminou com a paz de Stolbovo, em 1617. A mediação da Holanda e Inglaterra, por motivos comerciais, e um empréstimo dos ingleses ajudaram a facilitar o acordo. A Moscóvia pagou uma indemnização de 20.000 rublos de prata, recebendo em troca a evacuação dos suecos de Novgorod […] ainda que continuasse em seu poder a costa sul do golfo da Finlândia. – Pág. 94-95
- A Polónia […] com Smolensko ainda em seu poder lançaram uma ofensiva que os levou, em 1618, às proximidades de Moscovo. […] em 1634 foi assinada uma «paz eterna».” – Pág.95
- “O seu fim desastroso verificou-se em 1650 na Ucrânia (Pequena Rússia) […] Conflito extremamente complexo entre polacos, Russos, e Cossacos […] A Polónia depois da sua união com a Lituânia em 1659, começava também a controlar os territórios da Lituânia.” – Pág. 96
- “De novo, aceitar ideias do ocidente, técnicas diversas, tinha de certo modo um sabor a traição, desde os tempos dos Cavaleiros da ordem Teutónica para cá apontava sempre a Moscóvia como um agressor.” – Pág. 99
- “Pedro foi certamente o mais venturoso e vigoroso de todos os czares nos seus esforços para tornar a Rússia (como Moscóvia se passou a chamar no seu reinado) capaz de competir com o Ocidente.” – Pág. 108
- Carlos XII [da Suécia], em vez de tirar partido da sua vitória de Narva marchando imediatamente sobre Moscovo, inflectiu para sul.” – Pág. 108
- “Pedro já fizera várias tentativas para obter a mediação da paz com a condição de conservar São Petersburgo.” – Pág. 115
- Em 1706, Carlos começou a marchar da Polónia para Leste […] em 27 de junho de 1709 (8 de julho do novo calendário) Carlos sitiou a pequena cidade-fortaleza de Poltava.” – Pág. 116
- [Na paz com a Suécia] ”A Rússia recebeu as terras da Livórnia, Estónia, Íngria, parte da Carélia […] e obrigava-se a restituir todo o território da Finlândia à Suécia.” – Pág. 117
- A influência germânica atingiu o seu apogeu em São Petersburgo sendo ministro dos Negócios Estrangeiros um dos seus representantes mais ilustres. Ele baseou a sua política numa aliança com os Habsburgo da Áustria em oposição ao sistema francês […] que abrangia a Suécia, a Polónia e a Turquia […].” – Pág. 142
- “Conflito Franco-Russo pelo trono da Polónia. Finalmente, após dois anos de luta, em 1733 a 1739, a Rússia conseguiu impor Augusto III.” – Pág.142
- “Em junho de 1812, o grande exército atravessou o Niemen penetrando em território russo.” – Pág. 157
- “Em 1853, tentou afirmar com maior vigor […] a Rússia como protectora dos súbditos Ortodoxos do Sultão. O Sultão recusou-se a aceitar […] a Rússia ocupou a a Moldávia e a Valáquia […] A França e a Inglaterra aliaram-se aos Turcos. A Austrália também se juntou […] tomaram a fortaleza de Sebastopol em 1855.” – Pág. 182
- “Em 1875, aquando das revoltas contra o poder turco em Bósnia e da Herzegovina – Pág. 203 – […] No verão do ano seguinte […] as forças sérvias e montenegrinas revoltaram-se contra os Turcos. […] Milhares de voluntários [russos] foram juntar-se aos sérvios […] no início de 1877 os sérvios foram derrotados. […]. Então os [russos] declararam abertamente guerra aos turcos. […] O tratado de Berlim de 1878 […] confirmou a independência da Sérvia, Montenegro e România […] e a anexação da Bessarábia pela Rússia.” – Pág. 204
- “Em 1908-9, quando a Áustria e a Hungria anexaram a a Bósnia e a Herzegovina […] a Sérvia reagiu encorajada pelo poder russo […] a Rússia sofreu um ultimato. Esta suspendeu de imediatamente o seu auxílio à Sérvia.” – Pág. 267
- “A primeira ofensiva russa [1ª grande guerra] culminou pela derrota de Tannemberg em agosto de 1914. A campanha foi empreendida para corresponder ao apelo dos franceses.” – Pág. 272
- [durante a revolução bolchevique] “Não evitou que destacamentos americanos, japoneses, […] ingleses, italianos desembarcassem em Vladivostok.” – Pág. 294
- [durante a revolução bolchevique]. Entretanto as tropas aliadas desembarcavam nos portos de Murmansk e Arcângel, no mar Branco.” – Pág. 294
- [durante a revolução bolchevique]. As tropas inglesas avançaram através do Baluchistão e da Pérsia.” – Pág. 294
- “Em dezembro de 1917 um acordo interaliado efectivado em Paris e assinado por Milner e Robert Cecil, em representação da Inglaterra, e por Clemenceau e Foch, pela França, dividiu a Rússia em esferas de interesses franco-ingleses.” – Pág. 295
- O último impulso veio da Polónia. Em abril de 1920 […] e em maio tomou Kiev.” – Pág. 299
IV – Da internet
Wikipédia – Organização do tratado do Atlântico Norte
- Em 1948, os lideres europeus, reuniram-se […] no Pentágono […] as negociações resultaram no Tratado do Atlântico Norte.”
- “Em 1954, a União Soviética sugeriu que deveria aderir à NATO para preservar a paz na Europa. Os países da Nato […] acabaram por rejeitar a proposta.”
- “Jack Matlock, o embaixador americano na União Soviética durante os seus anos finais, disse que o Ocidente deu um «compromisso claro» de não Expandir. […] Hans-Dietrich Gensher, então ministro das relações exteriores da Alemanha Ocidental disse, em conversa com Edward Shevardnaze: “Para nós, no entanto, uma coisa é certa, a NATO não irá expandir para Leste.”
Wikipédia – Pacto de Varsóvia
- “O acordo foi criado em reacção à integração da Alemanha Ocidental na Organização do tratado do Atlântico Norte, em 1955.”
Wikipédia – De Gaulle e a Europa
- “Retirou a França do comando militar da OTAN e lançou a palavra de ordem «A Europa do Atlântico aos Urais». O que demonstra que não tinha medo do Stalinismo, de Staline e respeitava o enorme sacrifício russo com 25 milhões de mortos causados pela ofensiva hitleriana. […] Este é um verdadeiro exemplo de um lutador pela Europa Independente, progressista e pluralista. Um exemplo infelizmente esquecido.” Espero que aqueles que tiveram pachorra para chegar até aqui tenha lido e que agora reflicta sobre o Títtulo