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Notas à Margem

Notas à Margem

26
Abr25

FrAgL - comunicados

zé onofre

 

 

Comunicado 13

 

Eleições legislativas 2025

025/Mai/18

 

Caro concidadão eleitor

 

Pedem-nos que no próximo Domingo 18 de maio, depositemos um boletim de voto com a nossa escolha “pessoal, livre e consciente” numa urna.

Concidadão eleitor, este apelo à nossa escolha “livre e consciente”, dá-me vontade de rir.

Dá-me vontade de rir porque todos os dias de todo o ano, de há muitos anos somos bombardeados com mentiras e enganos.

Logo à cabeça, concidadão eleitor, vem aquela, que de tantas vezes repetida nos querem fazer crer que é verdade – em que o secretário Geral do PS e o presidente do PSD (PSD/CDS-AD) e, agora também o presidente do CH, se apresentam, a nós cidadãos eleitores, como candidatos a primeiro-ministro.

Eles sabem, concidadão eleitor, que estão a mentir, a mentir conscientemente com quantos dentes têm. Porque eles sabem que são apenas, e não mais do que isso, candidatos a deputados.

A fazer coro, a esta mentira perigosa, vêm jornalistas, analistas e opinadores que em vez de lhes chamar a atenção para o facto de não haver candidatos a primeiro-ministro lhe perguntam como vais ser “se forem eleitos” para primeiro-ministro

A segunda mentira, caro concidadão eleitor, e tão ou mais grave que a anterior, é dizerem que se não ganharem as eleições (não conseguirem o maior número de deputados) deixarão que, quem tiver o maior grupo parlamentar, governe.

Eles sabem, e já o foi provado uma vez, que para se formar governo não é necessário ter-se o maior número de deputados eleitos. O que é necessário, caro concidadão eleitor, é que o indigitado primeiro ministro tenha o apoio parlamentar de 50% dos deputados eleitos mais um. E qualquer um, tenha o seu grupo parlamentar os deputados que tiver, pode ser indigitado para formar Governo e formará Governo se conseguir a dita, e já referida, maioria parlamentar.

Todavia, caro concidadão eleitor, mais uma vez jornalistas, analistas e opinadores não irão dissipar esta névoa de falsidades, vão comportar-se como megafones desses dirigentes partidários

Com base nestas duas mentiras, apoiadas por jornalistas, analistas e opinadores que pela sua atitude negam o que há de mais sério na sua profissão – o serem o mais imparciais que a sua consciência (parece que a não têm, pois comportam-se assim de eleição para eleição) lho permitir, caro concidadão eleitor, pressionam-nos e fazem chantagem sobre a nossa consciência e liberdade de  voto para que votemos nos seus partidos, porque votar em consciência e livremente em quem achamos que devemos escolher é inutilizar votos, porque votos úteis só nos seus partidos.

Caro concidadão eleitor, esta é a maior lavagem cerebral que nos querem fazer.

Porque nós sabemos, caro cidadão eleitor, que não há candidatos a primeiro ministro; porque nós sabemos que não é preciso um partido ter o maior número de deputados, o que eles têm é que negociar uma maioria parlamentar que sustente o Governo.

Portanto, caro concidadão eleitor, no próximo dia 025/Mai/18 vote em consciência.

Se acha que não vale a pena votar, embora, caro concidadão eleitor, isso seja deixar o destino do país nas mãos de outros, fique em casa, não é crime.

Se acha que nenhum partido ou coligação se identifica com o seu desejo de futuro para o país, mostre o seu desacordo votando em branco, ou anule o seu voto, também não é crime, é um cartão vermelho a todos osa partidos e coligações…

Finalmente, caro cidadão eleitor, temos o dever de votar no partido do nosso coração, mesmo que ele consiga apenas uma centena de votos, porque só assim estaremos a votar utilmente.

Votamos utilmente, caro cidadão eleitor, porque das eleições resultará um mapa correcto do pensamento de todos os portugueses,

Aumentar o número de votos num partido, caro concidadão eleitor, porque nos parece esse ser o mal menor, é ajudarmos a formar uma governação irresponsável que se julgará donos da nossa vontade, o que não é verdade.

Apenas lhe demos o nosso voto, caro concidadão eleitor, por que nos mentiram, chantagearam   coagiram a não votar “em consciência e livremente”.

Com toda a consideração

FrAgL Frente de Agitação e Luta

(publicado por Zé Onofre)

 

26
Abr25

Das eras - Parte V - em memória de Abril - livro 2

zé onofre

               1

 025/04/23

 Cantem-me um fado, por Maria João Brito de Sousa, em poetapoquedeusquer

Em tua memória

Gostaria de Cantar uma canção

Que nos deixasse suspensos

Sem tempo,

Sem espaço

A flutuarmos sobre um tempo,

Sem tempo

A planar sobre um espaço,

Sem espaço.

 

Cantar-te uma canção,

Daquelas que vindas do passado

Nas suas palavras, como asas,

Nas suas notas, como vendaval

Arrombassem os pesados portões

Feitos

De mentiras e demagogia,

De promessas por cumprir.

     Zé Onofre

Nota - esta republicação é  para desfazer dois enganos.

1º - Das eras parte V (e não parte VI) 

2º - O poema que inspirou este texto foi escrito por Maria João Brito de Sousa

 

 

 

 

 

 

25
Abr25

Das eras - Parte VI - em memória de Abril - livro 2

zé onofre

 

 

 

 

 

 

              1

 025/04/23

 Cantem-me um fado, por Mafalda Carmona, no blog Cotovia e Cª.

Em tua memória

Gostaria de Cantar uma canção

Que nos deixasse suspensos

Sem tempo,

Sem espaço

A flutuarmos sobre um tempo,

Sem tempo

A planar sobre um espaço,

Sem espaço.

 

Cantar-te uma canção,

Daquelas que vindas do passado

Nas suas palavras, como asas,

Nas suas notas, como vendaval

Arrombassem os pesados portões

Feitos

De mentiras e demagogia,

De promessas por cumprir.

     Zé Onofre

 

 

 

 

 

 

 

22
Abr25

Relevantar Spartakus - 81 -

zé onofre

Comunicado – 12             

Cravo.jpg

         

            1991/04/25                                                            1998/06/15

Há longos dezassete anos havia                              Emergimos.                                                       

Silêncio horrível, como pesadelos,                         De repente sentimos

Nas ruas. Ao amanhecer de um dia                        Os cabelos. a esvoaçar.

Calou-se e refugiou-se nos quelhos.                      Sentimos

                                                                                       Uma irreprimível vontade

Mansamente, como quem cria                               De abrir os braços                           

Ilusões em sonhos já velhos,                                 Tocar noutros braços

A gente incrédula via                                             E de corpo com corpo voar.

O medo abrir em cravos vermelhos.                      Vimos

                                                                                    Abruptamente irromper

Hoje que desse dia lindo                                        Com espanto,                                

Só nos resta saudade, tristeza,                                De quem acorda das sombras,

Religiosamente, vamos cumprindo                        A luz, a cor o bulício

                                                                                      De mil outros corpos,

Rituais simples ao entardecer,                                Que de cinzentos,

Com a melancolia que dá a incerteza                     Despercebíamos ao nosso lado.

Se abril se fez, ou se ficou por fazer.                      Foi assim.

      Cinquenta e um anos depois aproximamo-nos rapidamente do dia 24 de abril de 1974.

      Não vale a pena procurar culpados, a quem apontar o dedo. Todos somos responsáveis.

      Nós que dizíamos - «25 de Abril sempre, Fascismo nunca mais» - pensávamos que bastava, a cada ano que passava, festejar com canções e descer as avenidas das cidades. Nas aldeias com foguetes, pinturas e desenhos e provas de atletismo. Finalmente, nas aldeias, até isso desistimos de fazer.

Como andamos enganados. «25 de abril sempre», é resistir sempre. O Salazarismo/ Marcelismo estava afastado do poder, porém, as suas raízes mantiveram-se intactas. A raiz do Fascismo é o Capitalismo, que, ora se mascara de Democracia Liberal, e parece o Paraíso na Terra, ora assume a sua face mais «Vampiro» e começa a cortar, a destruir os direitos que os trabalhadores lhe conquistou. Inicia a Liberalizar = Privatizar a Saúde, a Segurança Social (reformas, subsídios de desemprego) com a desculpa que não há «dinheiro»

Entretanto os trabalhadores verificam que os seus salários reais baixarem e que empobrecem trabalhando. Quando necessário sentem-se obrigados a salvar bancos, cujos accionistas levaram à ruína. No fim os ricos a ficam cada vez mais ricos e os trabalhadores mais pobres.

Por isso, hoje, comemorar o 25 de Abril, não é recordar aquele de 1974. Comemorar o 25 de Abril, hoje, é começar a romper o cerco que de novo nos aprisiona.

 

25 de Abril.  Resistência sempre! Acomodação nunca mais!

18
Abr25

Dias de hoje, 2025

zé onofre

 

 

 

 

 

              9

 

025/04/17, AMT

 

Perco-me nos labirintos

Destes tempos,

Restos de caminhos já gastos

Já sem sentido

E da inexistência

De caminhos novos.

 

Por um caminho novo,

Ainda por caminhar,

Tento encontrar-me

Nos tempos idos,

Mas não tão distantes

Que ainda os sinto como de hoje

Os passos perdidos.

 

Em que ano, mês ou dia,

Em que momento me desencontrei

Da rota que o sonho urgia?

 

Será possível ainda,

Encontrar em tantas pontas perdidas,

o que me lavará

Ao sonho escondido?

   Zé Onofre

 

 

 

13
Abr25

Dias de hoje, 2025

zé onofre

               8

 

025/04/13

 

Às vezes,

Às vezes sinto-me pessimista militante.

 

Naqueles momentos

Em que as palavras me guiam

Por auroras chilreantes,

Noites de luar,

Ou de estrelas rutilantes

Há sempre uma pequena sombra

Do pessimista militante.

 

Em regressos ao passado,

A campos verde húmidos,

Que com tempo se irisam.

A troncos frios

Que se remoçam

Primeiro em véus diáfanos de mil cores,

Em verdes tenros a amadurecer,

Que bordejam campos e leiras.

A regatos turbulentos

Que vão esmorecendo para calmas águas,  

Que de pedra em pedra soltam notas,

De brilhos cintilantes

Há sempre uma pequena sombra

Do pessimista militante.

 

Quando

Volto a gatinhar

Por túneis de centeio,

A enlamear os pés,

Por entre os pés do milheiral.

As mãos escorrem uvas,

Do alto de uma escada,

De lá encostado quase ao azul,

Vejo as moças brejeiras,

Sob um cesto de uvas cansadas

Lá no alto mais alto do choupo,

Onde mal chega a mão tateante,

Há sempre uma pequena sombra

Do pessimista militante.

 

Quando de repente numa eira

Há um monte de douradas espigas

Que mãos jovens ágeis,  

E outras, menos ansiosas,

Domadas pela vida, as esfolham

Que de repente todas param

– Milho-rei –

Grita uma voz excitada,

De um corpo jovem corre o círculo,

A cobrar os abraços devidos,

E roubados beijos em fugaz instante.

Aí, cobrindo a eira,  

Há sempre uma pequena sombra

Do pessimista militante.

 

Naquelas alturas

Em que escrevo palavras,

Como cordas puxando o futuro

Para hoje já,

Ou, talvez quem sabe,

Para um amanhã pouco distante,

Escondido

Há sempre uma pequena sombra

Do pessimista militante.

   Zé Onofre

10
Abr25

Relevantar Spartakus, 81

zé onofre

              81, canção XXXIII

 025/04/10

Companheira mais uma manhã

Levanta-te, vamos trabalhar

Antes que a hora se vá

E o portão se fechar.

 

Vamos lá trabalhar, companheira,

No caminho outros já vão

Todos numa canseira

Para ganhar o pão.

 

Seja nos campos ensolarados,

Ou nas cinzentas fábricas,

Vamos todos corcovados,

Em passadas automáticas.

 

Companheiros, chegou o dia

De levantar os olhos ao sol,

De, com a nossa energia

Erguer um novo arrebol.

 

Unidos vamos cantar

Um hino de sacra união.

Sem medo vamos avançar

Fazer a nossa revolução.

 

Companheiros uma nova manhã

Chama. Unidas nossas vontades

Não será uma batalha vã

A que nos traz a liberdade.

      Zé Onofre

08
Abr25

Sobre ...

III A UE e a Ucrânia

zé onofre

IV

A guerra na Ucrânia … Opinião do Professor José Viriato Soromenho-Marques … 

 ( Licenciou-se em Filosofia, em 1979, pela Universidade de Lisboa, tendo obtido de seguida o grau de mestre em Filosofia Contemporânea pela Universidade Nova de Lisboa e o grau de doutor, em 1991, em Filosofia, pela Universidade de Lisboa com tese com título "Razão e progresso na filosofia de Kant".

Atualmente é professor catedrático na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, sendo regente das cadeiras de Filosofia Social e Política e de História das Ideias na Europa Contemporânea. Coordena o mestrado em Filosofia da Natureza e do Ambiente.

Desde 2022, é sócio efetivo da Classe de Letras da Academia das Ciências de Lisboa (7.ª Secção - Ciências Sociais e Políticas).[1]

In José Viriato Soromenho-Marques – Wikipédia, a enciclopédia livre (wikipedia.org) )

… em entrevista a Márcia Rodrigues no programa “Janela Global, RTP 3, no dia 4 de setembro de 2025

 

«[… (Márcia Rodrigues)]. Na questão da EU, eu penso que nós temos aqui uma questão de competência, a incompetência, ou seja, a Comissão Europeia tem mostrado a sua incompetência e nos últimos quatro anos, e eu acho profundamente lamentável que Úrsula von der Leyen tenha sido reeleita depois de ter tentado um, no fundo o modo como a União Europeia, antes da Guerra da Ucrânia não participou, enquanto EU, num processo diplomático com a Rússia, não é, como se a Rússia não fosse europeia […] claro, claro, Quando digo incompetência, quero dizer, fazer política é em primeiro lugar respeitar a realidade e nós estamos cheios na Europa de líderes nacionais e europeus que parecem que vivem num mundo de fantasia,

[… Europa enquanto UE]

Eu tento dar uma resposta que tenha algum conteúdo. Eu acho que temos aqui uma situação que parece paradoxal. Porque, por um lado os EUA, que foram o grande arquiteto do processo que conduziu ao longo de décadas a esta guerra na Ucrânia, ou seja, ao alargamento da NATO e sobretudo a partir de 2008 quando ficou muito claro que a presença da Ucrânia na NATO era inaceitável para os russos. Os EUA, dizia eu, através de Trump, ou seja […] E o próprio Trump que foi ele que em 2019 armou fortemente a Ucrânia, é como se fosse uma coisa completamente […] Como coisa completamente, se não tivesse nada a ver. E a EU que foi totalmente empurrada*para este processo que    A invasão russa … foi no dia 24/FEV/2022 e as sanções foram automaticamente despoletadas, já estavam preparadas, eram sanções que já estavam preparadas e não foram preparadas em Bruxelas. Quer dizer os EUA […]. Seguiram as instruções obedientemente e neste momento ficou numa situação patética, mas é patética, que já não tem nenhum objetivo a não ser, eventualmente através de um acidente, através de um erro resvalar para uma situação de escalada […]

O problema é o seguinte. É que enquanto houve uma renovação, através do processo eleitoral democrático nos EUA nós, na Europa, continuamos com os líderes que mantiveram a guerra. O Macron em França, a comissão europeia, von der Leyen, e outros membros da comissão europeia, Keil Starmer que vem na linha dos anteriores primeiros-ministros britânicos, que são efetivamente, … eu julgo que eles estão psicologicamente ligados à continuação da guerra, apesar de não terem uma base, o Starmer há pouco tempo numa análise de opinião, inquérito de opinião, dava-lhe menos de 20% de simpatia, contra 60% que estava contra ele. Eu penso que há aqui uma incapacidade de enfrentar a realidade. Quando a guerra começou, estou à vontade porque escrevi isso, o que poderia acontecer eram duas coisas, uma guerra entre, uma proxy war, no fundo o campo de batalha era a Ucrânia, os EUA e a Rússia e a NATO, também a Nato.

O que poderia acontecer. Uma de duas coisas seria uma vitória convencional da Rússia que é o que está a acontecer, uma vitória convencional da Rússia, para os objetivos limitados que a Rússia teve, porque não é ocupar a Ucrânia, como a propaganda dizia. Não é, nunca foi, não se invade um país com 190 mil homens, um país com 600 mil Km2, com mais de 40 milhões de habitantes com 190 mil homens […]

Há dois cenários mais tarde ou mais cedo de que o que está acontecer agora, vitória convencional da Rússia, ou então resvalar para uma guerra nuclear, uma guerra global. Evidentemente que qualquer estadista, se houver estadistas, percebe, não é sequer. Eu digo o seguinte o problema é que uma falta de visão dos estadistas começou muito antes. Porque esta guerra poderia ter sido evitada em 2014 em [os mesmos EUA, não quiseram] os europeus nada fizeram tudo por [também é verdade que não armaram a Ucrânia como um verdadeiro aliado arma, porque ao tempo apercebeu-se que tinha o tal receio de uma deflagração [nuclear]. O povo ucraniano é vítima de todo este processo. E neste momento estão a morrer milhares de soldados ucranianos, também justamente pela falta de coragem do lado europeu de assumirem que efetivamente foram cometidos erros [a Europa] tem uma maneira. Vou dar-lhe um exemplo como pode fazê-lo. Os alemães têm um míssil [Taurus] um míssil competente para os seus objetivos poderia fazer como fizeram os franceses, os ingleses e agora os americanos, como se viu agora num artigo do New York Times, dirigiram as operações de bombardeio com armas ocidentais, eles podem. O problema central é que Friedrich [Merz] vai ter que explicar aos alemães se de repente um míssil Oresnik atingir Ramstein, junto da base da Nato, ou alemã. No fundo, nós estamos numa situação em que é preciso racionalidade, de um bocadinho de naturalidade é isso que falta […] isso falta […] .

O simples facto que para mim, que venho do tempo da guerra fria e que escrevi sobre a guerra fria, na altura da guerra fria, de repente ver um conjunto de primeiros-ministros que não fazem a mínima ideia do que é uma guerra nuclear, nem sabem o incêndio que podem provocar, causa-me estupefacção […]

É um paradoxo, por um lado esta guerra começou, não por causas geoestratégicas, mas porque há um diabo no Kremlin, uma figura diabólica e depois ao mesmo tempo pomos toda a nossa esperança em que essa figura diabólica aja de forma absolutamente cândida e racional, quer dizer alguma coisa está mal [… um jogo] completamente arriscado […]

Que capacidade há de armar e reindustrializar a Europa gastar [milhões] 800.000.000.000.000,00 […]. Os cidadãos não vão tolerar um investimento na defesa, quando provavelmente vão ficar numa situação mais frágil mesmo sem digamos a situação das ondas de choque que vão atingir a economia da UE, devido a este novo quadro comercial proposto por Trump, mesmo sem isso, o plano de rearmamento era totalmente irracional porque isso iria obrigar a quê, era obrigar a cortarem a nível europeu, os orçamentos nacionais, o orçamento europeu, na despesa social, aliás a despesa social é toda nacional, nas políticas da modernização da economia, no combate à crise ambiental e climática, nem sequer me parece correto falar num grande desígnio, o armamento, a corrida ao armamento, não é um grande desígnio, a não ser para quem produz os armamentos, […]

A UE neste momento em que nos encontramos perdeu não só o prestígio, mas ela perdeu também um bocadinho da sua alma, ou seja, perdeu os objetivos centrais. Eu lembro-me ainda e participei ainda num processo […] O bloco da Paz, em qualquer conferência internacional quem representasse a UE era respeitado como um Ocidente não agressivo, cooperante […] e mais é campeão das alterações climáticas […] tudo isso mudou e nós temos aqui como europeus, como portugueses e europeus temos de ter capacidade de olhar no espelho e vermos onde erramos, agradecer o facto de até agora não ter acontecido nenhuma tragédia, mas não acreditamos que tal aconteça.»

Obrigado ao Soromenho-Marques por esta visão tão contraria aos belicistas,

Zé Onofre

03
Abr25

Comentários longos ---

zé onofre

III

 

O25/04/03

Sábado, 29 de março de 2025

Agonia da Democracia

«Li, na crónica de Miguel Sousa Tavares no Expresso desta semana (28 de março de 2025), uma frase que me fez parar: "O seu programa e o seu génio político é ter sabido interpretar a nova luta de classes, que não é entre quem tem e quem não tem, como imaginou Marx, mas entre quem sabe e quem odeia os que sabem.»

  1. Ao afirmar que Trump e os que o rodeiam não sabem, é quase dizer como Cristo na Cruz – Perdoai-lhes, porque não sabem o que fazem. Eles sabem muito bem o que fazem e a favor de quem o fazem – para o “creme”. dos Multimilionários

Estamos perante algo mais profundo, mais perigoso: uma revolta contra o conhecimento, contra a razão, contra os próprios pilares da civilização ocidental.

  1. Não, os pilares da civilização Ocidental, não são o conhecimento, e a razão, estes vieram como consequência da procura de mais riqueza. Os portugueses não assaltaram Ceuta para levarem conhecimento e razão, mas para controlarem a rota do ouro e dos cereais.

«E, no entanto, Trump não é um acidente. É o sintoma de uma doença que já se espalhou — o desprezo pela verdade, o culto da ignorância, a glorificação do instinto sobre o pensamento.»

  1. E quem espalhou o desprezo pela verdade, o culto da ignorância, pelo Mundo? Quem é que se diz democrata e espalha a desigualdade? Quem é que diz que todos temos os mesmos direitos, e cada vez mais corta os direitos dos trabalhadores? Quem é que diz que todos temos os mesmos direitos e as ideologias marxistas, já para não dizerem apenas trabalhistas, serem perseguidas como extremistas? Foi Trump? Foi Marie Le Pen, foi o André Ventura (este por acaso até foi quando era militante do PSD/PSD)? Não, quem mentiu, quem manteve na ignorância o Povo, prometendo o que nunca pensaram executar? Não foram os partidos socialistas _ social-democratas e socialistas e trabalhistas -, conservadores e liberais que nos governaram desde o final da segunda guerra mundial?

“Se a democracia americana, outrora farol do mundo livre”,

  1. Farol do mundo livre? Livre de quê? E as perseguições Mccarthystas? E o embargo a Cuba? E a interferência no Chile, no Brasil, na Bolívia, no Congo, no Salvador, na Nicarágua, no Vietname, no Laos, no Camboja, …?

 a nova luta de classes entre "quem sabe e quem odeia os que sabem" […] Não se trata de uma disputa por recursos ou poder no sentido tradicional, mas de uma guerra contra o conhecimento, contra a "expertise", […]  

  1. Não, é exatamente uma guerra pelo controle da maior quantidade de riquezas que há no mundo. Estes senhores não querem saber de conhecimento ou de ignorância, apenas querem saber por qual dos caminhos se atinge mais rapidamente os objectivos de maior concentração de riqueza, se é pelo conhecimento, vão pelo conhecimento, se é pela ignorância (falsa), por aí é o caminho deles, se é pela destruição das condições de vida ambientais, é precisamente por aí que eles vão, contra tudo e contra todos, e entre todos os maiores obstáculos, estão os cientistas que põem em causa os seus intentos predadores das riquezas mundiais.

Ele não pretende reformar o Estado de Direito; pretende substituí-lo por um regime de arbítrio, onde a sua palavra seja lei, para ele, o sistema nunca teve legitimidade.

  1. Qual estado de direito? Será que se os governos das democracias liberais, que nos governam desde o fim da segunda guerra, tivessem respeitado “o estado de direito”, estariam a nascer Trumps pelas esquinas de todos os países. Se os governantes que governam as democracias-liberais respeitassem o “Governo do Povo, pelo Povo e para Povo”, em vez de porem em prática “um governo dos ricos, pelos ricos e para os ricos”, os abutres Trumpistas & Cª, estariam onde estão?

a transformação do Partido Republicano num organismo personalista – outrora plural e comprometido com a ordem democrática – revela uma metamorfose perigosa,

  1. E quem foi que transformou os partidos, todos os partidos liberais, e não só o Republicano americano, mas o Democrata, os social-democratas – socialistas, trabalhistas, social-democratas – liberais conservadores, na vontade do Chefe, em que se o partido ganha, quem Ganha é o chefe e que se o partido perde, é o chefe que Perde, desresponsabilizando o Partido de todas as políticas impopulares que puseram em prática. Começou com Reagan, Thatcher, Blair e desde aí para os trabalhadores é sempre a perder. Trump só elevou à enésima potência o que Reagan iniciou.

O que restou do partido de Lincoln é uma máquina de obediência, que trocou a liberdade pela tirania do homem forte.
É, pois, imprescindível interrogar-nos sobre as raízes deste fenómeno: como foi possível que se chegasse a um ponto em que o desprezo pelos valores humanos, democráticos e civilizacionais se institucionalizasse, legitimasse

  1. Creio que a resposta está nos pontos anteriores.

O repúdio não só aos ideais europeus,

  1. Não é Trump que renega os valores Europeus. Quem começou a renegar os princípios Europeus foi a srª Thatcher. O sr. Blair, o Sr. Chirac, o sr. Helmut Kohl, o Sr. Soares, o sr. Cavaco, o Sr. Durão Barroso, o sr. Suarez, o sr Zapatero, a srª Ângela Merkel, e todos quantos

E como chegámos aqui? A resposta está na confluência tóxica entre uma comunicação social fragmentada, uma polarização alimentada por algoritmos, e um ressentimento profundo contra as elites

  1. Não digo que a conclusão esteja incorrecta, mas não vai ao fundo da questão. Voltemos aos anos a seguir ao fim da Guerra e vejamos como se comportaram os governantes anglo-europeus desde então até hoje. Comecemos pela sistemática ostracização da ideologia Marxista Leninista (mais fácil Comunismo) feita nos dois lados do Atlântico apenas pelo facto de existirem e serem uma voz anticapitalista.

Trump é o produto de uma sociedade que, em vez de procurar respostas para as suas frustrações, preferiu culpar os que as estudam.

  1. É o expoente do Capitalismo, onde vale tudo para acumular riqueza, nas mãos de uns poucos à custa da vida e sangue da maioria dos habitantes deste planeta.

O projeto ocidental, construído sobre ruínas de duas guerras mundiais, está a ser sabotado por quem deveria defendê-lo.

  1. O erro da Europa foi ter confundido “o projecto americano de domínio do mundo”, como projecto anglo-europeu (ocidental). Em vez de cerrarem fileiras, com todas as nações europeias, do Atlântico aos Urais (e, por conseguinte, do atlântico ao Pacífico), como defendia Charles De Gaulle, preferiram porem-se sob as garras da águia do império Anglo-americano, que sempre defendeu o Capitalismo e perseguiu o comunismo, na Coreia, no Vietname, na própria Europa, recusando o Plano Marshall à Itália, se o PCI ganhasse as eleições, combatendo o exército de libertação da Grécia ao lado do exército direitista do reino Grego.

A era Trump ilustra um paradigma político onde a ânsia pelo poder supremo sobrepõe-se à preservação dos direitos e da justiça, erodindo os alicerces que mantêm a ordem democrática.

  1.  

Claro que ilustra. A parte europeia do império anglo-europeu, enquanto teve a sombra de uma ideologia comunista forte, conquistada na luta antinazi ainda foi cedendo na luta contra o trabalho, mas preparando o caminho à criação de Grupos económicos cada vez mais fortes – 1º foi o BENELUX, depois a CECA a CEE e a EU – cujas instituições foram sempre acarinhando a Economia de Mercado em prejuízo dos direitos dos trabalhadores, até os políticos Europeus passarem a serem capachos do Capital Monopolista Imperialista.  Trump, e todos os outros que vão surgindo pelo mundo, como cogumelos em campos de outono, são apenas o culminar de uma Política feita de Capitalistas, pelos Capitalistas e para os Capitalistas. Não é Trump, e seus semelhantes na Europa, que destroem a Democracia. Foi a Democracia que se reduzindo a um denominador comum, a acumulação capitalista,  fez emergir a abstenção, a desilusão, o são todos iguais, que fizeram nascer o Desejo de um Messias, autoritário que seja, mas que ponha as coisas no sítio.

Assim surgiu Hitler, Mussolini, Salazar e Franco.

Entre eles e os partidos do "arco-do-poder" há uma coisa em comum - o Anticomunismo primário.

   Zé Onofre

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