Histórias de A a Z para aprender a ler e escrever - Livro II - Quimera
Quimera
Naquele dia claro e límpido
Estava a pintar no jardim
Uma menina vestida de névoa
Apareceu-me e disse assim:
O meu nome é Quimera.
Não me perguntou quem és,
Apenas sorrindo acrescentou,
Pinta-me como me vês.
Pôs-se à minha frente
Bailando como só ela
E a minha mão como louca
Bailou com as cores na tela.
Fez-se um silêncio
Uma funda quietação.
Quimera foi-se dançando
Esqueci-me da minha mão.
Rasgou o silêncio a tua voz
Meiga, mãe: filho, não vens?
Como eu não fosse vieste tu.
Que linda pintura, aqui tens!
Há uma doce incerteza
Que não quero desvendar,
Se o quadro o pintei eu,
Ou se foi a Quimera a bailar.
Olho o quadro na parede
À noite, quando me deito,
A Quimera solta-se do quadro
Vem bailar no meu peito.
Zé Onofre