Notas à margem Dias de hoje/2025
6, da identidade
025/03/18
Gosto da minha língua materna.
Quem a ofende,
Desprezando-a
Por qualquer idioma colonizador,
Ofende-me mais
Do que se me integrassem
Em outro qualquer Estado,
Mesmo que fosse o espanhol.
Não me arrepia,
Ser feito, de qualquer modo,
Espanhol ou francês,
Inglês ou americano,
Alemão ou italiano,
Russo ou chinês.
Quero lá saber
De onde vem o poder da opressão.
Do que não adico,
E gostaria que todos os falantes
Da nossa mátria língua,
Se deixassem colonizar
Pelo espanhol ou francês,
Alemão ou italiano,
Russo ou mandarim,
Dentro das linhas imaginárias
A que chamamos Portugal.
Pelo menos,
Enquanto não partir para a Mãe-Terra
Porque, então, falarei
A língua do vento,
Das águas dos riachos,
Das ondas dos mares,
Das tempestades e dos vendavais,
Dos astros no infinito do cosmos.
Zé Onofre