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Notas à Margem

Notas à Margem

22
Abr25

Relevantar Spartakus - 81 -

zé onofre

Comunicado – 12             

Cravo.jpg

         

            1991/04/25                                                            1998/06/15

Há longos dezassete anos havia                              Emergimos.                                                       

Silêncio horrível, como pesadelos,                         De repente sentimos

Nas ruas. Ao amanhecer de um dia                        Os cabelos. a esvoaçar.

Calou-se e refugiou-se nos quelhos.                      Sentimos

                                                                                       Uma irreprimível vontade

Mansamente, como quem cria                               De abrir os braços                           

Ilusões em sonhos já velhos,                                 Tocar noutros braços

A gente incrédula via                                             E de corpo com corpo voar.

O medo abrir em cravos vermelhos.                      Vimos

                                                                                    Abruptamente irromper

Hoje que desse dia lindo                                        Com espanto,                                

Só nos resta saudade, tristeza,                                De quem acorda das sombras,

Religiosamente, vamos cumprindo                        A luz, a cor o bulício

                                                                                      De mil outros corpos,

Rituais simples ao entardecer,                                Que de cinzentos,

Com a melancolia que dá a incerteza                     Despercebíamos ao nosso lado.

Se abril se fez, ou se ficou por fazer.                      Foi assim.

      Cinquenta e um anos depois aproximamo-nos rapidamente do dia 24 de abril de 1974.

      Não vale a pena procurar culpados, a quem apontar o dedo. Todos somos responsáveis.

      Nós que dizíamos - «25 de Abril sempre, Fascismo nunca mais» - pensávamos que bastava, a cada ano que passava, festejar com canções e descer as avenidas das cidades. Nas aldeias com foguetes, pinturas e desenhos e provas de atletismo. Finalmente, nas aldeias, até isso desistimos de fazer.

Como andamos enganados. «25 de abril sempre», é resistir sempre. O Salazarismo/ Marcelismo estava afastado do poder, porém, as suas raízes mantiveram-se intactas. A raiz do Fascismo é o Capitalismo, que, ora se mascara de Democracia Liberal, e parece o Paraíso na Terra, ora assume a sua face mais «Vampiro» e começa a cortar, a destruir os direitos que os trabalhadores lhe conquistou. Inicia a Liberalizar = Privatizar a Saúde, a Segurança Social (reformas, subsídios de desemprego) com a desculpa que não há «dinheiro»

Entretanto os trabalhadores verificam que os seus salários reais baixarem e que empobrecem trabalhando. Quando necessário sentem-se obrigados a salvar bancos, cujos accionistas levaram à ruína. No fim os ricos a ficam cada vez mais ricos e os trabalhadores mais pobres.

Por isso, hoje, comemorar o 25 de Abril, não é recordar aquele de 1974. Comemorar o 25 de Abril, hoje, é começar a romper o cerco que de novo nos aprisiona.

 

25 de Abril.  Resistência sempre! Acomodação nunca mais!

03
Jan24

Comentários longos 10

zé onofre

 

10 – Sobre um texto de d’oliveira

 

024/01/03

 

Não quero julgar a Opinião que cada um tem sobre o que acontece pelo Mundo.

Todos temos direito a uma, a defendê-la e a divulgá-la.

O que não temos é o direito de pensar que a nossa opinião é a Verdade e rotular, seja do que for, quem diverge de nós. Isso, quanto a mim, é manifestar uma opinião sob um princípio ideológico, e não uma conclusão baseada na análise dos factos.

Antes de nos pronunciarmos sobre um acontecimento do momento devemos enquadrá-lo no quadro histórico que lhe deu origem.

Ninguém acredita que a Idade média nasceu no momento exato em que o último Imperador Romano do Ocidente Rómulo Augusto abdicou em 476, a favor de Odoacro.

Certamente que ninguém pensa que Octávio tivesses acordado um dia e tivesse tido o impulso de ir à varanda do seu quarto e tenha proclamado o Império Romano de que ele seria o Imperador.  

Todos concordaremos que os triunviratos já prenunciavam o Império e que o sinal mais importante desse advento foi a quando Júlio César passou o Rubicão com as suas legiões, o que o Senado havia proibido.

  

I –  A guerra Rússia X Ucrânia

 

Antes de tomarmos “partido a favor de … ou “partido contra a …” devemos ter em consideração que para além destas duas há outras opções.

Para optarmos por qualquer opinião devemos refrescar um pouco a história, que conduziu a este momento.

Só uma pessoa de pouco senso achará que a agressão da Rússia – reprovável – aconteceu porque certamente naquele dia o Sr. Putin acordou maldisposto e que, para combater a neura, decidiu invadir a Ucrânia. Só um inocente acrítico, ou alguém que queira esconder o que realmente levou a Rússia a atacar a Ucrânia dirá que foi decidido por um louco.

1 – Em 1949 os EUAN e outros Estados aliados institucionalizaram uma aliança militar OTAN argumentando que a OTAN – assim se chamou aliança –era criada para que a Europa Ocidental se defendesse da influência Comunista e de um possível ataque Soviético.

2 – Em 1955, como reação da integração da RFA na OTAN a URSS e outros Estados criaram o Pacto de Varsóvia.

3 – Em 1991 A URSS autodissolve-se e com ela o Pacto de Varsóvia, seria desfeito pouco depois.

Pensaram, os idealistas deste Mundo, que, na consequência destes colapsos, acabada a ameaça Comunista e um possível ataque Soviético, tendo acabado os motivos que levaram à criação da OTAN, esta naturalmente se extinguiria. Ingénuos.

4 – A OTAN não só não se dissolveu como    entre «Entre 1999 e 2017 a NATO incorporou vários países da Europa central e de leste, […] ChéquiaHungriaPolóniaBulgáriaEstóniaLetóniaLituâniaRoméniaEslováquiaEslovéniaAlbâniaCroácia e Montenegro.» Na prática um cerco à Rússia.

5 – Para os EUAN (OTAN) a Guerra Fria apenas estaria ganha com a Rússia de Joelhos (embora a atual Rússia seja uma réplica do Capitalismo Monopolista Imperialista da EU e dos EUAN). Era preciso fechar o cerco e para isso tinham de atrair a Ucrânia.

Quando «Em 21 de novembro de 2013, Yanukovych suspendeu os preparativos para a assinatura do Acordo de Associação da UE, a fim de buscar relações econômicas mais estreitas com a Rússia. Em 17 de dezembro de 2013, o presidente russo, Vladimir Putin, concordou em emprestar 15 bilhões de dólares […]» (in Wikipédia).

A reação da OTAN/EU a esta decisão do presidente Ucraniano não se fez esperar.

Victoria Nuland «Terá sido a principal responsável pelos EUA na Revolução Ucraniana de 2014, estabelecendo a garantia de um avultado empréstimo aos revoltosos anti russos e uma das principais defensoras da entrega de armas defensivas contra o governo do presidente eleito da Ucrânia Viktor Yanukovych.» (in Wikipédia).

6 – Estavam lançadas as bases para uma reação Russa que via acontecer o que sempre temeu e que considerou uma agressão à sua segurança. O alargamento do cerco da OTAN a todas as fronteiras.

Penso que a OTAN e a EU, se tornaram joguetes e que foi por vontade dos EUAN que a Aliança Atlântica não se extinguiu e antes se alargou até à Rússia.

7 – Creio, que nada disto seja razão – aliás não há nenhuma razão para que qualquer Estado interfira nos assuntos internos de Outros, seja ela instigadora de golpes de Estado ou seja a intervenção bélica – para a atuação armada da Rússia na Ucrânia. Não é razão, mas ajuda a compreender o seu porquê.

E também mostra que EUAN/OTAN/EU não são os nobres paladinos em defesa (ajuda militar ilimitada de milhares de milhões de euros em armas e munições) de uma Donzela Inocente (Zelensky/Ucrânia).

8 – Após estes quase dois anos de conflito já são conhecidos os vencidos e os vencedores.

Os vencidos são os Povos Ucranianos e Russos mortos no campo da batalha

Os vencedores, os Interesses dos Monopolistas estejam eles sediados na Rússia, na EU, nos EUAN, em qualquer outro Estado ou em Paraísos Fiscais.  

 

II – Refrescar um pouco da história Palestina

 

 

A barbárie, que se desenrola na Palestina, ou se quiserem entre Israel e Hamas (uma boa maneira de esconder os Palestinos), não se iniciou em 7 de outubro de 2023, com o ataque dos Palestinos ao sul de Israel e a colonatos em território Palestino ocupado com a tomada de reféns.

1 – O início deste conflito pode-se colocar com atos cometidos ainda antes do final da 1ª Guerra e o final da 2ª.

Na Palestina, sob o domínio Otomano, conviviam Palestinos Judeus, Muçulmanos, Cristãos, de outras Confissões e até, quem sabe, sem confissão alguma.

Nos finais do séc. XIX nasce o movimento Sionista «na Europa Central e Oriental como um movimento de revitalização nacional e logo foi associado, pela maioria dos seus líderes, à colonização da Palestina. Segundo o pensamento sionista, a Palestina fora ocupada por estranhos.» (in Wikipédia)

O britânico Balfour em 1917, ainda decorria a 1ª Guerra, escreveu uma carta a Lionel Walter Rothschild, barão Rothschild «[…] para ser transmitida à Federação Sionista da Grã-Bretanha, referindo a intenção do Governo Britânico de facilitar o estabelecimento do “Lar Nacional Judeu” na Palestina» (in Wikipédia).

2 – Entretanto no teatro de guerra no Médio Oriente um britânico, o lendário Lawrence da Arábia, conseguiu unir os árabes contra os Otomanos que, com a cobertura de Ingleses e Franceses, lhes prometia que após a guerra seriam autónomos para se governarem.

Porém, nas esferas do poder Franceses e Ingleses tinham outros planos para a “Síria Otomana” – Dividiram-na em Síria do Norte – Líbano e Síria – para os franceses, e Síria do Sul – Palestina e Transjordânia – para os Ingleses.

3 – Se a declaração Balfour deu inicio a atritos entre as comunidades, Palestinas Judaica e Muçulmana, a tutela da Palestina, “protetorado inglês”, a situação piorou. Os Sionistas, sentiram que tinham carta branca, e recrutavam cada vez mais Judeus residentes nos Estados europeus para a “Nova Israel” que se estava formando na Palestina, a que eles, sionistas, chamavam Terra de Israel.

4 – Nos anos 20 e 30 do séc. passado a situação dos Judeus piora significativamente por toda a Europa e emigração de Judeus aumenta para a Palestina, pela ação ativa do Sionismo.  A hostilidade entre as Comunidades Judaica e Muçulmana acentua-se de tal maneira porque os Palestinos Muçulmanos vendo as suas terras serem cada vez mais ocupadas por Judeus vindos de fora, convencidos pela propaganda Sionista de um Estado Israelita, leva a um levantamento Palestino Muçulmano (1936/39) contra os Judeus e, principalmente, contra os Britânicos.

O movimento Sionista é agora chefiado por David Ben—Gurion tinha como objetivo a construção do Grande Israel do mar Vermelho ao Eufrates.

5 – No final da 2ª Guerra a Europa estava com o problema que fazer aos milhares de Judeus expatriados, principalmente saídos dos campos de concentração? A lógica seria repatriá-los, mas as Nações europeias não estavam interessadas em os receber e os próprios Judeus já não tinham confiança nos seus concidadãos. A Europa endossou então a solução para a recém-nascida ONU.

6 – ONU que era dominada – e continua a sê-lo – pelos vencedores da guerra, estados europeus e americanos nascidos pela emancipação de colonos europeus, cuja solução seria o que sempre fizeram durante séculos – uma Judiaria/Gueto – na Palestina, onde a comunidade Muçulmana se sentia ameaçada quer pela hipocrisia Inglesa, durante seu protetorado, e pelas ambições Sionistas de construção de um Grande Israel.

7 – Os decisores da ONU sabiam perfeitamente o sentir da Comunidade Muçulmana, desde o Levantamento de 1936/39. Contudo, a ONU insiste em criar dois Estados na Palestina, um Israelita e outro Muçulmano. Entrega a chefia do Estado Israelita ao Sionista David Bem-Gurion, que todos sabiam que nunca aceitaria um Estado Palestino, que ia contra as suas pretensões do Grande Israel onde apenas caberiam Judeus.

Não deveria ter sido surpresa para ninguém o Levantamento Palestino depois da proclamação do Estado de Israel.

8 – Assim, Israel por cada conflito ocupa territórios que deveriam ser do “pretenso” futuro Estado Palestino, contra as resoluções, meramente simbólicas, da ONU que Israel nunca respeitou, tendo sido sempre secundado pelo seu principal aliado EUAN.

O ato de 7 de outubro perpetrado pelos Palestinos insere-se no Movimento de Libertação de um Povo contra o seu Colonizador – Israel – «Nos finais do séc. XIX nasce o movimento Sionista «na Europa Central e Oriental como um movimento de revitalização nacional e logo foi associado, pela maioria dos seus líderes, à colonização da Palestina».

Agora que cada um tome o seu partido pela análise dos factos, e não por princípios ideológicos.

    Zé Onofre

21
Nov23

Que viva Spartakus - 43

zé onofre

                     41

 

023/11/23

 

É como um escorpião,

O capitalismo financeiro.

Todo o trabalhador

É um sapo nada matreiro.

 

É como um rio de cifrões,

A economia que de nós se alimenta.

Umas vezes é fio sereno,

Outras vezes é massa violenta,

                        

Provocada pelo escorpião insatisfeito

Que agita com ambição a corrente.

Atira-se, então, às costas do sapo.

Este humilhado leva-o em frente.

 

Quando a corrente acalma

O escorpião, seguro na margem,

Espeta, como é de sua natureza,

O ferrão a quem o levou por bem.

 

O sapo, desmemoriado e crédulo

Entorpecido por veneno e traição,

Na próxima tormenta já esquecido

Carregará de novo o escorpião.

 

Até quando sapo/trabalhador

Continuarás a ser bom menino

E a morrer à picada do escorpião

Como se fosse esse o teu destino?         

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