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Notas à Margem

Notas à Margem

05
Jun25

Das eras Parte VII - De regresso aos tempos das sombras e dos sussurros

zé onofre

               15

025/06/05

 

Descabelam-se.

Eles descabelam-se a descortinar o por quê

Para,

O que eles chamam,

«De avanço do populismo de Direita».

 

Dá pena vê-los  

Frente aos teclados dos jornais,

Aos microfones da rádio,

Nas pantalhas das televisões,

Elaborar raciocínios impossíveis

Que nada explicam,

Nada acrescentam ao que todos sabem.

 

Foram eles,

Que têm os livros,

Que são licenciados,

Quiçá mestrados,

Em jornalismo,

Em ciências políticas,

Que durante anos e anos

Noticiaram, comentaram, analisaram

O dia, a dia da vida política,

Os que hoje se descabelam,

E não olham para si próprios.

  

Vou ajudá-los a fazerem

Uma longa caminhada ao passado.

Para não se cansarem

E poderem encostar o ombro quando desabafarem,

Como pudemos ser tão cegos?

 

 

Lembram-se daquele dia

Na fonte luminosa?

 

Era, era ele,

Não duvidem é ele todo,

O dr. Mário Soares, à frente

E sim, também lá estão

O dr. Sá Carneiro

O dr. Freitas do Amaral.

Olhem bem mais profundo,

Não tão bem escondidos como pensam,

Os Spinolistas,

Os Kaúlza de Arriaga,

Algumas grandes dos torcionários,

Os assassinos do Padre Max.

Senhores doutores,

Começam a ter uma pista?

 

Olhem agora

É o major Jaime Neves,

A correr com alguns camaradas do MFA.

Vejam bem quem aplaude.

Mário Soares e Sá Carneiro,

Freitas do Amaral,

Os fascistas do MDLP,

E os do MIRN não podiam faltar,

E os militantes colonialistas do PDC.

Já todos esfregam as mãos de contentes,

É agora que se cumpre a vontade Salazarista

E se extermina a escumalha Comunista.

Já se vos faz alguma luz?

 

Vejam, bem visto,

Como aqueles três partidos,

 

PS, PPD/PSD e CDS,

Se apressam a rever a Constituição,

A inscreverem Portugal,

Um dos filhos mais pobres da Europa,

No Clube Especial dos Eurocapitalistas,

CEE, vulgo Mercado Comum.

Poderiam os trabalhadores

Quererem ir mais longe,

Assim ficavam travados,

Sem veleidades de enfrentarem

Quem lhes oferecia o leite e o mel.

Continuam cegos, nem uma pistazinha?

 

Olhem,  

Quem vem naquele avião,

Os Champalimaud, os Melo,

Os Espírito Santo,

Os Ulrich,

E todos os outros monopolistas

Afilhados do Salazarismo,

E os Latifundiários absentistas.

 

Vieram,

Tomaram conta de tudo,

A que segundo PS, PSD, CDS/PP,

Tinham direito.

Siderurgia e cimentos,

Indústria Naval e Química,

Bancos e seguradoras,

Da eletricidade e dos petróleos,

Dos correios e das telecomunicações,

E os latifundistas dos latifúndios.

Lentamente tudo tomou o normal Salazarista

E depois,

 

Os grandes Monopolistas nacionalistas

Passaram tudo aos Monopolistas europeus,

E de outros cantos do mundo.

Ainda é denso o nevoeiro?

 

Para que tudo isto acontecesse

Os partidos “democratas”

Os partidos “do arco do poder”,

E foram vocês senhores doutores

Jornalistas, analistas e politólogos

Que se estremaram a convencer os portugueses disso.

Os outros, com mais ou menos deputados,

São para provar, digamos assim,

Que isto é um regime democrata,

Mas esquecem-se que um cravo só

Não faz um jardim.

 

Tão do poder eles são,

Que seguiram políticas tão semelhantes,

Sempre às ordens de Bruxelas,

Obedientes e agradecidos,

A revogarem direitos dos trabalhadores,

A favorecerem o Capital Financeiro,

Que quase se tornaram irmãos gémeos,

Os cidadãos, desiludidos e enganados,

Deixaram de ir votar.

Votar em quem?

São todos iguais.

 

Há os outros

Porém, jornalistas,

Analistas e politólogos,

E os partidos “Democratas”,

Cansaram-se de propagandear,

Que eles eram causa perdida.

 

Então, alguma luz, ao fundo do túnel?

 

Um dia apareceu um partido,

CHEGA chamado,

Que tinha soluções para tudo.

 

Com a devida vénia a Eça,

Entendamo-lo.

 

« – Senhor espalhou-se por aí que vindes restaurar o País.

A questão “de género” é complicada.

Qual é o vosso princípio nesta questão?
– “Abaixo a corrupção” – disse.   
– Bem! E em “ética política”?
– “Abaixo a corrupção” – Bradou.
– Viva! E em educação?
– “Abaixo a corrupção” – Roncou.
– Safa! E nos “direitos do trabalho?”
– “Lutar contra a corrupção” – mugiu.
– Apre! E em questões de “imigração”?
– “Abaixo a corrupção!” – Rugiu.
– Santo Deus! E em questões “de impostos”?
– “Abaixo a corrupção” – uivou.
   Fizeram-se novas “perguntas”

– Que pensa dos governos dos últimos cinquenta anos?
– “Abaixo a Corrupção” – rouquejou.
    Fez-se uma nova tentativa, agora ao ouvido.  
– De quem gosta mais,

   Do Salazarismo ou da Democracia?

– “Abaixo ..., -. ia a bravejar.»

Baixinho ao ouvido do jornalista,

- Gosto mais do Salazarismo,

Mas não diga nada à democracia.

Já entenderam?

 

Recapitulemos.

Quais foi o partido

Sempre desproporcionalmente tratado?

Que partidos eram acarinhados

Desde que servissem para enfraquecer aquele?

Que partido,

Nos últimos três anos, teve sempre um micro à sua espera?

Já se vos fez luz?

 

Certamente que sim.

Continuam descabelando-se

Porque, sendo a resposta tão óbvia,

Tão simples

Mostraria quão conivente fostes

No descrédito da democracia.

 

Vós que tendes os livros,

Que sois licenciados,

Mestrados,

Ou quiçá doutorados,

Em Jornalismo,

Em análise e ciência Política,

Mesmo nesta altura fazem a pergunta errada.

Em vez de se descabelarem

A responder a “Como chegamos aqui”,

Deveriam responder

“Como demoramos cinquenta anos,

Para chegar aqui?”

   Zé Onofre

22
Mar25

Das Eras VII

zé onofre

              18

 

025/03/16

 

Diziam num postal «Mantenho o que venho a escrever ao longo dos últimos anos: ignorar e não cuidar da democracia é deixar os extremos (quer de direita, quer de esquerda) crescer, e por conseguinte, as suas perigosas ideologias no que à igualdade, imigração, desinformação e geração de riqueza diz respeito.».
Sobre este parágrafo, para mim o mais importante do artigo, comento o seguinte, que é a minha opinião e não uma verdade absoluta.
Vejamos.
1. «Mantenho o que venho a escrever ao longo dos últimos anos: ignorar e não cuidar da democracia é deixar os extremos[...] crescer.»
Parece-me que se todos os partidos fossem extremistas na defesa dos seus princípios ideológicos não haveria o pantanal onde se movem os políticos que nos têm governado e talvez na Assembleia da República estivessem deputados exigentes com o que pensam ser  o bem público e não com os seus interesses..
2 . «as suas perigosas ideologias» 
Por quê perigosas? Perigosas para quem? Qualquer ideologia é, para quem defende uma outra, é perigosa. É ver como os partidos, ditos não extremistas, - PS, PSD/PPD-CDS/PP - se acusam uns aos outros de perigosos para a economia, para a saúde, para a educação, para a habitação, ... cujas ideias, conforme a linha mal demarcada entre eles, a serem levadas à prática, seriam um desastre para Portugal. Contudo, há quase cinquenta anos que nos governam e por não serem radicais nas suas propostas cá continuamos no lameiro.
3. «e geração de riqueza diz respeito» 
A questão não está na produção da riqueza, que produzida ela é de acordo com os meios humanos, sociais, educacionais e tecnológicos de que dispomos. A questão está em como distribuir a riqueza. 
Há uma passagem da Maria, no livro "Histórias da Maria-dos-olhos-grandes e do Zé Pimpão", escrito pelas crianças Canuto, Jorge e Glória, que diz mais ou menos assim - Olha zé vou semear um jardins para todos. Se não chegar para todos, cada um terá um canteiro, se ainda não forem suficientes, terão uma flor e se as flores forem poucas ao menos todos terão o perfume. - Este é o verdadeiro problema. 
E a democracia só se resolverá, e será democracia, quando a riqueza for distribuída pela razão. Como escrevia António Aleixo - 
"O pão que sobra à riqueza
distribuído pela razão, 
matava a fome à pobreza
e ainda sobrava pão."
Sejamos todos radicais na defesa deste principio e a democracia, democracia, não correrá perigo.
Esta é a minha verdade, não é ."o caminho, a verdade e a vida".

   Zé Onofre

02
Fev24

Das Eras Parte VI - 7

zé onofre

37

 

024/02/02

 

As vias “democráticas” para o NAZI-FASCIMO

 

1º Caminho

As Democracias liberais burguesas são, sejam repúblicas, ou monarquias constitucionais, são o campo fértil onde as sementes do Nazi-fascismo se desenvolvem e prosperam.

O mais caricato é que são os partidos que mais defendem aquela democracia que preparam e adubam o terreno para que o Nazi-fascismo desabroche.

O primeiro passo é reduzirem a escolha política a duas correntes que, concorrendo entre si para conseguirem o maior número de deputados para poderem governar, não se opõe no essencial.

Uma tem da democracia uma visão em que o Governo do Estado abrande o poder do Capital e dê aos trabalhadores um certo número de direitos, mas que não firam de modo algum os princípios da doutrina do Mercado. O outro tem uma visão de Um Governo do Estado que defende um mínimo de interferência do Estado – este deve fundamentalmente dedicar-se à segurança policial interna e ter um exército, mesmo que nominal, para defesa externa e órgãos judiciais – os Tribunais. No resto deve ser obra do Mercado e para aqueles que o Mercado atira para as margens, então lá estará um Estado caritativo para os cuidados paliativos na doença, na educação e talvez na habitação.

Porém o que têm de comum – a defesa do Mercado – é mais forte do que aquilo que os divide. E nessa defesa do comum tornam-se cada vez mais idênticos na conquista dos apoios do poder Económico e na luta pelo maior número de votos.

O segundo passo, nesta sua caminhada para a hegemonia marginalizam todos que não seguem a teoria do Mercado, mas sempre com alguns limites mais ou manos apertados – a corrente de Esquerda que a combate frontalmente – e os que defendem um Estado Liberal, puro e duro – a corrente da Direita não Democrática, dizem eles.

Ao reduzirem a escolha entre “Um e o Outro” começam a fazer promessas, já não baseadas numa ideologia que os distinga, mas num pragmatismo que os confunde, deixando os cidadãos entre escolherem a cara ou a coroa de uma mesma moeda.

O resultado é a abstenção, seguida de desilusão dos cidadãos que, cansados de ouvirem sempre as mesmas promessas iguais de um e do outro, estão prontos para ouvirem qualquer voz que se lhes apresente como messiânica ou Salvadora.

Esta voz não sai de uma manhã de nevoeiro dos subterrâneos de partidos onde se acoitaram à espera da sua oportunidade.

O terceiro passo é criar uma informação dócil e obediente aos cânones desse pensamento único e normalizado, que eles próprios definiram como normal.

A Imprensa – o 4º poder – como se intitulava e embora ainda assim se julgue, deixou de o ser, para se tornar uma caixa de ressonância do Pensamento Único.”

Estão tão cativos desse Pensamento único que com a sua prática excluem os que se apresentam como verdadeira alternativa ao Estado a que Isto Chegou.

Distorcem a constituição na senda   do Pensamento do Centrão, dizendo, como avençados que parecem – à mulher de César não lhe basta ser séria, tem também que o parecer – ser daqueles partidos. Nas suas análises, nos seus comentários – onde pontificam sempre os mesmos, como se não houvesse outros – repassa a falsa ideia que numas eleições legislativas está em causa a Eleição do Primeiro-ministro. Em vez de ser o contraditório daquela opinião e informar que o que está em causa, naquelas eleições, é eleger deputados e que uma maioria deles aprovará, ou não, o Governo do Primeiro-ministro do partido mais votado.

Com esta atitude incorrem em dois crimes contra a democracia que dize defender.

O primeiro – reduzem, as correntes divergentes deles, a meras figuras de retórica, em que não vale a pena votar, por inutilidade (porque não formarão governo), levando o eleitorado ao “voto contra A, ou contra B”, em vez de serem votos a favor.

O segundo – não informa, desinforma. Ao não informar o que está escrito na constituição leva a que na única vez em que ela se cumpriu – à exceção das maiorias absolutas – todos gritassem golpe, roubo, traição quando aquela deveria ser a norma. Ao não informar devidamente os cidadãos desvaloriza o papel dos deputados a meros “sim, ministros” e os dos outros partidos a deputados inúteis.

Assim se destrói o pluralismo democrático.         

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