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Notas à Margem

Notas à Margem

18
Jan24

Comentário 331

zé onofre

                   331 

 

 023/12/12

 

Sobre «O meu conto de Natal», Isabel Silva em 023/12/11, no blog https://imsilva.blogs.sapo.pt

 

Há sempre um caminho,

Para suster os nossos passos

Que passantes

Passam decisivos,

Ou titubeantes.

 

Poderemos não saber

Para onde iremos,

Procuraremos 

Sem saber o quê

Porém algo haverá.

 

Numa paragem algures

Estará o que desejaríamos.

Se for o que ansiosamente

Andáramos a ansiar,

Respiraremos serenamente.

 

Poderá acontecer

Que nessa pausa

Esperada, inesperada,

Poderá não estar

O fruto que tanto esperáramos.

 

Novos passos se iniciarão,

Novas passadas por caminhos

Conhecidos ou desconhecidos,

Ou que as nossas passadas

Traçarão rumo ao futuro.

 

Um dia finalmente,

Com maior ou menor dificuldade,

Saltará diante de nós,

O objeto desejado

Com a dimensão da felicidade.

 

Felicidade,

Porque teremos conseguido,

Ou satisfação

Por nunca havermos desistido

Por qualquer razão.

  Zé Onofre

02
Set23

Notas à margem - Canto triste - Canção XXIII

zé onofre

023/09/02

Canção XXIII

 

Passei por ti vinhas da escola,

Passei por ti vinhas da escola

Vinhas de aprender a lição.

Trazias o saber na sacola,

Trazias o saber na sacola,

A vida em cada mão.

 

Passei por ti saías da carreira,

Passei por ti saías da carreira

Mesmo à porta do liceu.

Vinhas com aquela maneira,

Vinhas com aquela maneira

De quem o mundo é todo seu.

 

Passei por ti vestias de escuro,

Passei por ti vestias de escuro,

Bem ao contrário do que sentias.

Vivias no presente o futuro,

Vivias no presente o futuro,

Em orgias de fantasia e alegria.

 

Passei por ti logo a seguir à festa,

Passei por ti logo a seguir à festa,

Por ruas, praças e avenidas.

Ainda trazias o brilho na testa,

Ainda trazias o brilho na testa,

Dos sonhos com que teceste a vida.

 

Passei por ti vinhas quais crianças,

Passei por ti vinhas quais crianças,

Que ainda mal aprenderam a andar.

Tropeçavas em destroçadas esperanças,

Tropeçavas em destroçadas esperanças,

Consumidas antes de a vida começar.

 

Passei por ti de ti estavas ausente,

Passei por ti de ti estavas ausente,

Na fila à porta que gelou o futuro.

Esperavas com, como a ti, igual gente,

Esperavas com, como a ti, igual gente,

Que se acenda, mesmo frágil, luz no escuro.

 

Passei por ti tinhas desistido,

Passei por ti tinhas desistido,

De lançar no mundo novas sementes.

Não te acomodes no lamento de vencido,

Não te acomodes no lamento de vencido,

Vai unir-te aos irredutíveis resistentes.

    Zé Onofre

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