Levantar 2
Como ando com falta de ideias para a escrita, hoje vou transcrever um panfleto que encontrei num café de uma aldeia vizinha. Como o achei interessante e penso que deve ir um pouco mais longe resolvi publicá-lo aqui. Espero que chegue mais longe do que os cafés da aldeia vizinha. Ei-lo -
Carta aos Eleitores
"Esta geração europeia vai ser a primeira que vai viver pior do que os pais"
Porque será, sr. João?
Caro leitor eleitor, se por acaso tiver algum, leiam bem a opinião de um dos novos Gurus da nossa política, surgido das alas do Liberalismo, ressurgido nos fins do séc. passado, como se fosse uma nova ideologia que surgia para salvação da humanidade.
Talvez, o que vou escrever, não seja novidade para muitos de vós, mas talvez a vossa memória esteja um pouco esbatida. Então as palavras que escreverei serão um despertar da memória para alguns e informação nova para outros.
No final da segunda Guerra, os vencedores – EUAN, URSS, Reino Unido – sentiram a necessidade de encontrar uma solução definitiva, tanto quanto podem ser definitivas as soluções políticas, para uma paz duradoura na Europa.
Os vencedores desentenderam-se por motivos ideológicos. De um lado os EUAN e o Reino Unido, do outro a URSS.
Os EUAN e o RU temiam a influência da URSS. Não a temiam militarmente a sua Opositora, temiam-na ideologicamente. Para os governos dos EUAN e o RU consideravam a ideologia da URSS perniciosa para os seus interesses.
De Gaulle, da resistência francesa ao Nazismo apoiada pelo Reino Unido, em oposição aos vencedores, EUAN e RU, tinha a opinião que a paz na Europa teria de incluir todas as nações do Atlântico aos Urais, incluindo obviamente a URSS.
Assim não o entenderam os EUAN e o RU e preferiram dividir a Europa em áreas de Influência, ideologicamente antagónicas.
Os EUAN para conquistarem a simpatia das nações europeias puseram em marcha o Plano Marshall. Este plano despejou milhares de milhões de dólares nas mãos das nações europeias, contudo estas apenas receberiam o apoio se eliminassem a possibilidade de os “partidos comunistas” virem a governar.
Foi assim em todas as nações europeias, mas principalmente na Itália e na Grécia onde Os partidos Comunistas tinham grande influência pelo seu papel desenvolvido na Resistência Antinazi/Fascista.
Da rivalidade ideológica facilmente se passou à rivalidade militar. Os EUAN propuseram a criação da OTAN, para conter a ameaça soviética e o perigo vermelho. A seguir a URSS reagiu com a criação do Pacto de Varsóvia. Iniciava-se a Guerra Fria.
Durante os anos da Guerra Fria as sociedades ocidentais, com medo do tal perigo vermelho, organizaram o poder de Estado à volta da Social-Democracia e do Conservadorismo. Contudo um fundo ideológico os unia – o medo do perigo Vermelho.
Em consequência desta realidade os governantes ocidentais foram cedendo às reivindicações sindicais, incluindo acordos colectivos de trabalho, férias, apoio na saúde, subsídio de desemprego, redução progressiva do horário de trabalho, pagamento de horas extraordinárias, …
Nos anos oitenta do séc. passado ganha força nos EUAN e RU o liberalismo, embora nos EUAN nunca tivesse tido um estado “social” à europeia, que se apoiava nos seguintes pilares ideológicos – destruição dos sindicatos (ou controlados pelos interesses da burguesia); privatização total de todos os meios de produção; privatização dos serviços sociais; implementação dos acordos individuais de trabalho; diminuição do tempo de apoio no desemprego; privatização dos fundos de reformas; privatização dos apoios de saúde; privatização das unidades de cuidados de saúde, fundamentalmente os hospitalares; …
Tudo isto se passa numa época em que a URSS passa por convulsões internas, próprias e levadas de fora, que culminou na queda do Muro de Berlim.
Foi a partir daí que o Sol sorriu ao Liberalismo e acordou velhos Fantasmas que andavam encapotados nos velhos partidos institucionais.
A social-democracia que tinha programas semelhantes, mas ainda assim distintos, aproximaram-se dos conservadores. Estes por sua vez, vendo em crescendo os partidos Nazi-fascistas, incluem nos seus programas reivindicações destes e todos os partidos do sistema guinam à direita.
A social-democracia e o conservadorismo europeu, teoricamente separados, mas unidos na ação vão degradando o Estado Social a tal ponto que os a população pobre aumenta, não só entre os desempregados, mas com trabalhadores que não ganham o mínimo para se sustentarem devido ao abaixamento contínuo dos salários e à acumulação da riqueza nas mãos de uns poucos.
Então aparecem os Liberais como os salvadores da economia e do bem-estar social, com propostas tão novas como o séc. XVIII, quando foi fundado o Estado conforme o conhecemos.
Para estes Liberais a situação a que chegamos não é devida à má distribuição da riqueza se deve às políticas sociais do Estado.
De 1995 a 20021 – depois da queda do Muro de Berlim -
1. «1% mais ricos concentram 38% de toda a riqueza produzida no mundo
Desde 1995, os 50% mais pobres capturam apenas 2% do montante. Hoje, 520 mil bilionários, que fazem parte do 0,01% mais rico, concentra 11%».
(https://economia.ig.com.br/2021)
Entendem agora qual o objetivo dos Liberais – e seus parentes da AD e Chega – em quererem destruir o Estado Social que a Luta dos Trabalhadores - e o medo do Perigo Vermelho – até à queda do Muro de Berlim.
A partir dessa data tem sido um regabofe, para a Burguesia Capitalista Multimilionária –
«A riqueza acumulada pelo 1% mais abastado da população mundial agora equivale, pela primeira vez, à riqueza dos 99% restantes.
Essa é a conclusão de um estudo da organização não-governamental britânica Oxfam, baseado em dados do banco Credit Suisse relativos a outubro de 2015.»
Digam ao Sr. Cotrim de Figueiredo porque é que «Esta geração europeia vai ser a primeira que vai viver pior do que os pais».
FAL – Frente de Agitação e Luta
Com agradecimento à FAL
Mota Barbosa