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Notas à Margem

Notas à Margem

13
Mar25

Notas à margem Dias de hoje 2025

zé onofre

              4

 

025/03/13

 

A vida ouve-se lá fora.

Talvez a chuva,

Que lenta cai,

Seja a vida

A escorrer pelas vidraças,

Dos nossos olhos.

 

E a vida cai,

Lentamente escorre

Penetra na terra

Onde entrará no Cosmo

Até voltar um dia

Poeira das estrelas,

Novas extensões da vida

Que agora se ouve lá fora.

    Zé Onofre

03
Set23

Notas à margem - Dia de hoje 93

zé onofre

               93 – Natal

 

023/09/03

 

Este ano,

O meu desejo de Natal,

É que não haja Natal

Por desnecessário e anacrónico.

 

Porque desde sempre

Apenas o sol iluminava os dias

E que a noite

Apenas conhecia a lua e as estrelas.

 

Porque o solo

Apenas tinha memória

De ser rasgado pelos ferros do arado,

Apenas fora pisado por tratores,

E nunca sentira o peso de botas cardadas,

Nem de máquinas de lagartas.

 

As cidades apenas sabiam

De edifícios que eram lares

E não construções de paredes esventradas.

 

Os verdes e floridos jardins

Tinham apenas a lembrança

Das alegrias, tristezas, brincadeiras e brigas das crianças,

Do arrulhar e arrufos de namorados,

Do silêncio/memória dos reformados.

 

Nos bosques apenas havia vestígios

Do desenvolvimento harmonioso da vida selvagem,

Ao som do vento e da chuva,

Da brancura da neve e das geadas,

Dos temporais e das bonanças,

De homens, mulheres e crianças

Em alegres passeios e piqueniques.

 

Os rios e os lagos desde há muito

Eram o habitat da vida aquática,

A serenidade das suas águas

Apenas eram cortadas por árvores que tombavam,

Pelo remar de pequenos barcos,

Onde felizes humanos

Conversavam e cantavam a vida.

Havia também o registo de corpos,

Mais ou menos elegantes

Que nas suas águas procuravam prazer.

 

Os mares, desde tempos imemoriais,

Apenas eram navegados por cruzeiros,

Navios cargueiros,

Respeitados pelos humanos

Que nunca dele fizeram o seu caixote do lixo,

Quanto mais estrada de máquinas de morte.

 

Os ares, apenas sabiam,

Que eram o lar das nuvens e das aves,

A fonte dos relâmpagos e dos trovões,

Caminho de aviões que os cruzavam

Com intenções de negócios,

Ou como mensageiros de tristezas e alegrias,

Ou apenas destino de descanso e recreio.

Os ares nunca souberam que poderiam ser voados,

Por máquinas furiosas que desovavam,

Inclementes, ovos de morte sobre a superfície.

 

As ruas, praças e avenidas,

Desde tempos antigos

Sentem passos de pessoas,

Sem pressas nem correrias,

Que apenas viviam a vida

Com alegrias, choros, tristezas e gargalhadas,

A olharem o longe sem medo

Que do nada surgisse a morte.

O seu único receio era que um  pássaro passageiro

Largasse sobre elas um dejeto ligeiro.

 

Dos campos, das minas, das fábricas e dos mares

Apenas se fabricava e extraía o necessário.

Não se produzia para o excesso,

Nem para acumular riqueza,

E produzir pobres.

 

Este ano,

O meu desejo de Natal,

É que não haja Natal

Por desnecessário e anacrónico.

   Zé Onofre

13
Jul23

Comentário 320

zé onofre

                 320 

 

023/07/12    

 

Sobre, Tempo perdido, por Cotovia (MC), em 023/06/04 no blog https://cotoviaecompanhia.blogs.sapo.pt/

 

                    Em busca

 

Sentado neste banco, meu companheiro

De sonhos e de viagens impossíveis,

Recapitulo a vida por inteiro

E sinto que poderiam ser viáveis.

 

Tivessem tido um outro mensageiro 

A divulgá-los sem as palavras frágeis

Deste homem que os deixou no tinteiro

Tanto tempo que ficaram inviáveis. 

 

Estendido neste banco ao comprido,

A ver as estrelas, que ainda estão

Lá em cima, distante como lhes é devido

 

Sinto que não foram sonhados em vão.

Tudo o que sou apenas faz sentido

Pelo caminho de que fiz o meu chão.

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