Relevantar Spartakus - 81 -
Comunicado – 12

1991/04/25 1998/06/15
Há longos dezassete anos havia Emergimos.
Silêncio horrível, como pesadelos, De repente sentimos
Nas ruas. Ao amanhecer de um dia Os cabelos. a esvoaçar.
Calou-se e refugiou-se nos quelhos. Sentimos
Uma irreprimível vontade
Mansamente, como quem cria De abrir os braços
Ilusões em sonhos já velhos, Tocar noutros braços
A gente incrédula via E de corpo com corpo voar.
O medo abrir em cravos vermelhos. Vimos
Abruptamente irromper
Hoje que desse dia lindo Com espanto,
Só nos resta saudade, tristeza, De quem acorda das sombras,
Religiosamente, vamos cumprindo A luz, a cor o bulício
De mil outros corpos,
Rituais simples ao entardecer, Que de cinzentos,
Com a melancolia que dá a incerteza Despercebíamos ao nosso lado.
Se abril se fez, ou se ficou por fazer. Foi assim.
Cinquenta e um anos depois aproximamo-nos rapidamente do dia 24 de abril de 1974.
Não vale a pena procurar culpados, a quem apontar o dedo. Todos somos responsáveis.
Nós que dizíamos - «25 de Abril sempre, Fascismo nunca mais» - pensávamos que bastava, a cada ano que passava, festejar com canções e descer as avenidas das cidades. Nas aldeias com foguetes, pinturas e desenhos e provas de atletismo. Finalmente, nas aldeias, até isso desistimos de fazer.
Como andamos enganados. «25 de abril sempre», é resistir sempre. O Salazarismo/ Marcelismo estava afastado do poder, porém, as suas raízes mantiveram-se intactas. A raiz do Fascismo é o Capitalismo, que, ora se mascara de Democracia Liberal, e parece o Paraíso na Terra, ora assume a sua face mais «Vampiro» e começa a cortar, a destruir os direitos que os trabalhadores lhe conquistou. Inicia a Liberalizar = Privatizar a Saúde, a Segurança Social (reformas, subsídios de desemprego) com a desculpa que não há «dinheiro»
Entretanto os trabalhadores verificam que os seus salários reais baixarem e que empobrecem trabalhando. Quando necessário sentem-se obrigados a salvar bancos, cujos accionistas levaram à ruína. No fim os ricos a ficam cada vez mais ricos e os trabalhadores mais pobres.
Por isso, hoje, comemorar o 25 de Abril, não é recordar aquele de 1974. Comemorar o 25 de Abril, hoje, é começar a romper o cerco que de novo nos aprisiona.
25 de Abril. Resistência sempre! Acomodação nunca mais!
