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Notas à Margem

Notas à Margem

09
Jul25

Das eras Parte VII - De regresso aos tempos das sombras e dos sussurros - 18

zé onofre

  18

 

025/07/08

 

Para todos aqueles que quase tocaram o futuro e o viram

 

 «sem mais nem menos

Que um dia selei a 125 azul.

Foi sem mais nem menos,

Que me deu para arrancar sem destino»

(com a devida vénia aos Trovante).

 

*

Não sei se os caminhos foram cruzados,

Se trocados foram os caminhos,

Ou caminhos enrodilhados

Na roda dos tempos.

 

Não sei de onde e que névoa se levantou,

Se vinda nos ventos do passado,

Se nos caminhos presentes se levantou,

Para não vermos o futuro a ser roubado.

 

Adivinhava-se através da clara madrugada,

Uns dias entre todos tão deslumbráveis,

Com problemas inovadores, não os da noite passada,

Que apenas em caminhos novos são espectáveis.

 

De repente, por artes desconhecidas

Convencidos que seguíamos rumo seguro

Deparamos com as mesmas dores sofridas,

Esbarramos com o passado e não com o futuro.

 

Caminhar outra vez nos subterrâneos apetece,

Minar nos sussurros e nas sombras a prisão

Do pensamento que de manso cresce,

Sussurrar como quem grita - Outra vez, Não.

Zé Onofre

17
Mar25

Das eras VII

zé onofre

                  16

025/03/15   

 

«No meu país 3,5 milhões de pessoas ganham, brutos, entre 800 a 1.000 euros mensais. No meu país, envelhecido, esse número será bem mais baixo na classe dos reformados, outros 3 milhões.», Maria João in utopiasconcretizaveis.blogs.sapo.pt/portugal-fracassado-parte-IV

Apenas nos podemos queixar de nós próprios.

Tivemos a porta aberta para um futuro diferente desta democracia-liberal, que invariavelmente cai na corrupção. O mal da nossa corrupção democrata liberal é que, ao contrário das corruptas do norte da Europa, é pobre.

Apenas nos podemos queixar de nós próprios.

Tivemos a porta aberta para um outro futuro que nunca tinha sido experimentado em lado algum e recusamo-lo para correr atrás de promessa onde "corria o leite e o mel" e estes mais não eram do que "baba ensanguentada" de povos explorados ao redor do mundo, mesmo nas ricas e corruptas democracias liberais.

Apenas nos podemos queixar de nós próprios.

Tivemos a porta aberta para um outro futuro, contudo fechamos-lhe a porta e corremos com, mentiras e aleivosias, aqueles que acreditavam ser possível criar esse futuro.

Se hoje diz que não se pode ser digno neste nosso país, apenas nos podemos queixar de nós próprios, porém ainda há dignidade naqueles que mesmo contra ventos e marés, continuam a lutar por um futuro diferente aqui e agora.

      Zé Onofre

03
Dez24

Dia de hoje IV 2024 - 20

zé onofre

20 – Morrendo

 

024/12/01

 

Mais uma tristeza,

Mais uma folha descolorida

Perdi neste outono.

 

A mais antiga árvore,

Que com amor semeamos,

– Gruta-CCL chamada – 

Já quase cinquentenária,

Num chão de pouco lavrado,

Está a morrer.

 

Morte lenta,

Doença crónica,

Devoradora do sonho.

Seiva que envelhece

Mesmo nas raízes

Que o primeiro alento lhe deu.

 

Foi,

E é ainda,

Pensava eu,

Uma árvore generosa,

Que gratuitamente dava frutos

Alimentados com alegria,

Embora embranquecida,

Do velho húmus

–Sonhos de futuro.

 

Pura ilusão

Ilusão de quem se ilude,

De quem não quer ver

O que à sua volta se ia passando,

 

 

Que anunciava o ia acontecer.

 

Aceito o cansaço,

De quase cinquenta anos

Remando contra a maré.

A suster esta árvore

No deserto que se tornou

O solo em abril lavrado.

 

Aceito que esmoreça a alegria

Que desmaie o sonho,

Que a vontade de lutar esteja exaurida.

Agora que esta folha caia,

Porque não se sente valorizado,

Valorização que nunca foi regateada

À sua entrega,

Ao seu mérito.

 

Que foque essa “valorização”

Na morte “do ser amador de uma causa”,

Para ser mais um profissional,

É triste, muito triste.

 

Apesar do desgosto

De mais um pouco de mim que se vai

E do sonho que mais um pouco que mingua,

Do sonho que já minguado está,

Resistirei,

Não sei “se ainda e sempre”

À mercantilização

Do amador.

    Zé Onofre

07
Mar24

Dia de hoje 99

zé onofre

 

              99

 

024/03/07

 

Me confesso decidido,

Irei votar.

Seria uma traição,

Não votar.

Uma traição ao meu passado,

A quem sonhou liberdade na prisão,

A quem foi morto a tiro na rua,

A quem foi assassinado nos campos,

A quem pôs primeiro a nossa vida,

Dando pelo futuro a sua.

 

Seria dar-me por vencido.

Sei que com o voto nada mudarei,

Porque o futuro apenas se altera com ação.

Foi agindo,

Correndo à frente dos choques,

Para numa esquina pararmos em choque

Com as mãos escorrendo sangue

De outrem atropelado por algum dos choques.

 

Por isso confesso.

Está decidido vou votar.

Não votar,

Seria apagar as passadas

Lá atrás dadas

Renegar os passos, 

Para conquistar a liberdade de votar,

Nas ruas, reclamada.

 

Confesso que vou votar

Sem condicionamentos de apelos inúteis

Que querem comprar consciências,

Que deite às malvas a razão

Que me moveu a lutas difíceis,

E me move para futuros incríveis.

 

Vou votar numa ideologia,

Num programa que aponta um futuro,

Não para um “País”, entidade abstrata,

Mas para Portugueses, entidades concretas.

Não quero saber,

Se o partido em que votarei terá um só voto,

E que esse voto seja só o meu.

 

Vou votar sem condicionamentos,

Sem dar ouvido aos cantos da sereia,

Que apelam a paraísos mil vezes prometidos,

Outros mil rasgados,

De novo colados com cuspo,

Com apelo ao voto útil,

Tornando inútil

O que de mais íntimo

Sentimos.

 

Não quero saber, se A é mau,

E se a escolha de B, é pior,

É lá vem a história da carochinha,

É preciso votar no menos mau.

E onde fica a liberdade?

Onde fica a minha escolha,

Que por acaso não é A nem B?

Como poderemos realmente saber

O que cada Português

Quer para bem dos Portugueses,

E não o que é melhor

Para os patrões de Bruxelas,

Capatazes servis do Mercado?

  Zé Onofre

 

Votarei «útil».

Votarei no partido da minha preferência.

Votarei Branco.

Votarei Nulo.

 

Não me digam

Esse voto é perdido.

Ninguém me diga,

Vem por aqui.

Irei por onde quero,

Porque sei para onde quero ir,

E não é pelo vosso «voto útil».

13
Fev24

Comentários -

zé onofre

 

                334 

 

024/01/12

 

Sobre Despidas, 1 Foto, 1 Texto, imsilva, Jan 12, 2024 em https://imsilva.blogs.sapo.pt/

 

De mãos nuas aqui chegamos,

As mãos nuas daqui levaremos.

Não importa o que daqui levamos,

Apenas tem valor o que aqui fizemos.

 

Triste daquele que só dos ramos

Da sua árvore fez os seus remos,

Para que, depois da partida, os anos,

O isentem da mortalidade que temos.

 

Apenas alcançará a imortalidade,

Quem se esquece de onde vem.

Que lutará apenas com verdade,

 

Com esforço e a certeza que tem

Que, o que faz, o faz com lealdade

Para construir o futuro que aí vem.

  Zé Onofre

18
Jan24

Comentário 331

zé onofre

                   331 

 

 023/12/12

 

Sobre «O meu conto de Natal», Isabel Silva em 023/12/11, no blog https://imsilva.blogs.sapo.pt

 

Há sempre um caminho,

Para suster os nossos passos

Que passantes

Passam decisivos,

Ou titubeantes.

 

Poderemos não saber

Para onde iremos,

Procuraremos 

Sem saber o quê

Porém algo haverá.

 

Numa paragem algures

Estará o que desejaríamos.

Se for o que ansiosamente

Andáramos a ansiar,

Respiraremos serenamente.

 

Poderá acontecer

Que nessa pausa

Esperada, inesperada,

Poderá não estar

O fruto que tanto esperáramos.

 

Novos passos se iniciarão,

Novas passadas por caminhos

Conhecidos ou desconhecidos,

Ou que as nossas passadas

Traçarão rumo ao futuro.

 

Um dia finalmente,

Com maior ou menor dificuldade,

Saltará diante de nós,

O objeto desejado

Com a dimensão da felicidade.

 

Felicidade,

Porque teremos conseguido,

Ou satisfação

Por nunca havermos desistido

Por qualquer razão.

  Zé Onofre

02
Set23

Notas à margem - Canto triste - Canção XXIII

zé onofre

023/09/02

Canção XXIII

 

Passei por ti vinhas da escola,

Passei por ti vinhas da escola

Vinhas de aprender a lição.

Trazias o saber na sacola,

Trazias o saber na sacola,

A vida em cada mão.

 

Passei por ti saías da carreira,

Passei por ti saías da carreira

Mesmo à porta do liceu.

Vinhas com aquela maneira,

Vinhas com aquela maneira

De quem o mundo é todo seu.

 

Passei por ti vestias de escuro,

Passei por ti vestias de escuro,

Bem ao contrário do que sentias.

Vivias no presente o futuro,

Vivias no presente o futuro,

Em orgias de fantasia e alegria.

 

Passei por ti logo a seguir à festa,

Passei por ti logo a seguir à festa,

Por ruas, praças e avenidas.

Ainda trazias o brilho na testa,

Ainda trazias o brilho na testa,

Dos sonhos com que teceste a vida.

 

Passei por ti vinhas quais crianças,

Passei por ti vinhas quais crianças,

Que ainda mal aprenderam a andar.

Tropeçavas em destroçadas esperanças,

Tropeçavas em destroçadas esperanças,

Consumidas antes de a vida começar.

 

Passei por ti de ti estavas ausente,

Passei por ti de ti estavas ausente,

Na fila à porta que gelou o futuro.

Esperavas com, como a ti, igual gente,

Esperavas com, como a ti, igual gente,

Que se acenda, mesmo frágil, luz no escuro.

 

Passei por ti tinhas desistido,

Passei por ti tinhas desistido,

De lançar no mundo novas sementes.

Não te acomodes no lamento de vencido,

Não te acomodes no lamento de vencido,

Vai unir-te aos irredutíveis resistentes.

    Zé Onofre

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