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Notas à Margem

Notas à Margem

14
Jan24

Comentários - 330

zé onofre

                   330 

 

023/12/03

 

Sobre “hoje”, Di em  https://1mulher.blogs.sapo.pt/, 023/12/03

 

Poesia sobre azul

Que o vento,

Esse poeta inquieto,

Escreve,

Apaga,

Reescreve,

Explana,

Concentra,

Esfarrapa.

 

Poesia

Do momento que passa

Coerente

Com o momento do vento

Subtil intérprete

Do instante.

 

Com vagar escreve

E apenas levemente modifica

O que ainda agora

Escreveu.

 

Com passos apressados

Inicia

Apaga

Palavras tão escangalhadas

Como os seus pés,

Inquietos corredores.

 

Quando

Num assomo se enfurece

Mistura as palavras dos dicionários,

Faz malabarismos com os alfabetos,

Misturando na sua escrita

Pó e dor,

Sangue que de veias abertas,

Em corrente se escoa,

Que apenas corpos

De olhos vítreos,

Caídos na areia,

Sabem interpretar.

 

E a nós,

que nada entendemos

Sobre o que vemos

Do deserto pintado

A vermelho de sangue,  

Espelhado no céu,

Resta-nos calar a pena

E deixarmos ao vento

Escrever a história.

   Zé Onofre

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