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Notas à Margem

Notas à Margem

26
Set23

Histórias de A a Z para aprender a ler e escrever - Livro III - Lenda

zé onofre

     LENDA 

 

Era uma vez Lara,

Pastora de longo cabelo,

Que guardava o gado

Ao pé de um castelo.

 

Era uma vez Luís,

De olhar penetrante,

Que do alto do castelo

Vigiava o mundo distante.

 

Um certo dia Luís,

Cansado do horizonte,

Descansou os olhos

Na encosta do monte

 

Reparou, então, em Lara

Pastora de rara beleza

Que guardava o seu gado

Junto á fortaleza.

 

Esquecendo a vigia,

Descurando o dever,

Voando pela escada

Com a Lara foi ter.

 

Vieram os inimigos,

Velozes e matreiros

Tomam o castelo

Fazem-nos prisioneiros.

LENDA.jpg

Vendo tudo perdido

Sem outros meios

Chamou em socorro

O amigo feiticeiro.

 

Atendido o pedido

Foi só um momento

Ficaram penedos

Largados no tempo.

 

Hoje, quem lá sobe

Sente um arrepio

Ao ver aquela beleza

Ao sentir o vento frio

 

E diz, ainda, a lenda

Que o amor continua

E no mês de Agosto

Dançam à luz da lua

   Zé Onofre

18
Set23

Histórias de A a Z para aprender a ler e escrever - Livro III- REVOLTA DOS MEDOS

zé onofre

REVOLTA DOS MEDOS  

 

Lá,

Nas curvas

Onde o mundo acabava,

Para os pequenos,

Havia voltas

E revoltas de medo

 

Longe, muito longe,

Onde o mundo acabava

Havia uma mata

Húmida e sombria

Onde o medo crescia

 

Lá,

Onde o mundo

Acabava de repente

Olhares esquivos

Espreitavam,

Por entre as folhas

Húmidas e sombrias,

Ameaçadores.

 

Lá,

Nas revoltas do medo,

Onde o medo crescia

Das sombras escondidas

Lobos uivavam

À luz da lua.

        Zé Onofre

CURVA DOS MEDOS.jpg

03
Set23

Notas à margem - Dia de hoje 93

zé onofre

               93 – Natal

 

023/09/03

 

Este ano,

O meu desejo de Natal,

É que não haja Natal

Por desnecessário e anacrónico.

 

Porque desde sempre

Apenas o sol iluminava os dias

E que a noite

Apenas conhecia a lua e as estrelas.

 

Porque o solo

Apenas tinha memória

De ser rasgado pelos ferros do arado,

Apenas fora pisado por tratores,

E nunca sentira o peso de botas cardadas,

Nem de máquinas de lagartas.

 

As cidades apenas sabiam

De edifícios que eram lares

E não construções de paredes esventradas.

 

Os verdes e floridos jardins

Tinham apenas a lembrança

Das alegrias, tristezas, brincadeiras e brigas das crianças,

Do arrulhar e arrufos de namorados,

Do silêncio/memória dos reformados.

 

Nos bosques apenas havia vestígios

Do desenvolvimento harmonioso da vida selvagem,

Ao som do vento e da chuva,

Da brancura da neve e das geadas,

Dos temporais e das bonanças,

De homens, mulheres e crianças

Em alegres passeios e piqueniques.

 

Os rios e os lagos desde há muito

Eram o habitat da vida aquática,

A serenidade das suas águas

Apenas eram cortadas por árvores que tombavam,

Pelo remar de pequenos barcos,

Onde felizes humanos

Conversavam e cantavam a vida.

Havia também o registo de corpos,

Mais ou menos elegantes

Que nas suas águas procuravam prazer.

 

Os mares, desde tempos imemoriais,

Apenas eram navegados por cruzeiros,

Navios cargueiros,

Respeitados pelos humanos

Que nunca dele fizeram o seu caixote do lixo,

Quanto mais estrada de máquinas de morte.

 

Os ares, apenas sabiam,

Que eram o lar das nuvens e das aves,

A fonte dos relâmpagos e dos trovões,

Caminho de aviões que os cruzavam

Com intenções de negócios,

Ou como mensageiros de tristezas e alegrias,

Ou apenas destino de descanso e recreio.

Os ares nunca souberam que poderiam ser voados,

Por máquinas furiosas que desovavam,

Inclementes, ovos de morte sobre a superfície.

 

As ruas, praças e avenidas,

Desde tempos antigos

Sentem passos de pessoas,

Sem pressas nem correrias,

Que apenas viviam a vida

Com alegrias, choros, tristezas e gargalhadas,

A olharem o longe sem medo

Que do nada surgisse a morte.

O seu único receio era que um  pássaro passageiro

Largasse sobre elas um dejeto ligeiro.

 

Dos campos, das minas, das fábricas e dos mares

Apenas se fabricava e extraía o necessário.

Não se produzia para o excesso,

Nem para acumular riqueza,

E produzir pobres.

 

Este ano,

O meu desejo de Natal,

É que não haja Natal

Por desnecessário e anacrónico.

   Zé Onofre

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