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Notas à Margem

Notas à Margem

20
Nov24

Cantos tristes - XXIX

zé onofre

 

Canção XXIX

024/09/14

 «Pergunto ao vento que passa …»,

Uma voz que se levantou

Naquele tempo de desgraça

Por que o Povo passou.

 

«… Notícias do meu país.»

Continua a voz desterrada,

Arrancada a profunda raiz,

Dos campos da sua terra amada.

 

Naquele tempo da ditadura

Era fácil levantar a voz,

Apesar da prisão, da tortura

E da morte que pairava sobre nós.

 

Hoje não há soturnas cadeias,

Não há candeeiros disfarçados

Que espiem actos e ideias

Que nos levem encarcerados.

 

Hoje não é tão fácil como ontem

Levantar a voz contra a opressão

Que do nosso corpo se mantém,

Que anda por aí sem identificação

 

Não é tão fácil como ontem

Descobrir os vis assassinos

Que como quem nos quer bem

Nos espetam os ferozes caninos.

 

Hoje não é tão fácil como ontem

Avistar os novos vampiros

Que com desfaçatez e desdém

Nos subtrai os últimos suspiros

 

Hoje é urgente usar a canção

Alerta da revolução por fazer.

Com as armas que temos na mão

Contra o capital lutar e vencer.

    Zé Onofre

12
Mai24

Canto triste - Canção - XXVI

zé onofre

                   XXVI

 

024/03/04

 

Caro amigo, de lutas velho companheiro,

Temos de arranjar mais tempo p’ra falar.

Tentar perceber, em que caminho ou carreiro,

Perdemos a lucidez e a vontade de lutar?  

 

Talvez tenhamos minimizado o inimigo

Deixámo-lo sem vigilância constante.

Esquecemos o cuidado daquele amigo

Que dizia tende cuidado a cada instante.  

 

Como seria que ele, com um só ouvido,

Conseguia distinguir, entre tantos pregões

Iguais prometiam tudo com igual alarido,

Quais eram pura mentira, eram apenas ilusões.

 

Como é que nesta mentira nos deixamos cair?

Agora aprendemos na pele, nos ossos até à raiz

Dos cabelos, que basta estar atento e ouvir

Se o discurso se dirige às pessoas ou ao País.

 

Há quem fale genericamente para todos.

Agora, cuidado, muito cuidado meu amigo,

Toma atenção, é uma floresta de engodos.

Exploradores e explorados num só gigo?

 

Uns prometem fazer dos círculos quadrados,

Outros dão o sol na eira e chuva no nabal,

Quer um quer outro são mentirosos refinados,

São casos para um severo tratamento mental.

 

Vamos ter cuidado e manter vivo o ouvido,

Estar atento de onde vem tão doce canção.

É que esconde o verdadeiro e real sentido,

Que não passa de uma reles e vil imitação.

 

Companheiro, agora a luta é mais acutilante,

Começa pela atenção ao que cada um, fala,

Tendo em atenção ao que se faz bom falante,

O importante não é o que diz, é o que cala.

  Zé Onofre

Deixemo-nos de olhos baixos, caídos a lamentar

Descuidos passados em denunciar os aldrabões

Agora é a hora de saltar á rua e alto cantar,

Cuidado amigos, com os vendedores de ilusões.

08
Fev24

Cantos tristes - XXIV

zé onofre

Canção XXIV

 

024/02/08

 

Jovem em teu peito sinto a revolta

E ausência de forças para lutar.

Jovem, em tua boca sinto palavras

De rebeldia que dizes sem expressar.

 

Jovem, de teus olhos desprendem-se raios

E não encontras alvos para acertar,

Em teus braços há músculos esperando

Uma faísca que os faça retesar

 

Se houver algum muro que a impeça

Não penses deixa estar

Que se tu o desejares tanto

Não vai há ver muro que para a parar.

 

Mira-te no exemplo dos teus maiores,

Escuta-os dizendo como alcançar,

Fica sabendo que há sempre um rio

De forças prontas a que te podes juntar

 

Aprende como construir o futuro

Apertando a outra mão à tua mão

Sereis uma corrente de lav’em chama

Que jorra de um adormecido vulcão.

 

Se houver algum muro que a impeça

Não penses deixa estar

Que se tu o desejares tanto

Não vai há ver muro que para a parar.

 Zé Onofre

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