Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Notas à Margem

Notas à Margem

14
Jan24

Comentários - 330

zé onofre

                   330 

 

023/12/03

 

Sobre “hoje”, Di em  https://1mulher.blogs.sapo.pt/, 023/12/03

 

Poesia sobre azul

Que o vento,

Esse poeta inquieto,

Escreve,

Apaga,

Reescreve,

Explana,

Concentra,

Esfarrapa.

 

Poesia

Do momento que passa

Coerente

Com o momento do vento

Subtil intérprete

Do instante.

 

Com vagar escreve

E apenas levemente modifica

O que ainda agora

Escreveu.

 

Com passos apressados

Inicia

Apaga

Palavras tão escangalhadas

Como os seus pés,

Inquietos corredores.

 

Quando

Num assomo se enfurece

Mistura as palavras dos dicionários,

Faz malabarismos com os alfabetos,

Misturando na sua escrita

Pó e dor,

Sangue que de veias abertas,

Em corrente se escoa,

Que apenas corpos

De olhos vítreos,

Caídos na areia,

Sabem interpretar.

 

E a nós,

que nada entendemos

Sobre o que vemos

Do deserto pintado

A vermelho de sangue,  

Espelhado no céu,

Resta-nos calar a pena

E deixarmos ao vento

Escrever a história.

   Zé Onofre

20
Dez23

Dias de hoje - 90

zé onofre

              90

 

023/12/20

 

No tempo em que o tempo parava

 

Naquele tempo,

Antes de este tempo

Que em tudo que toca macula

Que das mais pequenas coisas

Faz objeto de consumo,

O Natal

Não era uma data no calendário,

Uma palavra no dicionário,

Era o tempo

Do mistério e da alegria,

Do sonho e da magia.

 

Do Natal desse tempo

Não há um momento especial,

Todos os momentos eram

Por inteiro o Natal.

 

Começava no fim das aulas em dezembro,

Com a criançada desafinada,

Pela estrada até casa

A cantar entusiasmada

 

– «Aulas acabadas

Férias começadas

Vamos para casa

Comer rabanadas».

 

Continuava-se com o presépio,

Na Igreja e em casa,

Na cozinha à volta da mãe

A provar as lambarices.

 

A noite de vinte e quatro

Com o bacalhau e a doçaria

(Com filhós e bolos de abóbora

rabanadas e aletria).

No Largo da Igreja

Com brincadeiras mil

Até à missa do Galo,

Com o “nosso” presépio a presidir.

 

Ao outro dia a festa continuava.

Ensaiar as janeiras. Canto tradicional,

Já não à avó, mas que continuava

Ao tio mais velho da Casa do Espinhal.

  

Era uma semana cheia de alegria,

O pai e os filhos, vê-los era um regalo.

E como sempre o pai contava

“uma vez deram um arroz de galo”,

E logo de seguida, com ar maroto,

“Não, galo de arroz”, emendava.

  

 Acabava o Natal,

No primeiro dia de janeiro,

Alta madrugada

Já o galo cantava no poleiro.

 

Votaria daí a uma eternidade,

(Caído logo no esquecimento)

No último dia de aulas

Do próximo dezembro.

  Zé Onofre

Mais sobre mim

foto do autor

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Arquivo

  1. 2025
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2024
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2023
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
Em destaque no SAPO Blogs
pub