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Notas à Margem

Notas à Margem

07
Nov24

Comentários - 352

zé onofre

                  352

 

024/09/13

 

Sobre O Céu Sabe Lá, Sandra, 12.09.24, em https://cronicassilabasasolta.blogs.sapo.pt/

 

Quando, aos dez anos,

Tomei conhecimento que o Mundo

Não era o meu cantinho verde,

Do Tombio correndo entre as canas do milho.

(Às vezes travado para formar uma poça,

Piscina onde se aprendia a nadar

Em cuecas, ou mesmo nu)

Às águas do Tâmega.

 

Aos dez anos,

Descobri o mundo além do Tombio

E vi como o Mundo é grande.

Numa viagem atribulada

Até à grande cidade.

Guimarães

Ficava lá tão longe,

Do meu pátrio Tâmega,

Que eram precisos três transportes diferentes,

Um comboio e duas "caminhetas da carreira",

E um tempo infindo

Para ser alcançada.

 

Aos dez anos, dizia,

Vi como o mundo é grande.

As minhas adoradas "Ciências Naturais",

Ensinaram-me que não só era grande,

Mas que era também alto e profundo.

Mostrou-me as alturas vertiginosas do Everest,

Oito mil oitocentos e quarenta metros,

(Coitadinho do Marão).

As abissais profundezas,

Dez mil metros de abismo,

Da Fossa de Mindanau

(Coitado do meu querido Tâmega,

E a fundura de "quatro cordas de carros de bois".

 

Quando tinha dez anos

O meu desejo,

Ao comparar a minha pequenez

Com a colossal altura do Everest

E a abissal profundidade de Mindanau,

Era ultrapassar, por longe,

Aquela diferença incomensurável.

Os pés assentes no fundo de Mindanau,

E ver de alto as neves eternas do Everest.

 

O pobre do Céu,

Não abrigou este louco desejo.

Como é que, aceitando aquela loucura,

Poderia abrigar com carinho

Sonhos realizáveis?

     Zé Onofre

 

10
Jan24

Comentários - 329

zé onofre

 

                  329 

 

023/11/16

 

Sobre, Silêncio sem Nome, Sandra, 15.11.23  em  https://cronicassilabasasolta.blogs.sapo.pt/


Já me tinha perguntado

Por que cantos e esquinas

Por que ruas, vielas,

Praças ou avenidas

Se teria encontrado.

 

Pelo que agora nos sugere

Recolheu-se ao silêncio,

Um longo silêncio noturno

Por entre o silêncio sideral,

Pelos caminhos de galáxias,

Longínquas, que fazem sonhar.

 

Voltou a este cantinho,

Cantinho de um mundo virtual,

Onde continuamos a rodar

Enquanto deslizava pelo infinito

À velocidade da luz do sonho.

Enquanto por aqui envelhecíamos.

 

Regressa a Ítaca

Mais jovem.

Será que ainda recorda

As palavras emaranhadas

Que por aqui vamos deixando

Ou serão elas "Matusalém"?

  Zé Onofre

                 329 

 

023/11/16

 

Sobre, Silêncio sem Nome, Sandra, 15.11.23  em  https://cronicassilabasasolta.blogs.sapo.pt/

 


Já me tinha perguntado

Por que cantos e esquinas

Por que ruas, vielas,

Praças ou avenidas

Se teria encontrado.

 

Pelo que agora nos sugere

Recolheu-se ao silêncio,

Um longo silêncio noturno

Por entre o silêncio sideral,

Pelos caminhos de galáxias,

Longínquas, que fazem sonhar.

 

Voltou a este cantinho,

Cantinho de um mundo virtual,

Onde continuamos a rodar

Enquanto deslizava pelo infinito

À velocidade da luz do sonho.

Enquanto por aqui envelhecíamos.

 

Regressa a Ítaca

Mais jovem.

Será que ainda recorda

As palavras emaranhadas

Que por aqui vamos deixando

Ou serão elas "Matusalém"?

21
Dez23

Histórias para aprender a ler e a escrever - Livro III - Dono do Mundo

zé onofre

DONO DO MUNDO 

 

Quico de pé,

Do alto de um penedo,

Olhando o rio,

Gesticulava sem medo,

Declarando naquele segundo,

Quebrando um segredo

Ser dono do Mundo.

DONO DO MUNDO.jpg

Do alto da sua pequenez,

Olha os campos além.

Desafia

Pretendentes desconhecidos,

Com quantas forças tem.

Assegura bem alto

Ser dono único da seara,

Ser esta sua,

Só sua,

E de mais ninguém.

Foi assim,

Nestes preparos,

Que o foram encontrar,

De chapéu na mão.

Ao ouvir e ver

Tamanha ousadia,

Do seu tímido irmão,

Os mais velhos riem

E têm a certeza

Que ali andou garrafão.

  Zé Onofre

30
Out23

Histórias de A a Z para aprender a ler e escrever - Livro III - Viagem

zé onofre

VIAGEM, 2005.02.22

 

Era uma vez

Pequenos barcos veleiros

Levavam no seu seio

Missionários,

Guerreiros,

Comerciantes,

Aventureiros,

Á procura de sonhos,

De riquezas,

De almas,

De fortalezas.

 

Era uma vez o Vítor

Viajante do sonho

Fazia barcos à vela

Com folhas de papel.

 

Nunca vira o mar

Nem a onda rugir

Nunca vira a praia

Mas tinha pressa de partir

No seu barco à vela,

Feito de sonhos de papel

Ele é o missionário

Ele é o guerreiro

Ele é o comerciante

Ele é o aventureiro.

VIAGEM.jpg

Viaja Vítor,

A cabeça

No barco à vela

Os pés descalços

Na estrada,

À descoberta de ilhas desertas

Ao encontro da Terra encantada.

 

Agora é o Gil Eanes,

Às voltas no Bojador;

É o Diogo Cão

De Angola o descobridor;

É Bartolomeu Dias

Medroso como uma criança

A passar o Cabo da Boa Esperança;

É Vasco da Gama

A Caminho da Índia,

É Pedro Álvares Cabral

À descoberta do Brasil;

É Fernão de Magalhães

Na volta ao mundo.

 

E tudo isto

Em apenas um segundo.

  Zé Onofre

18
Set23

Histórias de A a Z para aprender a ler e escrever - Livro III- REVOLTA DOS MEDOS

zé onofre

REVOLTA DOS MEDOS  

 

Lá,

Nas curvas

Onde o mundo acabava,

Para os pequenos,

Havia voltas

E revoltas de medo

 

Longe, muito longe,

Onde o mundo acabava

Havia uma mata

Húmida e sombria

Onde o medo crescia

 

Lá,

Onde o mundo

Acabava de repente

Olhares esquivos

Espreitavam,

Por entre as folhas

Húmidas e sombrias,

Ameaçadores.

 

Lá,

Nas revoltas do medo,

Onde o medo crescia

Das sombras escondidas

Lobos uivavam

À luz da lua.

        Zé Onofre

CURVA DOS MEDOS.jpg

02
Set23

Notas à margem - Canto triste - Canção XXIII

zé onofre

023/09/02

Canção XXIII

 

Passei por ti vinhas da escola,

Passei por ti vinhas da escola

Vinhas de aprender a lição.

Trazias o saber na sacola,

Trazias o saber na sacola,

A vida em cada mão.

 

Passei por ti saías da carreira,

Passei por ti saías da carreira

Mesmo à porta do liceu.

Vinhas com aquela maneira,

Vinhas com aquela maneira

De quem o mundo é todo seu.

 

Passei por ti vestias de escuro,

Passei por ti vestias de escuro,

Bem ao contrário do que sentias.

Vivias no presente o futuro,

Vivias no presente o futuro,

Em orgias de fantasia e alegria.

 

Passei por ti logo a seguir à festa,

Passei por ti logo a seguir à festa,

Por ruas, praças e avenidas.

Ainda trazias o brilho na testa,

Ainda trazias o brilho na testa,

Dos sonhos com que teceste a vida.

 

Passei por ti vinhas quais crianças,

Passei por ti vinhas quais crianças,

Que ainda mal aprenderam a andar.

Tropeçavas em destroçadas esperanças,

Tropeçavas em destroçadas esperanças,

Consumidas antes de a vida começar.

 

Passei por ti de ti estavas ausente,

Passei por ti de ti estavas ausente,

Na fila à porta que gelou o futuro.

Esperavas com, como a ti, igual gente,

Esperavas com, como a ti, igual gente,

Que se acenda, mesmo frágil, luz no escuro.

 

Passei por ti tinhas desistido,

Passei por ti tinhas desistido,

De lançar no mundo novas sementes.

Não te acomodes no lamento de vencido,

Não te acomodes no lamento de vencido,

Vai unir-te aos irredutíveis resistentes.

    Zé Onofre

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