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Notas à Margem

Notas à Margem

30
Jun25

Das eras Parte VII - De regresso aos tempos das sombras e dos sussurros - 17

zé onofre

            17, Segundo o Capitalismo, greves a 31 de Fevereiro

 

025/06/30

 

Houve um antes,

Um dia D,

Um tempo de avanço,

Uma preparação para um agora,

E estamos no Agora.

 

Houve um antes.

 

Nesse antes,

Os operários, eram operários,

Ou mais genericamente trabalhadores.

Nesse antes

Todos sabiam qual o seu lugar.

O patrão, era o patrão,

O trabalhador, era o trabalhador.

Era claro como a água.

 

Nesse antes

O Governo dizia claramente o que queria.

Um povo ignorante,

Um povo honrado, mas pobre.

Um povo conformado com a sua sorte,

Porque sempre foi assim.

“Até a vaquinha,

Que tirava água à nora,

Dizia quem tem, tem,

Quem não tem, não tem.”

 

Nesse antes

O governo sabia qual era a sua função,

Manter a ordem pública.

A greve era desordem pública,

Logo proibida,

Logo os trabalhadores transgressores.

Como tal eram corridos a cassetete,

Eram presos,

Interrogados como perigosos bandidos.

E como punham em causa

A santa propriedade,

A Igreja

E o estado,

Passavam longas féria em prisões de alta segurança,

Com penas de prisão renováveis,

Sem se perder tempo nos tribunais,

A belo prazer da mão repressora

Do intocável Governo.

 

Houve um dia D.

 

Nesse dia D para felicidade dos trabalhadores,

Apesar de ter começado como uma militarzada,

Acabou com canções

“que a maré se vai levantar

Que a liberdade está a passar por aqui”.

 

A vinte cinco de abril de setenta e quatro,

Dia da liberdade chamado,

Os trabalhadores irromperam na rua.

Impuseram,

À militarzada do MFA,

Uma coisa muito diferente,

Do que os capitães esperavam

E tinham em mente.

 

O povo saiu à rua,

Não ficou medroso em casa,

Acompanhou os militares

Fez render o Caetano

Viu acabar o salazarismo.

 

Cercou a PIDE

Que, num estertor assassino,

De novo fez correr sangue

Nas ruas de Lisboa.

 

Abriu as portas de Caxias.

Viu os lutadores da igualdade

Deixando os portões da Masmorra

Saudarem o sol em liberdade.

  

Houve um tempo de avanço,

 

Foi para as ruas,

O povo,

Exigir nem mais um soldado

Para as colónias,

O fim do colonialismo.

 

Exigiu,

Nas ruas, praças e avenidas,

Nas aldeias mais esquecidas,

Partidos e sindicatos livres,

O fim do salazarismo nas Câmaras

E nas juntas de freguesia.

 

Invadiram as ruas,

Em greves e manifestações,

Conquistando menos horas de trabalho,

Trabalho com direitos,

Melhores salários,

Ensino para todos,

A terra para quem a trabalha.

 

A lei era feita na rua,

Só depois era escrita.

Os acontecimentos de ontem,

Eram a lei de hoje.

A lei não regulava o que fazer,

O que era preciso ser feito,

Enunciava a lei.

 

Os oprimidos deste país saíram à rua,

Latifundiários e monopolistas,

Banqueiros financeiros,

Temerosos de um futuro

Que não lhes sorriria,

Como o passado salazarista,

Descapitalizam as empresas,

Abandonam de vez os campos,

Quase que levam à falência os bancos.

 

Uma preparação para um agora,

 

Os sicários do Estado Novo,

Organizados em movimentos revanchistas,

Da extrema direita terrorista,

MDLP e ELP

Que perseguiram sindicalistas,

Comunistas e outros democratas,

Destruíram sedes de partidos,

Assassinaram candidatos da Esquerda,

Militantes do PCP, ou não.

 

Se na rua,

Operários e camponeses

Lutavam por um futuro novo

Com força e determinação,

Nos bastidores,

Conspirava a reacção.

 

Começaram por ir aos baús

Do passado, mal fechados,

Trazer à luz do dia,

Os velhos temores anticomunistas.

 

A união, foi sempre um alvo a abater,

Então a sindical,

Perigoso veneno para o fascismo,

Foi vilmente caluniada,

Não fosse o Povo Unido

Vencer de vez o Capitalismo.

 

Ironia, das ironias,

Acusam os sindicatos de serem,

Digamos meigamente,

Correias de transmissão do PCP.

Então,

Coerentemente reunidos nos bastidores,

PS/PPD/CDS,

Estes arautos da independência sindical,

Criam, repartindo entre si,

A independente UGT.

 

Em junho de 1975.

Na Fonte Luminosa,

A reacção uniu-se.

Atrás de Mário Soares,

Na segunda linha

Sá Carneiro e Freitas do Amaral,

No meio da multidão,

Com rabo bem de fora,

Spinolistas do MDLP

Kaulzistas do ELP,

Chefias bem conhecidas da PIDE,

Visivelmente escondidas,

Nas caves dos partidos burgueses.

 

Há um Agora.

 

Estes Salazaristas encapotados,

Foram perdendo a vergonha,

E esporadicamente surge um aqui,

Outro mais além,

Como erupção na pele de um doente.

 

Até que explode com estrondo,

Lançando estilhaços para todos os lados,

Chegando ao descaramento nada subtil,

Mas bem pensado de chamar a todos os governos,

Do PS, do PSD

E do PS e PSD com seus cúmplices,

A esquerda na governação,

Que em linguagem salazarista,

Desgraçaram a nação.

 

Contudo,

Se esta gente de esquerda,

Comunistas habilmente disfarçados,

É um perigo Nacional,

Mais linguagem do 24 de abril,

Que dizer dos tiranetes grevistas,

Que só pensam neles,

E deixam o Povo passar mal?

 

Que bom é ter sindicatos

Um, dois, três ou quatro

Que, dúcteis como cobre,

Assinam acordos laborais,

A favor do patronato,

E dos seus poleiros sindicais.

 

Que bom é ter sindicatos destes

Que assinam tudo,

Olhem que bem-comportados.

Damos-lhe uma saca de laranjas podres,

Que eles aceitam de imediato

Desde que na boca haja uma que deslumbre,

Que deixem os trabalhadores calados.

 

Que bom é ter sindicatos destes,

De faz-de-conta,

Que nos permitiu denegrir,

Aviltar dirigentes sindicais,

Sindicalistas dos mais aguerridos

E quase os destruir.

 

Que bom é ter sindicatos destes,

Que, embora falhando com alguns,

Que ainda se mostrem eficazes,

Nos permitem dizer com ódio

Que estes grevistas

São gente sem princípios,

Que não se importam de prejudicar outros

Não passando de meros egoístas.

 

Que bom é ter sindicatos destes,

Que nos permite reformar esta lei

Que protege esta gente sem ética.

Tem que haver uma lei

Que deixe o Povo pacato,

Naturalmente ordeiro,

Trabalhar serenamente sem receios.

Portanto,

Para não dizerem que somos anti greve

Decretamos que apenas será permitida

Em cada dia trita e um de Fevereiro.

  Zé Onofre

25
Jun25

Das eras Parte VII - De regresso aos tempos das sombras e dos sussurros - 16

zé onofre

16, «Ser ou não ser belicista, eis a questão»

 

025/06/ 24

 

Evocação da constituição revista em 2005

 

Artigo 127.º

Posse e juramento

  1. O Presidente eleito toma posse perante a Assembleia da República.
  2. ---
  3. No ato de posse o Presidente da República eleito prestará a seguinte declaração de compromisso:

Juro por minha honra desempenhar fielmente as funções em que fico investido e defender, cumprir e fazer cumprir a Constituição da República Portuguesa.

Artigo 7.º

Relações internacionais

  1. ---.
  2. Portugal preconiza a abolição do imperialismo, do colonialismo e de quaisquer outras formas de agressão, domínio e exploração nas relações entre os povos, bem como o desarmamento geral, simultâneo e controlado, a dissolução dos blocos político-militares e o estabelecimento de um sistema de segurança coletiva, com vista à criação de uma ordem internacional capaz de assegurar a paz e a justiça nas relações entre os povos.

 

Compete ao Governo, no exercício de funções administrativas:

  1. a) ---
  2. b) ---
  3. c) ----
  4. d) ---
  5. e) ---
  6. f) Defender a legalidade democrática;
  7. g) ---

 

***

 

Deveria reagir com estupefação,

Porém seria hipocrisia,

À hesitação do Governo

Em se ceder, ou não ceder deveria

Aos cinco por cento do belicismo

Que corre a Europa como um furacão.

 

Aceitar esta farsa, como normal,

Será somar mais covardia,

À covardia de quem viu sucessivos

Governantes, do arco do poder

Tripudiarem com mansos sorrisos,

Sobre a nossa lei fundamental

Com a muda e surda complacência

De quem jurou de a cumprir e de a fazer cumprir.

 

Disseram-nos desde sempre,

Vê-se agora que era canção de enganar,

Que a OTAN nasceu p’ra fazer frente

À ameaça Soviética e ao comunismo.

Porém, há coisas, que são de engasgar.

Não é que caiu o muro e com ela o socialismo,

A União Soviética foi ao ar

E a OTAN não só não se dissolveu,

Como continuou a crescer e a engordar?

 

Foi a altura adequada,

Para Presidente e Governo de então,

Chamarem os seus patronos,

(Aliados, patronos não)

Esfregar a nossa lei fundamental,

Nos olhos daqueles belicistas.

Mas servis, como é seu natural,

Abanaram os rabos aos seus donos.

 

Hoje, cheio de empáfia,

Mais uma vez o governo faz de conta,

Que vai a Haia para discutir,

Mas já leva a caneta pronta

Para assinar o que o dono decidir.

Assinará de cruz, tanto monta,

Que sejam dois ou cinco,

O dono manda, é para cumprir.

    Zé Onofre

16
Jun25

Dias de hoje 2025, 12

zé onofre

                12

 

025/06/15

 

Não me imagino

Cidadão com outra nacionalidade

Que não a portuguesa.

 

Sei que ser português

De especial nada tem

Do que qualquer nacional de um outro país.

 

Foi o acaso,

De ter nascido neste retângulo,

Que me fez português.

 

Do casamento de ter tido

Por berço as margens do Tâmega,

Por padrinho o Marão,

Por madrinha as colinas de Santa Cruz,

Com a cultura que recebi,

É a matriz do meu ser português.

 

Quis o acaso

Que nascesse na margem esquerda do Minho.

Se tivesse nascido

Quarenta ou cinquenta léguas,

Mais a norte, ou mais a nascente,

Seria cidadão espanhol,

Com o mesmo gosto de que sou português.

 

Seria diferente culturalmente,

Não na base greco-romana,

Judaico-cristã,

Já sínteses de outros substratos,

Apenas em pequenas coisas que a história diferenciou.

 

  1. Afonso Henriques,

Visto do lado cá,

É o herói que cortou os laços de vassalagem,

Do Condado portucalense,

Ao reino de Leão e Castela.

D., João I, o Mestre de Avis,

Visto do nosso lado de Aljubarrota,

Foi o herói que criou uma dinastia para Portugal.

Como serão vistos do lado de lá da fronteira?

 

“Camões, Grande Camões”,

Dizia o grande Bocage,

Cantou os feitos épicos do povo a que pertencia.

Será que o génio de Camões

Seria menor

Se tivesse nascido a norte dos Pirenéus?

 

Tenho gosto em ser português.

Porém, mais ufano me sentiria

Se tivéssemos sido um povo

Que apenas se orgulhasse das viagens

“Por mares nunca dantes navegados”

E não tivesse associado a elas

A expansão da fé e do império,

Imposição de uma crença e de uma cultura,

Conquista de territórios de outros povos,

Exploração das suas riquezas,

Minerais e humanas.

 

O génio épico de Camões

Teria sido maior

Se os feitos dos Lusíadas cantados

Não levassem numa mão a cruz e na outra a espada.

Teria sido muito melhor

E mais nos ufanaria se cantasse

A coragem de enfrentar o desconhecido,

Que levasse como bagagem o que produzia

Para trocar com o que não tinha;

Se fossem humildes dar-se a conhecer,

Com a sua religião e a sua cultura,

Abertos a aceitar a religião e acultura dos outros.

 

Que fizeram de diferente os nossos avoengos

Que já não tivessem feito,

Chineses e Hindus,

Japoneses e Mongóis,

Assírios e Medos e Persas,

Egípcios e Sumérios,

Judeus e Celtas

Gregos e Romanos,

Hunos e Normandos,

Germanos e Árabes,

Mongóis e Turcos,

Incas e Astecas?

 

Quem sabe que povo seríamos,

Os descendentes das gentes que viviam

Neste grande planalto,

Fero e rico de minerais,

Se não tivessem sido violentados por Celtas,

Por Gregos e Fenícios,

Por Cartagineses e Romanos,

Por germânicos e por Árabes?

 

Que Povo seria esse que viveria nestas areias atlânticas,

Em que Língua, cantariam os seus poetas,

Os seus feitos épicos?

  Zé Onofre

09
Jun25

Notas à margem 2025, 10

zé onofre

              10

 

025/06/08, ALF  

 

Hoje,

Sentado neste chão,

Ouço canções.

 

Hoje

Não tenho dezoito anos,

Nem estou estendido no relvado da Associação.

 

Hoje

Não ouço o Zeca,

Nem o Adriano,

Nem o Fanhais,

Nem os colegas aos seus violões.

 

Hoje

Não estou em Coimbra,

Em sessenta e nove

Também não.

 

Hoje,

Sentado no chão,

Recordo com saudade

Um passado que não vivi,

Mas que vive em mim.

   Zé Onofre

05
Jun25

Das eras Parte VII - De regresso aos tempos das sombras e dos sussurros

zé onofre

               15

025/06/05

 

Descabelam-se.

Eles descabelam-se a descortinar o por quê

Para,

O que eles chamam,

«De avanço do populismo de Direita».

 

Dá pena vê-los  

Frente aos teclados dos jornais,

Aos microfones da rádio,

Nas pantalhas das televisões,

Elaborar raciocínios impossíveis

Que nada explicam,

Nada acrescentam ao que todos sabem.

 

Foram eles,

Que têm os livros,

Que são licenciados,

Quiçá mestrados,

Em jornalismo,

Em ciências políticas,

Que durante anos e anos

Noticiaram, comentaram, analisaram

O dia, a dia da vida política,

Os que hoje se descabelam,

E não olham para si próprios.

  

Vou ajudá-los a fazerem

Uma longa caminhada ao passado.

Para não se cansarem

E poderem encostar o ombro quando desabafarem,

Como pudemos ser tão cegos?

 

 

Lembram-se daquele dia

Na fonte luminosa?

 

Era, era ele,

Não duvidem é ele todo,

O dr. Mário Soares, à frente

E sim, também lá estão

O dr. Sá Carneiro

O dr. Freitas do Amaral.

Olhem bem mais profundo,

Não tão bem escondidos como pensam,

Os Spinolistas,

Os Kaúlza de Arriaga,

Algumas grandes dos torcionários,

Os assassinos do Padre Max.

Senhores doutores,

Começam a ter uma pista?

 

Olhem agora

É o major Jaime Neves,

A correr com alguns camaradas do MFA.

Vejam bem quem aplaude.

Mário Soares e Sá Carneiro,

Freitas do Amaral,

Os fascistas do MDLP,

E os do MIRN não podiam faltar,

E os militantes colonialistas do PDC.

Já todos esfregam as mãos de contentes,

É agora que se cumpre a vontade Salazarista

E se extermina a escumalha Comunista.

Já se vos faz alguma luz?

 

Vejam, bem visto,

Como aqueles três partidos,

 

PS, PPD/PSD e CDS,

Se apressam a rever a Constituição,

A inscreverem Portugal,

Um dos filhos mais pobres da Europa,

No Clube Especial dos Eurocapitalistas,

CEE, vulgo Mercado Comum.

Poderiam os trabalhadores

Quererem ir mais longe,

Assim ficavam travados,

Sem veleidades de enfrentarem

Quem lhes oferecia o leite e o mel.

Continuam cegos, nem uma pistazinha?

 

Olhem,  

Quem vem naquele avião,

Os Champalimaud, os Melo,

Os Espírito Santo,

Os Ulrich,

E todos os outros monopolistas

Afilhados do Salazarismo,

E os Latifundiários absentistas.

 

Vieram,

Tomaram conta de tudo,

A que segundo PS, PSD, CDS/PP,

Tinham direito.

Siderurgia e cimentos,

Indústria Naval e Química,

Bancos e seguradoras,

Da eletricidade e dos petróleos,

Dos correios e das telecomunicações,

E os latifundistas dos latifúndios.

Lentamente tudo tomou o normal Salazarista

E depois,

 

Os grandes Monopolistas nacionalistas

Passaram tudo aos Monopolistas europeus,

E de outros cantos do mundo.

Ainda é denso o nevoeiro?

 

Para que tudo isto acontecesse

Os partidos “democratas”

Os partidos “do arco do poder”,

E foram vocês senhores doutores

Jornalistas, analistas e politólogos

Que se estremaram a convencer os portugueses disso.

Os outros, com mais ou menos deputados,

São para provar, digamos assim,

Que isto é um regime democrata,

Mas esquecem-se que um cravo só

Não faz um jardim.

 

Tão do poder eles são,

Que seguiram políticas tão semelhantes,

Sempre às ordens de Bruxelas,

Obedientes e agradecidos,

A revogarem direitos dos trabalhadores,

A favorecerem o Capital Financeiro,

Que quase se tornaram irmãos gémeos,

Os cidadãos, desiludidos e enganados,

Deixaram de ir votar.

Votar em quem?

São todos iguais.

 

Há os outros

Porém, jornalistas,

Analistas e politólogos,

E os partidos “Democratas”,

Cansaram-se de propagandear,

Que eles eram causa perdida.

 

Então, alguma luz, ao fundo do túnel?

 

Um dia apareceu um partido,

CHEGA chamado,

Que tinha soluções para tudo.

 

Com a devida vénia a Eça,

Entendamo-lo.

 

« – Senhor espalhou-se por aí que vindes restaurar o País.

A questão “de género” é complicada.

Qual é o vosso princípio nesta questão?
– “Abaixo a corrupção” – disse.   
– Bem! E em “ética política”?
– “Abaixo a corrupção” – Bradou.
– Viva! E em educação?
– “Abaixo a corrupção” – Roncou.
– Safa! E nos “direitos do trabalho?”
– “Lutar contra a corrupção” – mugiu.
– Apre! E em questões de “imigração”?
– “Abaixo a corrupção!” – Rugiu.
– Santo Deus! E em questões “de impostos”?
– “Abaixo a corrupção” – uivou.
   Fizeram-se novas “perguntas”

– Que pensa dos governos dos últimos cinquenta anos?
– “Abaixo a Corrupção” – rouquejou.
    Fez-se uma nova tentativa, agora ao ouvido.  
– De quem gosta mais,

   Do Salazarismo ou da Democracia?

– “Abaixo ..., -. ia a bravejar.»

Baixinho ao ouvido do jornalista,

- Gosto mais do Salazarismo,

Mas não diga nada à democracia.

Já entenderam?

 

Recapitulemos.

Quais foi o partido

Sempre desproporcionalmente tratado?

Que partidos eram acarinhados

Desde que servissem para enfraquecer aquele?

Que partido,

Nos últimos três anos, teve sempre um micro à sua espera?

Já se vos fez luz?

 

Certamente que sim.

Continuam descabelando-se

Porque, sendo a resposta tão óbvia,

Tão simples

Mostraria quão conivente fostes

No descrédito da democracia.

 

Vós que tendes os livros,

Que sois licenciados,

Mestrados,

Ou quiçá doutorados,

Em Jornalismo,

Em análise e ciência Política,

Mesmo nesta altura fazem a pergunta errada.

Em vez de se descabelarem

A responder a “Como chegamos aqui”,

Deveriam responder

“Como demoramos cinquenta anos,

Para chegar aqui?”

   Zé Onofre

18
Mai25

Das eras parte V - vol. II

zé onofre

              3

025/05/18

 Hoje vou,

Pela enésima vez,

Votar,

Pensava eu.

Para decidir o futuro do nosso país.

Contudo, sei

Que esta enésima vez

Não é o nosso voto que decide.

Com o nosso voto

Tudo continuará igual

No futuro do nosso país.

O tempo,

A usura do tempo,

Os preconceitos,

As mentiras,

Arremessadas como verdades absolutas,

Roubaram a genuinidade do voto,

Que já nada decide,

Para o futuro do nosso país.

Hoje,

Vou votar pela enésima vez.

Porém, sei

Que, desde há muito,

Eles,

Os donos deste mundo,

Nos deixam brincar ao faz-de-conta

Que escolhemos

O futuro do nosso país.

   Zé Onofre

14
Mai25

Relevantar Spartakus - 83 -

zé onofre
  1. canção XXXIV

 

025/05/14

 

É p´ra anteontem

Que ontem já é sem tempo

Para que o futuro comece.

Não se pode adiar mais um momento

À espera que o Capital tropece.

.

Era p´ra anteontem

E ontem adiamos p´ra hoje

Se adiarmos ficaremos sem

Tempo e a revolução mais longe.

 

É já p’ra esta hora

Não é para o futuro,

Porque alongar a demora,

É criar um muro

A que a Revolução seja agora

 

Não acreditemos

Nos que dizem que este tempo

Não é de revoluções, é de aceitar o que temos.

Nós bem sabemos que todo o momento,

É da revolução e que a faremos.   

 

Sei que andamos aturdidos

Neste tempo que nos varre para fora.

São eles que andam iludidos

Se pensam que desistimos agora.

 

É p’ra anteontem

Deixemo-los a pensar

Que a revolução é do passado.

Nós sabemos e eles sabem,

Que a revolução vai triunfar.

 

     Zé Onofre

12
Mai25

A PROPÓSITO DE ... livro VI 352

zé onofre

               352

 

025/05/09

 

Um apontamento primaveril, Manu Pereira, em  https://existeumolhar.blogs.sapo.pt/

 

Malmequer

Frágil flor selvagem

Que se deixa sacrificar,

Pétala a pétala,

Para responder

Às dúvidas

De crianças em amores inocentes.

 

Juntos,

São ondas amarelas

Nas vagas

Dos mares verdes

Dos campos primaveris.

Serão pérolas

Em futuros colares e pulseiras

Que brilharão,

Com rara beleza,

Nos pulsos e pescoços

De crianças felizes.

  Zé Onofre

 

 

 

 

 

 

 

08
Mai25

Das eras - parte V 2º vol 2

zé onofre

               2

 

025/05/07

 

Liberdade Livre, Teresa Margarete Martins Pereira, no blog https://madrugada.blogs.sapo.pt/

 

Foi breve a madrugada,

Foi uma faísca no horizonte dos medos,

Que os medos

Se encarregaram de abafar.

 

Uma madrugada

Ingénua nascida,

De portas abertas,

Sem desconfianças,

Doce e carinhosa,

Irisada pelo sol

Nascente,

Que viajava pelas pérolas

Do orvalho.

 

Ingénua madrugada

Que aceitou todos

Como seus verdadeiros amantes,

Amigos e adoradores,

Mesmo aqueles,

Que ainda na véspera,

A mantinham prisioneira

Nos calabouços

De um longo inverno de quarenta e oito anos.

   Zé Onofre

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