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023/12/03
Sobre “hoje”, Di em https://1mulher.blogs.sapo.pt/, 023/12/03
Poesia sobre azul
Que o vento,
Esse poeta inquieto,
Escreve,
Apaga,
Reescreve,
Explana,
Concentra,
Esfarrapa.
Poesia
Do momento que passa
Coerente
Com o momento do vento
Subtil intérprete
Do instante.
Com vagar escreve
E apenas levemente modifica
O que ainda agora
Escreveu.
Com passos apressados
Inicia
Apaga
Palavras tão escangalhadas
Como os seus pés,
Inquietos corredores.
Quando
Num assomo se enfurece
Mistura as palavras dos dicionários,
Faz malabarismos com os alfabetos,
Misturando na sua escrita
Pó e dor,
Sangue que de veias abertas,
Em corrente se escoa,
Que apenas corpos
De olhos vítreos,
Caídos na areia,
Sabem interpretar.
E a nós,
que nada entendemos
Sobre o que vemos
Do deserto pintado
A vermelho de sangue,
Espelhado no céu,
Resta-nos calar a pena
E deixarmos ao vento
Escrever a história.
Zé Onofre