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Notas à Margem

Notas à Margem

23
Ago25

Relevantar Spartakus - 84

zé onofre

               85

 

025/08/21

 

Este é o tempo, meus amigos,

De dizer o feito foi-se para sempre.

Este é o tempo de todos os perigos,

De continuarmos a marcha em frente.

 

Vontade posta num outro futuro,

Avancemos sem medo algum,

Por mais forte que seja o muro,

Não nos resistirá se formos um.

 

Alertemos meus amigos, insisto,

Que os vampiros neste instante

Sem terem o ar o negro e sinistro

Vêm com a mesma sede de sangue.

 

Mostremos com a força da razão,

“que não queremos o que eles querem”

Porque temos uma outra intenção,

Queremos a igualdade que eles temem.

 

Reforcemos com renovada esperança,

Que se todo o mundo muda, dia a dia,

Então que essa eterna mudança,

Seja no sentido da nossa via.

 

Cantemos, pois, com vozes bem altivas,

Não as canções que nos deixaram,

Compunhamos novas canções vivas,

E cantemo-las como as deles cantaram.

06
Ago25

Dias de hoje 2025, 13

zé onofre

                13

 

025/08/06

 

Foi há dias.

Deitado numa pedra,

No Largo,

A fitar o nada,

Esperando alguém.

Enquanto os minutos se sucediam,

A mente foi-se esvaziando do presente.

O corpo preencheu-se 

De sensações passadas.

 

Ao longe,

Não sei quanto longe,

Ouvia,

Era o entardecer,

Chiar carros de bois.

 

Também longe,

De certeza mais próximo,

Cães desassossegados

Ladravam ao desafio

Chamando a Lua que tardava.

 

Mais próximo,

Mesmo ali no Largo,

Crianças e passarada

Envolviam-se,

Em alegre despique,

De bater de asas, canto e algaraviada,

Dizendo adeus ao Sol

Que lentamente se afundava para os lados do mar.

 

O tempo venceu-me,

Não sei se por segundos,

Por horas,

Ou alguns minutos.

Apenas sei que foi longo o apagão.

 

Abrindo os olhos vi,

Parados como estátuas, uns,

Outros, em andamento lento,

Olhando-me como se fosse um estranho

Num tempo a despropósito.

 

Quem seria eu,

Aquele vulto ali abandonado?

O Zé Maneta,

A curar a carraspana sua de cada dia?

O Pirata,

Que resolvera fazer a travessia a sós

E desamparado caíra a meio caminho da casa e da tasca?

O Gaspar,

Rasteirado pelo comparsa

Que carregava às costas?

 

Lentamente

O mundo, que abismado me observava,

Dissolveu-se no nada

E apenas uma voz amiga

- Pensava que já não vinhas.

 

 

 

 

 

22
Out23

Histórias de A a Z para aprender a ler e escrever - Livro III - Tongobriga

zé onofre

TONGOBRIGA, 2005.02.14 

 

De olhos arregalados

Diogo, atento, caminha

Por entre as pedras

Da cidade em ruína.

 

“Aqui, na casa do poço,

Era a casa do padeiro:

Ali parece ter havido

Uma forja de ferreiro.

 

A casa do implúvio“

Diogo fica atrasado

Há uma voz que o chama

Que o leva ao passado.

 

A casa do padeiro

Está agora em forma.

Na casa do ferreiro

Ouve-se de novo a bigorna.

              

Na casa do implúvio

Há gente a descansar

Há escravos, há crianças

No lago a chapinar.

 

Tonto vai pelas ruas

A ouvir aquela gente

E nem sequer estranha

Não se sente diferente.

 

Parece-lhe que está,

Não sabe por que magia

No Largo da sua Terra

Em dias de romaria.

TONGOBRIGA.jpg

Eh, tu aí, chega-te cá

Vem jogar o dado.

Se me ganhares

Levas este soldado.

 

Diogo aninhou-se

Lança os dados: sete.

Uma voz acorda-o

“- Diogo, onde te meteste!?

 

Assim volta ao presente

Sem ter tido tempo

De correr todas as lojas

De ter entrado no templo.

 

Volta à cidade em ruínas

Regressa triste do passado.

Tem um soldado no bolso,

Na mão tem, ainda, um dado.

  Zé Onofre

02
Set23

Notas à margem - Canto triste - Canção XXIII

zé onofre

023/09/02

Canção XXIII

 

Passei por ti vinhas da escola,

Passei por ti vinhas da escola

Vinhas de aprender a lição.

Trazias o saber na sacola,

Trazias o saber na sacola,

A vida em cada mão.

 

Passei por ti saías da carreira,

Passei por ti saías da carreira

Mesmo à porta do liceu.

Vinhas com aquela maneira,

Vinhas com aquela maneira

De quem o mundo é todo seu.

 

Passei por ti vestias de escuro,

Passei por ti vestias de escuro,

Bem ao contrário do que sentias.

Vivias no presente o futuro,

Vivias no presente o futuro,

Em orgias de fantasia e alegria.

 

Passei por ti logo a seguir à festa,

Passei por ti logo a seguir à festa,

Por ruas, praças e avenidas.

Ainda trazias o brilho na testa,

Ainda trazias o brilho na testa,

Dos sonhos com que teceste a vida.

 

Passei por ti vinhas quais crianças,

Passei por ti vinhas quais crianças,

Que ainda mal aprenderam a andar.

Tropeçavas em destroçadas esperanças,

Tropeçavas em destroçadas esperanças,

Consumidas antes de a vida começar.

 

Passei por ti de ti estavas ausente,

Passei por ti de ti estavas ausente,

Na fila à porta que gelou o futuro.

Esperavas com, como a ti, igual gente,

Esperavas com, como a ti, igual gente,

Que se acenda, mesmo frágil, luz no escuro.

 

Passei por ti tinhas desistido,

Passei por ti tinhas desistido,

De lançar no mundo novas sementes.

Não te acomodes no lamento de vencido,

Não te acomodes no lamento de vencido,

Vai unir-te aos irredutíveis resistentes.

    Zé Onofre

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