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Notas à Margem

Notas à Margem

01
Mar24

Comentários - 336

zé onofre

                  336 

 

024/02/13

 

Sobre Almocreva, de Zé LG, 13.02.24 em https://alvitrando.blogs.sapo.pt/

 

Sob um céu azul remendado

Que levemente protege

Um casal no cimo do horizonte,

Tendo por vigia um velho poste,

Sente-se que para além daquela cortina

Há vidas escondidas,

Mas não esquecidas.

 

Vidas

Encostadas ao cajado

Olhando o infinito,

Nas cabeças do seu gado

Que pacientemente mordem

As folhas das ervas quase ressequidas.

 

Vidas de homens antigos

E de mulheres feiticeiras

Que de foicinha em punho

Segam o trigo maduro.

Sob um sol inclemente

Lançam à calmaria

Uma canção dolente,

Dorida,

Marcando o ritmo das mãos calejadas.

 

Vidas leiloadas na praça da Vila

A tanto à jorna.

Quanto mais vidas,

A serem leiloadas,

Menor a jorna se paga

Por vidas quase acabadas.

Uma voz que se levanta,

Um zumbido que atravessa a praça.

Logo de seguida,

Ferraduras em tropel no empedrado,

Tiros disparados sem rumo,

Mas com destino.

Uns resistem,

De uma vida,

Que no chão da praça jaz,

Um rio de sangue nasce

Uns vão para a prisão,

Outros para casa acalentando a fome.

Os assassinos regressam ao quartel

Em paz.

  Zé Onofre

03
Fev24

Comentários - 333

zé onofre

                   333  

024/01/12

 Sobre Fogo-fátuo, Lígia Laginha, 12.01.24 em https://casadodesassossego.blogs.sapo.pt/

O rio correndo bravo, feroz,

Ou espraiando-se mansamente,

Todos sabemos que largará na foz

Tudo o que o tornou diferente.

 

O Nilo, o grande Nilo, que todos nós

Aprendemos a olhar respeitosamente,

Desde que Heródoto lhe deu uma voz,

Dizemos que esteve e estará para sempre.

 

Respeitámo-lo, não pelo longo fio de água

Que desde os fundos de África se inicia,

Para no mar, em lágrimas, deixar sua mágoa.

 

O Nilo faz-se respeitado pela magia,

Pelo esforço gigante com que atua

Para fazer do deserto terra que cria.

 Zé Onofre

21
Dez23

Histórias para aprender a ler e a escrever - Livro III - Dono do Mundo

zé onofre

DONO DO MUNDO 

 

Quico de pé,

Do alto de um penedo,

Olhando o rio,

Gesticulava sem medo,

Declarando naquele segundo,

Quebrando um segredo

Ser dono do Mundo.

DONO DO MUNDO.jpg

Do alto da sua pequenez,

Olha os campos além.

Desafia

Pretendentes desconhecidos,

Com quantas forças tem.

Assegura bem alto

Ser dono único da seara,

Ser esta sua,

Só sua,

E de mais ninguém.

Foi assim,

Nestes preparos,

Que o foram encontrar,

De chapéu na mão.

Ao ouvir e ver

Tamanha ousadia,

Do seu tímido irmão,

Os mais velhos riem

E têm a certeza

Que ali andou garrafão.

  Zé Onofre

21
Nov23

Que viva Spartakus - 43

zé onofre

                     41

 

023/11/23

 

É como um escorpião,

O capitalismo financeiro.

Todo o trabalhador

É um sapo nada matreiro.

 

É como um rio de cifrões,

A economia que de nós se alimenta.

Umas vezes é fio sereno,

Outras vezes é massa violenta,

                        

Provocada pelo escorpião insatisfeito

Que agita com ambição a corrente.

Atira-se, então, às costas do sapo.

Este humilhado leva-o em frente.

 

Quando a corrente acalma

O escorpião, seguro na margem,

Espeta, como é de sua natureza,

O ferrão a quem o levou por bem.

 

O sapo, desmemoriado e crédulo

Entorpecido por veneno e traição,

Na próxima tormenta já esquecido

Carregará de novo o escorpião.

 

Até quando sapo/trabalhador

Continuarás a ser bom menino

E a morrer à picada do escorpião

Como se fosse esse o teu destino?         

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