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Notas à Margem

Notas à Margem

22
Mar25

Das Eras VII

zé onofre

              18

 

025/03/16

 

Diziam num postal «Mantenho o que venho a escrever ao longo dos últimos anos: ignorar e não cuidar da democracia é deixar os extremos (quer de direita, quer de esquerda) crescer, e por conseguinte, as suas perigosas ideologias no que à igualdade, imigração, desinformação e geração de riqueza diz respeito.».
Sobre este parágrafo, para mim o mais importante do artigo, comento o seguinte, que é a minha opinião e não uma verdade absoluta.
Vejamos.
1. «Mantenho o que venho a escrever ao longo dos últimos anos: ignorar e não cuidar da democracia é deixar os extremos[...] crescer.»
Parece-me que se todos os partidos fossem extremistas na defesa dos seus princípios ideológicos não haveria o pantanal onde se movem os políticos que nos têm governado e talvez na Assembleia da República estivessem deputados exigentes com o que pensam ser  o bem público e não com os seus interesses..
2 . «as suas perigosas ideologias» 
Por quê perigosas? Perigosas para quem? Qualquer ideologia é, para quem defende uma outra, é perigosa. É ver como os partidos, ditos não extremistas, - PS, PSD/PPD-CDS/PP - se acusam uns aos outros de perigosos para a economia, para a saúde, para a educação, para a habitação, ... cujas ideias, conforme a linha mal demarcada entre eles, a serem levadas à prática, seriam um desastre para Portugal. Contudo, há quase cinquenta anos que nos governam e por não serem radicais nas suas propostas cá continuamos no lameiro.
3. «e geração de riqueza diz respeito» 
A questão não está na produção da riqueza, que produzida ela é de acordo com os meios humanos, sociais, educacionais e tecnológicos de que dispomos. A questão está em como distribuir a riqueza. 
Há uma passagem da Maria, no livro "Histórias da Maria-dos-olhos-grandes e do Zé Pimpão", escrito pelas crianças Canuto, Jorge e Glória, que diz mais ou menos assim - Olha zé vou semear um jardins para todos. Se não chegar para todos, cada um terá um canteiro, se ainda não forem suficientes, terão uma flor e se as flores forem poucas ao menos todos terão o perfume. - Este é o verdadeiro problema. 
E a democracia só se resolverá, e será democracia, quando a riqueza for distribuída pela razão. Como escrevia António Aleixo - 
"O pão que sobra à riqueza
distribuído pela razão, 
matava a fome à pobreza
e ainda sobrava pão."
Sejamos todos radicais na defesa deste principio e a democracia, democracia, não correrá perigo.
Esta é a minha verdade, não é ."o caminho, a verdade e a vida".

   Zé Onofre

03
Set23

Notas à margem - Dia de hoje 93

zé onofre

               93 – Natal

 

023/09/03

 

Este ano,

O meu desejo de Natal,

É que não haja Natal

Por desnecessário e anacrónico.

 

Porque desde sempre

Apenas o sol iluminava os dias

E que a noite

Apenas conhecia a lua e as estrelas.

 

Porque o solo

Apenas tinha memória

De ser rasgado pelos ferros do arado,

Apenas fora pisado por tratores,

E nunca sentira o peso de botas cardadas,

Nem de máquinas de lagartas.

 

As cidades apenas sabiam

De edifícios que eram lares

E não construções de paredes esventradas.

 

Os verdes e floridos jardins

Tinham apenas a lembrança

Das alegrias, tristezas, brincadeiras e brigas das crianças,

Do arrulhar e arrufos de namorados,

Do silêncio/memória dos reformados.

 

Nos bosques apenas havia vestígios

Do desenvolvimento harmonioso da vida selvagem,

Ao som do vento e da chuva,

Da brancura da neve e das geadas,

Dos temporais e das bonanças,

De homens, mulheres e crianças

Em alegres passeios e piqueniques.

 

Os rios e os lagos desde há muito

Eram o habitat da vida aquática,

A serenidade das suas águas

Apenas eram cortadas por árvores que tombavam,

Pelo remar de pequenos barcos,

Onde felizes humanos

Conversavam e cantavam a vida.

Havia também o registo de corpos,

Mais ou menos elegantes

Que nas suas águas procuravam prazer.

 

Os mares, desde tempos imemoriais,

Apenas eram navegados por cruzeiros,

Navios cargueiros,

Respeitados pelos humanos

Que nunca dele fizeram o seu caixote do lixo,

Quanto mais estrada de máquinas de morte.

 

Os ares, apenas sabiam,

Que eram o lar das nuvens e das aves,

A fonte dos relâmpagos e dos trovões,

Caminho de aviões que os cruzavam

Com intenções de negócios,

Ou como mensageiros de tristezas e alegrias,

Ou apenas destino de descanso e recreio.

Os ares nunca souberam que poderiam ser voados,

Por máquinas furiosas que desovavam,

Inclementes, ovos de morte sobre a superfície.

 

As ruas, praças e avenidas,

Desde tempos antigos

Sentem passos de pessoas,

Sem pressas nem correrias,

Que apenas viviam a vida

Com alegrias, choros, tristezas e gargalhadas,

A olharem o longe sem medo

Que do nada surgisse a morte.

O seu único receio era que um  pássaro passageiro

Largasse sobre elas um dejeto ligeiro.

 

Dos campos, das minas, das fábricas e dos mares

Apenas se fabricava e extraía o necessário.

Não se produzia para o excesso,

Nem para acumular riqueza,

E produzir pobres.

 

Este ano,

O meu desejo de Natal,

É que não haja Natal

Por desnecessário e anacrónico.

   Zé Onofre

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