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Notas à Margem

Notas à Margem

15
Nov24

Comentários - 353

zé onofre

               353 

 

024/10/07

 

Sobre dói?, Di, 07 de Outubro de 2024 em https://1mulher.blogs.sapo.pt/

 

O que mais dói

Não é a dor física.

Essa vem,

Identifica-se,

Cura-se,

Vai.

 

Mais aguda

É a dor interior

Que vem não se sabe de onde

Permanece,

Perturba,

Arrasta-nos

Para as profundezas da vida.

 

Mais esmagadora,

Ainda,

Do que a esta dor

Que a qualquer um pode atingir,

É a dor da Impotência,

Dor pandémica (sem cura, ou vacina)

Que escorre das garras 

Da mentira

Difundida,

Como verdade absoluta da arrogância,

Elevada a suprassumo da Razão,

Da impunidade

Com que se destrói a Vida.

 

Uns argumentam

Com a Religião.

Outros apontam

As diferenças Culturais.

Alguns assumem-na

Como direitos Históricos.

Ainda elaboram

Em defesa da Democracia e da Liberdade.

 

Entretanto sofremos,

Enquanto uns poucos se apoderam

Das Vidas,

Da produção,

Das riquezas

Que acumulam e acumulam e acumulam.

 

Enquanto

Anunciam a altas vozes

Que é para bem dos Povos,

O sangue de milhões de vidas

Escorre-lhes pelos beiços

De Vampiros.

     Zé Onofre

29
Abr24

Das Eras parte V - 35

zé onofre

              35

 

Abril 24 – 6

 

024/4/29

 

A flor que levamos na nossa mão

É cor do sangue que do peito cai.

Cor da bandeia da revolução

Que pela Terra no vento se vai.

  

Cravos vermelhos que tendes a cor,

Que das nossas veias a conservais,

Não sois uma qualquer nascida flor

Sois sangue derramado em cristais.

 

Povo que na mão alto os ergueis,

Mostrai-os com bravura e calor

Para que com alegria lembreis

 

Do mês d’abril o seu dia maior.

E assim as sementes semeeis

Dum futuro que queremos melhor.

   Zé Onofre

07
Mar24

Dia de hoje 99

zé onofre

 

              99

 

024/03/07

 

Me confesso decidido,

Irei votar.

Seria uma traição,

Não votar.

Uma traição ao meu passado,

A quem sonhou liberdade na prisão,

A quem foi morto a tiro na rua,

A quem foi assassinado nos campos,

A quem pôs primeiro a nossa vida,

Dando pelo futuro a sua.

 

Seria dar-me por vencido.

Sei que com o voto nada mudarei,

Porque o futuro apenas se altera com ação.

Foi agindo,

Correndo à frente dos choques,

Para numa esquina pararmos em choque

Com as mãos escorrendo sangue

De outrem atropelado por algum dos choques.

 

Por isso confesso.

Está decidido vou votar.

Não votar,

Seria apagar as passadas

Lá atrás dadas

Renegar os passos, 

Para conquistar a liberdade de votar,

Nas ruas, reclamada.

 

Confesso que vou votar

Sem condicionamentos de apelos inúteis

Que querem comprar consciências,

Que deite às malvas a razão

Que me moveu a lutas difíceis,

E me move para futuros incríveis.

 

Vou votar numa ideologia,

Num programa que aponta um futuro,

Não para um “País”, entidade abstrata,

Mas para Portugueses, entidades concretas.

Não quero saber,

Se o partido em que votarei terá um só voto,

E que esse voto seja só o meu.

 

Vou votar sem condicionamentos,

Sem dar ouvido aos cantos da sereia,

Que apelam a paraísos mil vezes prometidos,

Outros mil rasgados,

De novo colados com cuspo,

Com apelo ao voto útil,

Tornando inútil

O que de mais íntimo

Sentimos.

 

Não quero saber, se A é mau,

E se a escolha de B, é pior,

É lá vem a história da carochinha,

É preciso votar no menos mau.

E onde fica a liberdade?

Onde fica a minha escolha,

Que por acaso não é A nem B?

Como poderemos realmente saber

O que cada Português

Quer para bem dos Portugueses,

E não o que é melhor

Para os patrões de Bruxelas,

Capatazes servis do Mercado?

  Zé Onofre

 

Votarei «útil».

Votarei no partido da minha preferência.

Votarei Branco.

Votarei Nulo.

 

Não me digam

Esse voto é perdido.

Ninguém me diga,

Vem por aqui.

Irei por onde quero,

Porque sei para onde quero ir,

E não é pelo vosso «voto útil».

01
Mar24

Comentários - 336

zé onofre

                  336 

 

024/02/13

 

Sobre Almocreva, de Zé LG, 13.02.24 em https://alvitrando.blogs.sapo.pt/

 

Sob um céu azul remendado

Que levemente protege

Um casal no cimo do horizonte,

Tendo por vigia um velho poste,

Sente-se que para além daquela cortina

Há vidas escondidas,

Mas não esquecidas.

 

Vidas

Encostadas ao cajado

Olhando o infinito,

Nas cabeças do seu gado

Que pacientemente mordem

As folhas das ervas quase ressequidas.

 

Vidas de homens antigos

E de mulheres feiticeiras

Que de foicinha em punho

Segam o trigo maduro.

Sob um sol inclemente

Lançam à calmaria

Uma canção dolente,

Dorida,

Marcando o ritmo das mãos calejadas.

 

Vidas leiloadas na praça da Vila

A tanto à jorna.

Quanto mais vidas,

A serem leiloadas,

Menor a jorna se paga

Por vidas quase acabadas.

Uma voz que se levanta,

Um zumbido que atravessa a praça.

Logo de seguida,

Ferraduras em tropel no empedrado,

Tiros disparados sem rumo,

Mas com destino.

Uns resistem,

De uma vida,

Que no chão da praça jaz,

Um rio de sangue nasce

Uns vão para a prisão,

Outros para casa acalentando a fome.

Os assassinos regressam ao quartel

Em paz.

  Zé Onofre

14
Jan24

Comentários - 330

zé onofre

                   330 

 

023/12/03

 

Sobre “hoje”, Di em  https://1mulher.blogs.sapo.pt/, 023/12/03

 

Poesia sobre azul

Que o vento,

Esse poeta inquieto,

Escreve,

Apaga,

Reescreve,

Explana,

Concentra,

Esfarrapa.

 

Poesia

Do momento que passa

Coerente

Com o momento do vento

Subtil intérprete

Do instante.

 

Com vagar escreve

E apenas levemente modifica

O que ainda agora

Escreveu.

 

Com passos apressados

Inicia

Apaga

Palavras tão escangalhadas

Como os seus pés,

Inquietos corredores.

 

Quando

Num assomo se enfurece

Mistura as palavras dos dicionários,

Faz malabarismos com os alfabetos,

Misturando na sua escrita

Pó e dor,

Sangue que de veias abertas,

Em corrente se escoa,

Que apenas corpos

De olhos vítreos,

Caídos na areia,

Sabem interpretar.

 

E a nós,

que nada entendemos

Sobre o que vemos

Do deserto pintado

A vermelho de sangue,  

Espelhado no céu,

Resta-nos calar a pena

E deixarmos ao vento

Escrever a história.

   Zé Onofre

02
Jan24

Comentários - 327

zé onofre

                  328 

 

023/11/10

 

Sobre E se..., Mafalda Carmona, 10 NOV 23 em  https://cotoviaecompanhia.blogs.sapo.pt/

Uma fotografia

Confunde o meu olhar

E traz-me memórias antigas.

 

Um manto de neve

Cobre um campo semeado de montículos.

 

Penedos semeados ao acaso

Por velhos glaciares.

Montes de escória

De mina abandonada.

Velhos dolmens

Testemunhas do início do divórcio

Entre o Homem e a Natureza.

Esqueletos amontoados,

Abandonados ao tempo

No final de batalhas ferozes

Pela posse de bagatelas

Que ficarão para trás

Depois de todos vencidos.

Sejam vencidos mortos,

Ou vencidos vivos.

Brandissem a bandeira dos bons,

Ou a bandeira dos maus.

Não, são todos maus,

Os bons não fazem guerras,

Conservam a paz.

 

Lá, mais longe,

No fim deste campo de neve,

Rochas vulcânicas.

Terras lavradas

Por arados de morte

Que amassaram o solo

Com sangue

Inutilmente derramado.

 

Talvez nada.

Talvez tudo.

 

Visões

Que o pensamento,

Em turbilhão,

Cria.

   Zé Onofre

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