Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Notas à Margem

Notas à Margem

27
Nov24

De regresso aos tempos das sombras e dos sussurros - 3

zé onofre

              3

 

024/11/26

 

Agora que os salazaristas

Deram à costa, depois

De anos a servirem de lastro,

Nos partidos do "arco do poder";

 

Agora que os salazaristas

Mostram as garras

mosxtrando os criptosalazaristas

Novo-democratas que nos têm governado;

 

Agora que se assumiram

Como autores de novembro,

Algozes dos sonhos de abril,

Tendo ontem assinado a certidão de óbito;

 

 Agora que se mostraram verdadeiros

Inimigos do que em abril se iniciou,

A democracia plena por inteiro,

Que o novembro deles matou;

 

Agora que o Capital deixou de fingir

Que mostra à sociedade e à saciedade

Quem é que o sabe bem servir,

Sem subterfúgios e verdade;

 

Esta é a nossa hora de acordar

De cinquenta anos de sono profundo,

E de mostrarmos a todo o mundo

Que à clandestinidade podemos voltar. 

       Zé Onofre

18
Jun24

Dia de hoje - 105

zé onofre

               104

 

024/06/18

 

Ando por espaços estranhos,

Onde não há Norte, nem Sul,

Onde seres estranhos vagueiam

Por entre sombras e penumbras.

 

Ando por estranhos começos

Como, se de repente,

Nestes lugares remotos

Estivesse a nascer sempre.

 

Parece que flutuo de película em película,

Pessoa criada por argumentistas,

Diretores de cena

Realizadores e editores.

 

Vagueio de filme em filme,

De imagem em imagem,

À procura da fita original,

Sem saber onde a perdi

Ou ela me deixou cair.

        Zé Onofre

07
Mai24

Das Eras - parte VII Regresso às Sombras e Sussurros - 1

zé onofre

                  1

 

024/05/05 (20/04/78)

 

 

Povo,

Acabou o vozear,

Aqui, quem manda sou eu.

Que história é esta de falar alto.

Silêncio!

Já ordenei.

 

Quem se atreve,

Quem gatinha no silêncio da noite?

Que ruídos são estes?

Polícias,

Há sons violentos à luz das estrelas.

Há gritos de revolta,

Que perturbam o meu mundo.

Calem-nos!

Já ordenei.

 

Silêncio!

Aqui, quem fala alto sou eu só.

Nenhuma outra voz se deve levantar.

Nem um só gesto deve ser intentado,

Sem a minha permissão.

Polícias,

Há pessoas na rua

Que reclamam,

Que gritam,

Que choram.

Que nenhuma mãe chore o filho morto.

Morreu, está morto,

Algo fez para ser abatido pelo poder.

Amordacem-nas,

Já ordenei.

 

Saibam.

Eu quero, eu posso e eu mando.

Calai as lamúrias,

Os choros,

Os gritos de revolta,

Os ventos conspirantes

Que atravessam as pradarias,

Os montes e os mares,

Que pelas juntas das paredes,

Pelas frinchas das portas e das janelas,

Pelos telhados vãos,

Incendeia a revolução.

Silenciem-no

Sou eu que ordeno.

 

Que cantos são estes?

Que pés marcham contra mim?

Quem desafia a minha autoridade?

Mando na voz do vento,

No som do mar,

Capturei a voz das pessoas

– Homens, mulheres, crianças –

O canto das aves,

O rugido das feras.

O ribombar dos trovões,  

Qualquer som foi por mim capturado.

Que nenhum som se escape,

Ordeno eu.

 

Aprisionei a vida.

Contudo,

Ouço fortes sussurros,

Que correm pelos subterrâneos do medo,

E perturbam o meu sono.

Polícia,

Quem se vê?

Quem se ouve?

Quem rasteja?

Quem produz este som rouco

Que se eleva das profundezas da terra?

Que sombras são estas,

Que deslizam pela noite?

Que luz é esta que me cega?

Que rec-rec é este que corrói o meu trono?

Quem se ri de raiva,

E chacota do meu mando?

Quem derruba as grades,

As portas e as janelas,

As paredes sólidas,

Dos meus cárceres?

Quem cortou as peias do medo,

Da miséria e da guerra,

Com vozes que cantam

A paz e o pão,

A saúde e a habitação,

A cultura e a educação?

Polícias,

Sustenham essa ameaça

Que esperam para cumprir o que ordeno?

 

Quem abre os meus celeiros?

Quem rebenta com os meus canhões?

Quem cala as minhas metralhadoras?

Quem derruba as minhas fábricas de morte?

Quem arromba os meus cofres?

Quem ousa dar pão,

Quem se atreva a fazer a paz,

E a distribuir o meu ouro ensanguentado?

Polícias,

Encarcerem todos,

Todos são culpados,

Sou eu que o decreto.

 

Onde estão as gentes

Que ruidosamente me aplaudiam,

Com acenos de cabeça,

Palmas e vivas?

Para onde foi o medo

Que, mais do que os polícias

As armas e as prisões,

Submetia o povo?

Quem levanta a bandeira vermelha

Da liberdade e da igualdade,

No reino do medo

E da opressão,

Quem?

 

Portugal, senhor.

     Zé Onofre

24
Fev24

Que viva Spartakus 44

zé onofre

 

                 44 - Resistência de novo

 

024/02/23

 

Companheiro, atenção a estes sons negros

Que zumbem sobre as nossas cabeças.

Companheiros, este som é o alerta

Para que o Capital ouça a nossa voz.

 

Saiam das fábricas, deixem os campos,

As secretarias, os supermercados,

Tirem as areias com que vos cegam,

Libertai-vos dos exploradores e seus sicários.

 

Companheiros, agora é o tempo da ação,

De minar o inimigo com tudo que tivermos.

É agora o momento certo para combater,

Antes que assuma a forma de fascismo.

 

Somente nós, destruiremos as barras

Desta prisão, em que iludidos estamos

Como se em liberdade vivêssemos,

Onde o insaciável Imperialismo nos quer.

 

Chegou a hora de cortar com a mentira

Deste falso paraíso que nos envenena.

E unidos iremos até à vitória final,

Ou acabaremos como anhos no matadouro.

 

Companheiros se for necessário regressar

Ao tempo dos sussurros e das sombras,

Então regressemos. Um dia voltaremos

Para fazermos a nossa hora acontecer.

 

Companheiros, não tenhamos medo

De marchar com força e determinação.

Honremos Spartacus, e todos quantos

Lutaram contra os Senhores do Mundo.

 

Companheiro, atenção a estes sons negros

Que zumbem sobre as nossas cabeças.

Companheiros, este som é o alarme

Para que o capital ouça a nossa voz

  Zé Onofre

Mais sobre mim

foto do autor

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Arquivo

  1. 2025
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2024
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2023
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
Em destaque no SAPO Blogs
pub