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Notas à Margem

Notas à Margem

08
Mar24

Dia de hoje - 100

zé onofre

                     100

 

024/03/07

 

Dizem-me

Não votes AD,

Queres voltar aos cortes de salários,

Ou de reformas?

Não votes no Chega,

Ou na IL,

Queres voltar rapidamente

À vida Caritativa

Do tempo do Estado Novo?

Não votes em aventureirismo,

Que só trará confusão

E instabilidade.

 

Votar em quem, então?

Na costumada alternância

Que diz que faz, mas não faz?

Primeiro

Não pode desobedecer aos seus patrões de Bruxelas,

Servis lacaios do sr. D. Mercado.

Segundo

Não pode desagradar a quem lhe paga

As faturas à espera de favores.

Terceiro porque ele quer ser o bom capataz,

Que não usa o tronco

Apenas utiliza a ameaça do aventureirismo

Causa de instabilidade,

Do capitalismo a que serve.

 

Bem-ditos Fidalgos de Entre Douro e Minho

Que sonharam um futuro outro

Para o Condado Portucalense.

Bem-dito Fernão Vasques, alfaiate,

Que à frente do Povo de Lisboa,

Iniciou a luta contra as loucuras do Formoso

Que punha em risco Portugal.

 

Bem-dita Ínclita Geração

Que sonhou caminhos

Onde outros apenas viam Adamastores.

Bem-ditos Conspiradores de 1640

Que acreditaram que se podia correr com os Filipes.

 

Bem-dito Sinédrio Portuense que acreditou

Que era possível livrarmo-nos

Dos "nossos cínicos aliados Ingleses";  

Em libertar os campos improdutivos,

Para prazer de uns caquéticos senhores,

Paras serem terras de pão.

 

Bem-ditos republicanos que acreditaram

Numa sociedade sem famílias privilegiadas.

Bem-ditos resistentes antissalazaristas

Que apesar das prisões, das torturas e das mortes,

Acharam ser possível acabar com o regime odioso.

 

Bem-ditos Militares do MFA que acreditaram

Ser real acabar com o anacrónico colonialismo.

Bem-ditos os Militares do MFA

Que viram além da exploração capitalista,

E que os Velhos do Restelo

Traíram miseravelmente

O sonho.

Maldita, a maioria de nós

Acomodada a este sistema exploratório,

Acabrunhada e medrosa

De viver um futuro diferente.

Votem então,

Nessa alternância,

Os medrosos que receiam sair deste pântano,

A vida nesta sociedade de enganos.

 

Os que não têm medo de "aventureirismos"

Votarão em partidos que enxergam

Para além das Berlengas,

E não se deixam prender à "Torre de Belém",

Como os que têm saudades do passado,

Ou como aqueles que temem o futuro.

   Zé Onofre

07
Mar24

Dia de hoje 99

zé onofre

 

              99

 

024/03/07

 

Me confesso decidido,

Irei votar.

Seria uma traição,

Não votar.

Uma traição ao meu passado,

A quem sonhou liberdade na prisão,

A quem foi morto a tiro na rua,

A quem foi assassinado nos campos,

A quem pôs primeiro a nossa vida,

Dando pelo futuro a sua.

 

Seria dar-me por vencido.

Sei que com o voto nada mudarei,

Porque o futuro apenas se altera com ação.

Foi agindo,

Correndo à frente dos choques,

Para numa esquina pararmos em choque

Com as mãos escorrendo sangue

De outrem atropelado por algum dos choques.

 

Por isso confesso.

Está decidido vou votar.

Não votar,

Seria apagar as passadas

Lá atrás dadas

Renegar os passos, 

Para conquistar a liberdade de votar,

Nas ruas, reclamada.

 

Confesso que vou votar

Sem condicionamentos de apelos inúteis

Que querem comprar consciências,

Que deite às malvas a razão

Que me moveu a lutas difíceis,

E me move para futuros incríveis.

 

Vou votar numa ideologia,

Num programa que aponta um futuro,

Não para um “País”, entidade abstrata,

Mas para Portugueses, entidades concretas.

Não quero saber,

Se o partido em que votarei terá um só voto,

E que esse voto seja só o meu.

 

Vou votar sem condicionamentos,

Sem dar ouvido aos cantos da sereia,

Que apelam a paraísos mil vezes prometidos,

Outros mil rasgados,

De novo colados com cuspo,

Com apelo ao voto útil,

Tornando inútil

O que de mais íntimo

Sentimos.

 

Não quero saber, se A é mau,

E se a escolha de B, é pior,

É lá vem a história da carochinha,

É preciso votar no menos mau.

E onde fica a liberdade?

Onde fica a minha escolha,

Que por acaso não é A nem B?

Como poderemos realmente saber

O que cada Português

Quer para bem dos Portugueses,

E não o que é melhor

Para os patrões de Bruxelas,

Capatazes servis do Mercado?

  Zé Onofre

 

Votarei «útil».

Votarei no partido da minha preferência.

Votarei Branco.

Votarei Nulo.

 

Não me digam

Esse voto é perdido.

Ninguém me diga,

Vem por aqui.

Irei por onde quero,

Porque sei para onde quero ir,

E não é pelo vosso «voto útil».

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